quinta-feira, 28 de setembro de 2023

XIIII. Diabolus - Diabolos - Diabo (14,15)

Motto: Materia semper appetit formam (Matéria sempre deseja forma)

Divindades: Pã, Hefesto, Vulcanus, Hypneros

Dados: 3+5 = Tempo + 5.Pai/III.Juntando-se/Geração (Água)

            5+4 = Tempo + 4.Autoridade/Materialização/Nascimento (Fogo);

Astragali: 6+6+6 = Tempo + IV. Autoridade/Materialização/Nascimento.

Letra Grega: Xi. Xulos = lombar, lenha, feixe. Xaino = pentear, carta, batida, lixo. Xanthizo = escurecer através de fritura ou assar.

Trigrama: ::I Nome: Ken = Manter firme. Imagem: Montanha. A Terceira Filha, associada com parada, se refere a permanecer, evitando a expansão, um sinal que trás perfeição. Sudoeste do Paraíso Anterior.


Descrição: 

   Representa a manifestação da matéria, incluindo o sexo como meio natural de geração, metabolismo como meio de crescimento, fogo como modo de criação, tecnologia, arte e artesanato - A Grande Obra alquímica. O Diabo é humano, besta e deus, ou seja, é a Natureza, e há muito mais beleza e poder em nossos instintos, apetites e impulsos no mundo material. Porém, a Natureza, como componente da psique, é majoritariamente inconsciente, e opera por trás de nossas costas. Por isso, assume a parte da sombra de nossas personalidade, fazendo-se visíveis através de nossas projeções nos outros.

   Personifica tudo que o sujeito se recusa a perceber. Assim, devemos nos confrontar com essas partes de nosso Self. Para sermos completos devemos aceitar todas as partes de nossa psique. A sombra em sua essência não é boa nem má, é o Daimon, uma força da natureza, que é anterior a moralidade. Todo deus no Paganismo duas faces, uma boa e outra má, o lado da luz e das trevas.

     O Diabo como o deus Pan é simultaneamente humano, besta e deus. É o poder universal de geração e criatividade. Está além da racionalidade, é o alogos, assim é, imprevisível, sem lei, irracional. Sua aparição causa Pânico, causa confusão. Os chifres são símbolos da força da vida. Na Suméria são sinais de divindade, aparecendo nos deuses Anu, Adad, Ashur e Bel.

    O Diabo é associado a figura de Hefesto, o Ferreiro Divino, mestre do fogo, sendo tanto espiritual quanto físico, ele controla o calor externo, agente primário da transformação de metais, quanto o interno (Tappas da Ioga). É o grande agente da transformação de metais,  mestre em alquimia, magia e metalúrgica. Ele fez o palácios, armaduras e joias. Ligados a posição material e matérias em geral. Seu martelo é um símbolo de poder. Representa tanto a destruição, quanto a construção.

    Hefesto (14.Diabolos) e Athena (20.Justiça) são figuras complementares - São Patronos do Artesanato (Tekhne). Segundo Platão, os dois deuses têm a mesma natureza. Hefesto é o ferreiro que cria e Atenas é guerreira que preserva. 

    Por ter sido expulso do Olimpo, Hefesto é relacionado com Lúcifer, também com Prometheus. (XIV) O Diabo por ser chefe dos demônios origina o Pandaemonium, causando caos, pânico e desorientação, também relacionado ao deus Pan. Embora também é o mensageiro do paraíso, e anuncia um crescimento iluminação nas próximas cartas.

    As duas figuras pensam que são livres, mas estão acorrentadas e são vítimas de sua própria ignorância. A figura masculina está ligada ao Ouro; a mente consciente, enquanto a feminina está ligada a prata; mente inconsciente. Se conseguissem perceber as correntes que as prendem, poderiam se libertar. 

   As pernas com características animais demonstram sua natureza animal, sendo essa natureza que as move. Seres subterrâneos geralmente apresentam pernas deformadas ou estranhas de alguma forma. Espíritos folclóricos como gnomos, trolls, koboldos, geralmente são ferreiros e lembram Hefesto ou filhos de Hefesto.

   O Diabo é o Segundo Pentáculo, é o senhor da matéria e materialidade simbolizado pelo Pentáculo e o elemento terra. A carta representa a matéria e a sombra, ambos devem ser confrontados antes de alcançar a totalidade.

   Os braços presentes na carta representam o Solve et Coagula, que é a separação e união no plano físico. É o senhor do aspecto físico da união dos sexos. O Diabo é bissexual em relação a união entre masculino e feminino.

   Segundo Jung, o resultado do Coagulatio é o mal, denso e Saturnino. Coagulatio é a confrontação com a Sombra, é o Nigredo alquímico. A confrontação com a Sombra é necessário para quebrar a unificação com o inconsciente da nossa psique para então criar uma união consciente. Devemos nos conscientizar de nossas imperfeições.

  A carta (XIV) O Diabo tem atributos de Saturno: Limitação, confinamento em limites, inércia e escravidão. O Diabo se preocupa basicamente com a auto-preservação, por isso impede o processo alquímico. 

  Já que (XIV) O Diabo é a sombra (individual ou coletiva), simboliza a escravidão de estar preso a algum aspecto da psique: pela persona, leva a inflação, pela anima, levando a um comportamento temperamental e instável, pelo animus, levando a um comportamento agressivo e rígido, ou por um determinado complexo, levando a um comportamento inconsciente. Em todos esses casos estamos "possuídos" pelo demônio quando estamos dominados por uma perspectiva unitária da psique, necessitando assim de equilíbrio. 

  Segundo Jung, Saturno vem da mais profunda escuridão para anunciar o retorno do Sol. 

   No mito cristão, o Diabo é o Grande Tentador. A serpente do Jardim do Eden, tenta Eva a comer o fruto da Arvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Assim, a serpente (como símbolo de sabedoria) nos tenta a nos elevar dos instintos animais para a consciência do bem e do mal. Da mesma forma, Hefesto nos tenta com objetos materiais, tais como joias e utensílios. Já Pan nos tenta com sua sexualidade. Todas são tentações materiais, que também pode ser um caminho de iluminação espiritual. 

   A figura do Pan é fascinante, deveríamos então entender que estamos fascinados pelo encantamento do Diabo, para sermos capazes de nos libertar.

   Nas astrologia é associado a Capricórnio, que é ligado a Terra; A Matéria; Saturno.

   Jung explica que O Diabo, quando combinado com a Trindade, completa a Sagrada Quaternidade: o Pai é a fonte, que divide entre Filho (bem) e o Diabo (mal).



quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Reflexões diante de uma nova fase

 Agora me veio algo importante, finalmente consegui parar para refletir sobre minha atual situação. Consegui ter paciência e clareza para isso. Observei aquelas coisas que estão me atrapalhando e revisitei a realidade anterior. 

  Não consigo julgar meu eu passado pois estava buscando minha felicidade, queria me ver melhor, com auto-estima, não consigo desprezar isso.  Agora, existe um outro panorama, que ainda não sei como integrá-la. Posso pensar que é algo produzido pela minha própria psique, alguma força irresistível que me arrasta para essa nova dinâmica. Existia uma dada realidade, um formato em que eu estava incluído. Eu acredito que estava feliz nesse formato, talvez minha maior queixa era minha relação com os outros. Agora o problema está em mim.

  Nessa reflexão, ponderei meu trajeto, tentando olhar de uma forma menos julgadora e mais compreensiva. Existiam duas tendências que eu estava seguindo que se complementavam entre si. Essas duas talvez seriam perspectivas que me protegiam de outros conteúdos. Agora me senti exposto por esses conteúdos. Talvez não volto mais a mim mesmo para garantir aquilo que me apraz e me contempla. Existe um mundo de coisas que estavam alheios a isso. De repente, tudo que tinha ignorado e evitado veio a tona e não posso mais evitar.

   O problema disso é uma mudança muito profunda no como eu encaro as coisas em minha vida, minha personalidade, meus gostos, etc. De repente o conforto que eu buscava em minhas ideias e conceitos não parece ser mais um lugar onde posso recorrer, agora a realidade do mundo se impõe. Sem nenhum tipo de verniz.

  Me pergunto, se afinal, eu estava no direito de buscar essas coisas, se essa concepção que eu tinha sobre mim mesmo e minhas atividades eram um ponto válido para aquilo que eu estava vivenciando. Muitas vezes minha mente tenta desqualificar tudo isso, sempre estando apta a ver os erros em tudo que fiz. Por enquanto não vejo outra forma de enxergar tais coisas. Há uma grande tendência de apontar meus erros e falhas, ignorando os pontos positivos. Em minha reflexão, busquei encontrar sentido em tudo isso, porém, parece que só eu posso sustentar esse ponto de vista, que na verdade isso tudo é uma ilusão e eu tenho que me voltar para o que é de fato a realidade.

   Gostaria de enxergar um elo entre esse atual momento e o anterior. Pensei, por um lado, que não seria possível uma total volta ao que era, mas ao mesmo tempo, essa nova realidade me parece impraticável. Me vejo nesse ponto de tensão entre o que era e o que é. Entendo que eu talvez já construí algo nessa fase anterior e agora preciso construir algo novo. Porém, a minha questão é o sentido, se posso de fato encontrar sentido nessa nova forma. Como se eu não conseguisse de fato confiar nos processos da vida ou mim mesmo. 

   Eu consigo enxergar talvez um padrão nisso tudo. Enquanto estava na crise não conseguia enxergar uma forma de entende-la. Comecei tendo episódios de ansiedade. Depois essas coisas começaram a tomar outra forma. Busquei muitas vezes tentar refletir sobre isso, mas não logrei. Só agora consegui parar para refletir um pouco e botar as coisas em perspectiva. Talvez esse seja o padrão. Gostaria de confiar um pouco mais no processo, talvez ele tenha algo a me dizer.

   Me pergunto, se afinal, eu estava no direito de buscar essas coisas, se essa concepção que eu tinha sobre mim mesmo e minhas atividades eram um ponto válido para aquilo que eu estava vivenciando. Muitas vezes minha mente tenta desqualificar tudo isso, sempre estando apta a ver os erros em tudo que fiz. Por enquanto não vejo outra forma de enxergar tais coisas. Há uma grande tendência de apontar meus erros e falhas, ignorando os pontos positivos. Em minha reflexão, busquei encontrar sentido em tudo isso, porém, parece que só eu posso sustentar esse ponto de vista, que na verdade isso tudo é uma ilusão e eu tenho que me voltar para o que é de fato a realidade.

    Gostaria de enxergar um elo entre esse atual momento e o anterior. Pensei, por um lado, que não seria possível uma total volta ao que era, mas ao mesmo tempo, essa nova realidade me parece impraticável. Me vejo nesse ponto de tensão entre o que era e o que é. Entendo que eu talvez já construí algo nessa fase anterior e agora preciso construir algo novo. Porém, a minha questão é o sentido, se posso de fato encontrar sentido nessa nova forma. Como se eu não conseguisse de fato confiar nos processos da vida ou mim mesmo. 

  Eu consigo enxergar talvez um padrão nisso tudo. Enquanto estava na crise não conseguia enxergar uma forma de entende-la. Comecei tendo episódios de ansiedade. Depois essas coisas começaram a tomar outra forma. Busquei muitas vezes tentar refletir sobre isso, mas não logrei. Só agora consegui parar para refletir um pouco e botar as coisas em perspectiva. Talvez esse seja o padrão. Gostaria de confiar um pouco mais no processo, talvez ele tenha algo a me dizer.

  Talvez a dor que estou carregando tenha um sentido, talvez não seja um mero castigo dos céus. Espero encontrar formas de lidar com isso. Tudo que estou almejando agora é entender, ainda não sei como confiar nos desígnios da vida para me trazer essa resposta, pois a própria vida me fez acreditar que estava me iludindo. Entretanto, não consigo ver essa atual realidade como algo fortuito, acredito que há um propósito por trás de tudo isso.

Reflexões sobre "Cuidando do Cuidador"

      Esse fim-de-semana houve um evento do meu curso chamado "Cuidando do Cuidador". Fiquei um pouco reticente sobre isso, eu ter...