quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Entrevista para genograma de minha família

             Ontem, fiz uma entrevista com minha prima para fazer meu genograma. Deveria ter feito isso já um tempo, mas acredito que foi propicio fazer agora. Semana passada tínhamos marcado para fazer, mas ela teve uma urgência, então ficou para ontem.

                Gostaria de refletir um pouco sobre isso, o que está em volta dessas questões do genograma. Eu percebo que tenho uma certa resistência com essa ferramenta, muito pelo fato de que ela trata de questões do passado. Eu como gestalt-terapeuta foco muito mais no presente no que no passado. Penso se isso seria um sintoma ou se seria apenas a minha forma de ver as coisas. Porém, na própria terapia e vida pessoal, vejo a força das relações familiares passadas no tempo presente, como muito do meu comportamento é influenciado por isso tudo.

               Na própria prática clínica, vejo a inclusão de outras perspectivas. Me senti muitas vezes pressionado a focar nas histórias, nos detalhes que emergem quando uma pessoa conta sobre si mesma. Há algo em mim que não consegue entrar em contato muito bem com essas questões. Aos poucos senti que teria que mudar esse comportamento. Venho lendo sobre a Terapia de Narrativas, li agora um artigo sobre Hermenêutica e como ela relaciona com a ideia de narrativa. Então, estou aos poucos me afeiçoando com a ideia de ouvir mais histórias, de incluir isso na minha escuta.

                 Tudo esta entrelaçado na minha própria forma de enxergar as coisas. Estou num momento que entendo melhor sobre mim, junto a isso tento reagir a uma série de coisas. Vi uma resposta, uma reação a essa minha atitude. Tive que me impor de alguma forma. Isso vai acontecendo, e muitas vezes enxergo que não consigo compreender tudo. A própria ideia de compreensão implica a incompreensão de uma série de outras coisas. O passado se dá em forma de esquecimento, e não como recordar. Então entendo a incapacidade de realmente entender algo, sempre haverá algo que se oculta, que não se mostra de fato. 

                     Para Bowen somos afetados de forma mais profunda pela nossa história familiar do que gostaríamos de confessar. Para ele, existe uma escala que explica o quão somos de fato diferenciados ou indiferenciados. Tenho certas críticas a essa concepção, mas entendo que muitas vezes minha atitude de reação aos outros não me ajudou muito. Até agora tenho esse tipo de comportamento, mas não é algo que tento corrigir, mas aprender com ele. Cada vez mais consigo crescer, me expressar mais livremente, ser mais congruente. Porém, vejo que existe uma transmissão de afetos durante as gerações, não sei ao certo até que ponto isso acontece comigo.

                       Começamos a entrevista. Ela falou sobre meus avôs, Dóris e Caio. Ela colocou a diferença de personalidade dos dois, ela era mais fechada e fria, ele no caso era mais expansivo. Ela descreve Caio como uma pessoa muito inteligente, porém muito ansiosa. Era uma pessoa muito difícil de lidar também. De alguma forma consegui me enxergar nele. Era uma dúvida que tive recentemente, a partir das conversar que tive com Dani, se a minha necessidade por aprofundamento e reflexão vieram da família. Aparentemente sim. Vejo que a frieza que percebo em minha família talvez venha muito da minha avó. Interessante pensar que eles dois pareciam ser o extremo disso, acredito que acabou se diluindo na família. Existe um certo padrão de frieza na família, porém, sempre disfarçada de bom humor. Coisa que sempre tive ojeriza.

                  Ela falou também sobre os pais de Caio. A mãe tinha bastante dinheiro, porém sua herança foi passada para o tio que perdeu tudo com vício em jogos. Daí a família passou a ter uma condição mais humilde. Gostaria de entender mais isso, talvez seja importante.

                   Ela comentou também do caso de minha tia Lídia, que teve um filho sem ter casado. A pessoa quem ela namorava tinha deixado ela grávida. Isso certamente foi um choque para o meu avô, já que ele era bastante conservador e católico. Outro ponto que ela comentou foi minha tia Denise que tivera dois abortos espontâneos. Maitê (sua mãe) teve que antecipar um casamento por ter engravidado. Ela comentou também de um relacionamento de meu pai anterior, onde sua namorada tinha abortado irmãos gêmeos, essa história já tinha conhecimento.


 

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