Esse último final de semana fui para Gravatá. Fui com minha namorada, Ilana, meu amigo Daniel e sua namorada, Camila. Foi um grande acontecimento para mim, talvez algo realmente marcou. Talvez foi o momento que eu realmente senti livre de uma série de condicionamentos, que eu realmente me senti a vontade. Acredito houveram uma série de condições para isso.
Estou numa fase muito intensa. Cheguei a muitas conclusões sobre vida, sobre minhas leituras e sobre meu trabalho. Isso tudo coincidiu nesse momento, até me faz pensar se tudo isso aconteceu de forma fortuita. Mas isso gera um novo tipo de ansiedade. Não sinto que estou num momento ruim, muito pelo contrário, porém existe um sentimento de não entender completamente tudo que está acontecendo, não sei até se preciso tentar entender.
Acredito que antes da viagem estava muito restrito ao meu intelectual. Houve momentos de compreensão, de awareness, do meu corpo, da minha experiência fora do controle mental. Porém, ainda sinto que existia algum tipo de "restrição". Acho que a viagem me ajudou a me liberar dessas restrições, fui mais espontâneo, mais alegre. De fato essa alegria também gerou outros desconfortos. Percebi clara as minhas interrupções, as formas em que constringem meu existir.
Estou consciente disso tudo, sei que isso talvez não seja o ideal, porém talvez seja o começo. Estou tentando sustentar esses conflitos. Sei que sou incapaz de tentar voltar ao estado anterior de segurança. Certamente essa segurança não estava sendo eficiente. Estou agora experimentando um jeito novo, uma forma mais libertária, mais "agressiva". Nisso aparecem outras experiências, outros apetites, outros desejos.
Certamente estou nessa deriva. Acredito que devo permanecer assim, para talvez então chegue a algum tipo de síntese disso tudo. Talvez isso seja uma versão nietzchiana de mim mesmo, que não deve temer os extremos, as paixões. Com certeza existe o medo, a confusão, a ansiedade nisso tudo. Muitas vezes me pergunto se estou indo longe demais, se estou me expondo em demasiado. Mas também vejo que isso sempre esteve aí, essa intensidade, essa vontade de conhecer, de entender que existência é essa.
Tenho ideias para projetos. Estou refletindo muito sobre isso tudo, sobre a realidade em que existimos. Porém, tudo isso ainda tem que ser contido, não é possível soltar isso pro mundo ainda. Tenho que deixar que isso assuma seu lugar de poder e gere mais coisas, germine novos mundos. Talvez seja agora o momento para conquistar, obter resultados. Talvez seja o chamado para a minha individuação. Será que consigo me permitir ser levado pelos deuses? Posso permitir ser tomado pelo destino?
Tudo isso e apenas resta esse agora. Olho para a paisagem pela janela. Ali se encontra o universo, o mundo. O que essa paisagem me diz? Há uma beleza ameaçadora, algo que me invade e gera uma certa melancolia (ou angústia). Quero permitir que isso aconteça também em mim, que eu não seja capturado pelos discursos, pelas violências, pelas formas que me enclausuram e me bloqueiam. Quero permitir que a poesia desse momento esteja presente, pois é aí que encontro a minha revolução.