quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Reflexões sobre o atual momento

      Pretendo fazer um post mais livre, não tenho algo específico para elaborar. A questão que quero escrever agora é justamente sobre aquilo que é pertinente ser focado e aquilo que não. Essa reflexão se situa a partir de minha última sessão de terapia, que ocorre na terça-feira. Saí da sessão com essa reflexão, da quantidade de coisas que estou me ocupando, como isso dividi minha atenção e energia, sobretudo como isso causa uma necessidade de dar conta de todos esses assuntos, de dominá-los com perfeição.

     Todos os temas que estava destinado a me ocupar, estudar e aplicar faziam parte de um todo, de um propósito. A simplificação de minha rotina me levaria talvez uma limitação de minha auto-imagem, do que acredito ser necessário elaborar para ser alguém que saiba levar a luz algo novo, ou talvez, algo que tenha um valor, algo que possa trazer luz a humanidade.

     O meu objetivo dos Cadernos está alinhado a isso, vejo um importante espaço aqui. Porém vejo que existe uma barreira para alguns dos meus planos. Minha relação com espiritualidade está um pouco abalada. Meus interesses que já tenho há tempos em relação ao mundo espiritual, mais especificamente com o esoterismo estão cada vez mais escassos, não sei ao certo se consigo permanecer estudando e praticando. Também vejo essa falta de energia e interesse diante de meu estudo com o Esperanto. Busco todo dia manter meus estudos, porém cada vez mais vejo o vazio de sentido no investimento em tal língua.

    Quando digo que existe um propósito em todos esses estudos digo isso por ser um conjunto de leituras que me permitem investir no mundo, de encontrar soluções para problemas da sociedade tanto quanto problemas pessoais. Me permitem acessar novos pensamentos, formas de se relacionar com o mundo. Vejo que a partir desse ano as coisas se tornaram cada vez mais caóticas, exigindo um reconfiguração da construção social do globo, com isso uma necessidade de uma novo comportamento diante do conhecimento, diante do comportamento social.

     Agora me volto para o oposto, justamente a limitação da realidade, a vida não pode ser vivido apenas de fantasia, apenas através da imaginação. Daí a realidade determina o que é possível o que não é, castrando, frustrando. Mas sem a imaginação onde pode se inserir? Onde pode-se criar algo, acreditar em algo sem a imaginação? Sem a produção criativa, sem a produção de sentido.

      Existe uma terceira instância, uma instância que tenho dificuldade de acessar ultimamente. A instância da sensibilidade, dos sentimentos, da energia da libido, a pulsão de vida. Essa é parte mais selvagem, mais indomável; quer dizer, talvez a tentativa de domá-la pode tornar esse aspecto cada vez mais violento, destrutivo. No processo desse ano precisei sufocar um pouco tal aspecto de minha personalidade, para não cair no desespero, me render aos pesadelos criados por minha consciência. Precisei de uma dose de controle, de objetivismo, que agora assume outra aparência. Em consequência disso minha respiração está travada, minhas costas e ombros tensos, também grande tensão no maxilar. Sinto constantemente raiva, insegurança, medo, pensamento acelerado. Muitas vezes pouca energia para realizar coisas, preguiça. A vida se tornou mecânica, com pouca espontaneidade, sensação constante de não estar vivendo. 

     Uma fase anterior a essa achava que existia uma oposição entre buscar obter uma identidade, se acercar de leituras, que confirmem quem eu sou e o sentido da minha existência, outra que não obedece uma identidade, que não se limita a rótulos, que não se define, é o que é, sem se apegar a uma estrutura de personalidade. Agora nesse momento, esse conflito toma uma outra forma. Talvez existe um limite para cada extremo. Talvez exista um caminho do meio, mais sofisticado, que se adeque as necessidades do indivíduo, permitir ser vários, entre o conhecido e o desconhecido. 

    Existem dúvidas, existem imprecisões, que gostaria de corrigi-las. Mas provavelmente não é momento para isso. Está acabando o ano, esse ciclo deve terminar, para outro seguir. Será que estou maluco por controle? Nesse ano obtive resultados, cheguei a algum lugar, meu medo é que 2021 seja uma cópia desse ano, que se torne a mesma coisa, que eu repita as mesmas coisas, que eu não caminhar, ter algum ganho significativo.

     

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