Esse texto foi escrito como um rascunho para o estágio em Arteterapia, é uma reflexão em relação como construímos os conceitos de maduro e infantil e também. Comentário do cap.V de Gestalt-Terapia
A formação das pessoas se dá através de uma série de interações sociais, familiares, educacionais, etc. O alicerce para essas interações giram em torno de valores provenientes da cultura. Constrói assim uma forma de comportamento social que se replica no comportamento pessoal de cada um.
A sociedade com suas regras, limitações, funções autoritárias ditam como os sujeitos devem se comportar. Nossa sociedade é fruto de uma civilização que criou dogmas, formas rígidas de se relacionar, onde dificilmente há a possibilidade de algo espontâneo emergir. A geração posterior se caracterizou pela superação dessas regras rígidas que impunham de maneira muito explícita, agora esses meios de poder se dão num nível muito mais sutil.
Isso se revela através de uma sociedade insatisfeita, com poucas conexões, massacrada pelos deveres da vida cotidiana. Os indivíduos crescem com as demandas sociais, muitas vezes frustrados, não podendo satisfazer seus desejos. A incapacidade de satisfação dos desejos e um ajustamento insatisfatório geram neurose.
A neurose se caracteriza pela incapacidade de resolver um problema presente na relação organismo-mundo. É uma forma inadequada de lidar com as demandas atuais, é uma resposta originada do passado que não se atualiza, não cria um ajustamento criativo. Então, por não estar ligada à vivência presente e concreta, ela retorna como abstração, como fantasia, sendo inepta para a interpretação do mundo. A neurose nada mais seria como uma manifestação social, ela teria sentido se vivêssemos numa sociedade sadia. Também deve-se pensar a neurose como uma tentativa original de responder os conflitos presentes no meio, por isso não deve ser suprimida.
O pensamento comum diante do comportamento neurótico é entendê-lo como um sujeito “imaturo” e “infantil”. Para a Gestalt-Terapia, essa é uma compreensão errônea. A tendência do sujeito é se adaptar a um comportamento dito adulto, que é imaturo. A infância deve ser vista como uma figura livre e criativa, que obedece a espontaneidade de seu organismo. A frustração da infância leva a um adulto frustrado. Essa separação entre infância e adulto faz com que vivamos numa sociedade sem nenhuma capacidade de criar, de ter algum tipo de entusiasmo.
A figura do adulto maduro é um resultado de uma série de introjeções sociais, é a imagem de um ser responsável. Isso é a consequência de uma sociedade neurótica, que busca a adaptação selvagem de cada ser pertencente a ela. Assim, suprime o prazer para dar conta da realidade. Porém, não há a possibilidade de viver a realidade presente, mas a tentativa constante de retomar um passado e prever o futuro. A capacidade criativa de reformular a realidade não existe mais. O costume da brincadeira presente na infância se perde no adulto, apenas presente no trabalho do artista.
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