Hoje fiquei um pouco na dúvida do que gostaria de escrever aqui. Já faz um ano e meio que posto aqui praticamente toda semana e sinto que algo mudou. Talvez seja o começo de ano, talvez seja o fato de que já faz um ano e meio e estou perdendo a inspiração. Desde desse momento do final de ano que tenho dificuldade de me concentrar em aspectos simbólicos, talvez esse seja o assunto que gostaria de comentar aqui.
De modo geral consigo sim simbolizar esse momento, porém estou mais vinculado ao aspecto experiencial do que estou vivendo do que numa reflexão profunda. Uma energia nova está aparecendo, porém não sei ao certo se é uma energia construtiva ou destrutiva. Arriscaria dizer que seria os dois. Não me sinto diretamente responsável por tudo que está acontecendo em minha vida, não acredito que seja o autor disso tudo, há algo mais. Porém, sempre se apresenta como um mistério, que tenho que sustentar e manter a paciência diante do desconhecido.
A última sessão que tive de terapia foi sobre isso: abrir mão do controle. Será essa resposta para todos os problemas? Tento de alguma forma ou de outra prever os acontecimentos futuros. Porém, sempre tento voltar a sabedoria de que isso não está sobre meu controle e então tentarei fazer aquilo que está ao meu alcance agora.
Há uma energia que me leva a querer as coisas a desejar, talvez possa chamar isso de apego. Busco ser lúcido e não cair nessa cilada. Esperar sempre algo do outro, ou de coisas que são externas a mim. Almejo dinheiro, relacionamentos, momentos de prazer e regozijo. Mas são sempre coisas que estão fora, que nem sempre estão a disposição e que muito facilmente podem falhar. Então em resultado vem a ansiedade.
Não sei ao certo se o que busco é a paz interior. Não é aquilo que estou colocando como meta. Para isso teria que buscar um outro tipo de atitude diante da vida. Mas de certa forma com todas frustrações e acontecimentos na vida, me vem a necessidade de me ausentar das coisas, de não dá o valor que estou dando. Então há esses dois movimentos estranhos, um mais ativo outro mais passivo. Por um lado quero o divertimento, os momentos de euforia, por outro quero momento cálidos de pura beleza e tranquilidade. De certa forma parece que não consigo nem um, nem outro.
Entretanto, o que consigo perceber, é que estou acima de qualquer coisa que esteja acontecendo. Perder ou ganhar fazem parte da mesma equação. Isso me dá paz. Me vem a ideia de que nada é algo finalizado em si. Tudo é processo. Tudo acontece. E eu estou acontecendo junto. Se ganho algo, não estou plenamente satisfeito com esse algo. Se perco é uma grande frustração. Daí me vem a seguinte ideia: o que perco quando ganho, e o que ganho quando perco?
Não sei ao certo se tudo isso que estou refletindo faz sentido, mas de uma forma estranha está fazendo todo sentido do mundo. Não há outro lugar mais para encontrar essa paz ou esse regozijo, se eu tenho sempre um ponto de partida. Se as coisas nunca começam ou terminam. Sempre é uma continuidade. E só tenho que obedecer essa continuidade. And life flows on within you or without you.
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