Volto aqui de novo depois de algum tempo sem postar nada. Sinto que essa passagem de ano foi um tanto conturbada, guardando algumas mudanças essenciais a minha vida. Não sei ao certo se irei falar em detalhes tudo o que aconteceu, pretendo deixar fluir um pouco meus pensamentos.
Existem mudanças que almejo fazer, organizar boa parte das coisas em minha vida. Sinto que tenho energia para tal e foco. Mas para além do controle que eventualmente posso exercer, há um sentimento ao mesmo tempo de desconfiança, um certo receio. Percebo que são coisas diferentes, por um lado sinto a confiança em conseguir dar progresso aos meus projetos. Entre para um novo grupo de estudos, estou atualizando meu GTD, pretendo começar a planejar a minha mudança, etc. Porém, existe um sentimento caótico atuando no fundo disso. Não me sinto plenamente seguro, plenamente confiante. Por debaixo dessa energia estimulante que venho tendo, há a realidade que nós vivemos e entre outras coisas que não sei nomear ao certo.
É estranho para mim chegar ao ano de 2022, para mim parece que é um ano que promete ser o que os outros anteriores não foram, porém também é um ano que guarda um grande arsenal de incertezas. Busco organizar essas diversas coisas, para não ficar tão vulnerável. Porém, nunca se sabe.
Houve alguns momentos em que pensei em procurar alternativas, pensar possibilidade de encontrar novas formas de existência. Era estranho ao mesmo tempo pensar nisso, pensar na necessidade de mudar radicalmente meu estilo de vida. Estou caminhando num certo sentido. Busco me profissionalizar na área de minha formação. Porém, tudo pode mudar de repente e me forçar a buscar outras formas.
Para além disso também, me vêm vários pensamentos sobre como encontrar uma saída para os problemas do mundo e qual minha responsabilidade diante disso. Me vem a pressão de definir uma corrente ideológica. Porém, me veio também um insight. Deixar que o devir tome conta desse processo. Percebo que as coisas são um constante vir-a-ser e que qualquer realização ou concretização segue procedimento. Então permito que as coisas tomem seu rumo sozinhas, que aquilo que faça mais sentido irá se mostrar.
Eu nessa semana comprei um caderno novo, com a ideia de ser um commonplace book. Descobri que esse conceito seria o ideal para o CATM, então decidi comprar um novo caderno:
Até o estilo do caderno faz sentido para o projeto. Aqui colocarei todas coisas que me chamam atenção, meus estudos, pensamentos, etc. Será um inventário de tudo aqui que reflito e leio. Agora ao meu ver faz sentido que venho buscando fazer aqui e em outros espaços. Tenho receio de ficar perdido com tanta informação, porém aceito o desafio.
Refletindo agora de manhã me veio o pensamento de novo sobre dois aspectos da minha personalidade e como lido com esses dois aspectos. Mantenho-me nesse processo do porvir, tento confiar nele. Sei que esse processo irá amadurecer e obter frutos (alusão a capa do caderno). Ás vezes me parece confuso e contraditório algumas coisas. Ás vezes me parece mais fácil escolher uma única posição, mas tento me libertar dessa necessidade. Não acredito que eu esteja tentando dar conta de tudo (mesmo que seja isso que esteja acontecendo). Reitero que não é meramente tentar dar conta de tudo, mas uma confiança num processo natural das coisas, onde serei levado para certas leituras naturalmente, sem precisar de um definição preexistente. Nunca estarei pronto, sempre estarei em processo e ainda muita chão para percorrer.
Buscarei ter confiança nisso, sem tentar ter controle sempre do próximo passo. Nem sempre saberei do que está acontecendo em minha vida, para onde vou, onde vou me estabelecer. Antes desse processo de fim de ano estava muito interessado na ideia de procurar uma identidade. Lendo o livro da Gestalt-Terapia, venho aprendendo a me desapegar um pouco disso. Como se eu tivesse que aprender a deixar soltar um pouco e deixar que as coisas em volta organizem as coisas por mim. Não seria uma atitude passiva diante da vida. Seria um movimento dialógico com a vida. Muitos momentos gostaria de decidir sobre as coisas. Não queria sentir que estou sozinho nessa por exemplo. Mas a solidão muitas vezes é o que me resta. A configuração das coisas está em constante mudança, e tenho que seguir esse fluxo, como o pensamento oriental apregoa.
Percebo que esse momento é o que é possível para mim e o que a natureza está me presenteando. Tenho que vivenciá-lo de forma total. Busco me amparar em coisas e sentimentos. Não no fluxo constante da vida. Buscar ir além dessa rigidez, para assumir o formato da água (como é dito no livro da GT).
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