quinta-feira, 3 de março de 2022

Estádia + Viagem a Paripueira

          Volto de uma viagem com meus pais a Paripueira-Al. Antes disso tive a oportunidade de ter a casa vazia para chamar os amigos enquanto meus pais estavam de viagem para Gravatá. Não sei ao certo se conseguirei resumir toda essa experiência em um único texto, mas vou tentar. 

        Na última sexta chamei Marcos para vim aqui. Bebemos, fumamos e escutamos música. Foi um momento muito interessante. Mas eu desde já senti um pouco de ansiedade. Uma sensação um pouco parecida com o de Gravatá e menos próxima as outras vezes que fizemos esse mesmo tipo de programa aqui no ano passado. Acredito que cresceu demais as expectativas nesse ano. Venho pensando muito na experiência de ter um espaço só meu e como seria ter outra pessoa para compartilhar esses momentos. Então criou-se uma grande carga que acabou se modificando na prática.

      Buscava bastante o melhor momento, ter o melhor tipo de experiência possível, não sinto que fui muito bem-sucedido com isso. Também percebi outras cosias em relação a Marcos esses dias. Percebi a sua imaturidade. Talvez isso dificultou a conversa, ao meu ver. 

      No segundo dia fomos a uma festa na casa de Gláucia. Foi um momento um pouco diferente de tudo isso, foi de fato um desafio. Não me agradei muito com esse tempo lá, fiquei em muitos momentos querendo ir embora, porém algo me fazia ficar preso lá. Voltei para casa com a sensação que de fato não é um ambiente que gostaria de permanecer, mas foi importante para sair um pouco da minha mente, do campo conhecido, me ajudou a relaxar um pouco mais. Outro ponto que me incomodou um pouco foi aturar Marcos bêbado.

      Iríamos curtir um pouco do resto da noite, chamamos Guilherme para vim, porém ele muito tarde. Quando chegou, Marcos já estava dormindo. Enquanto esperava ele curti um pouco alguns reggaes antigos, foi uma experiência muito boa. Pois bem, ele chegou sentamos e conversamos mais um pouco. A conversa foi bem diferente da que tive com Marcos, havia algum conteúdo. A conversa rendeu bastante, tanto que só fui dormir lá pras 3 horas da manhã.

    No domingo fui a Jaqueira junto com Marcos para encontrar com Petros. Foi outra experiência muito boa. Rimos bastante. Foi um reencontro de fato. Senti falta disso por tanto tempo. Petros de fato consegue energizar o ambiente, torná-lo mais tranquilo e agradável, sentirei falta disso. 

      Me lembro de um coisa que falei para Guilherme no Sábado: encontrar perfeição na imperfeição, ter encontros dentro dos desencontros. Para mim esse foi o mote disso tudo, passar pelos acontecimentos, vivenciar as experiências sem uma visão fixa do como eles deveriam ser, mas tendo consciência de como eles estão sendo. Entendo que tudo isso foi uma forma de aprendizagem, além de momentos de puro gozo.

 

     Depois disso, na segunda fui junto com meus pais a Paripueira. Antes da viagem estava com a ideia de que não iria com objetivos pré-estabelecidos, tendo em vista a última viagem a Gravatá, pensei em não ir com o intuito de fazer uma atividade em específico, então tentei ir sem muitas amarras. Porém, é incrível como nunca sabemos o que o destino nos guarda.

      Chegando lá fui tomado por um mal-humor. Havia uma imagem na minha cabeça de um lugar confortável, de um lugar silencioso e harmonioso. Porém, durante o caminho eu vejo uma paisagem feia da pobreza, de um país decadente, tentando se erguer de maneira desordenada. Quando chego ao local que iríamos nos hospedar havia um único desejo, que o quarto fosse confortável. Quando cheguei lá, vi um quarto feio, um quadrado com duas camas, uma parede branca e outra verde. Uma imagem vazia, sem vida, que não permite nenhuma introspecção. Fui frustrado logo de cara. 

     Com o tempo caiu a ficha, eu teria que aceitar essa situação. Percebo que há muitas diferenças entre eu e meus pais, isso me fez sentir irritado, porém com o tempo percebi que não valia a pena lutar contra isso. Foi o maior exercício de flexibilidade durante esses dias. Não foi um programa que eu usualmente gostaria de fazer, mas com o tempo senti que havia um por quê e um pra quê de tudo isso, e eu de fato precisava disso.

     Há algumas coisas que não mudam, esses momentos sempre me fazem voltar cada vez mais para dentro, para o meus pensamentos. Tentei aceitar esse fato. Como também tentei aceitar o fato de que estava num lugar não me proporcionava conforto (pelo menos da forma como eu imagino). Eu sabia que ia sair com algo valioso depois disso tudo. Tinha consciência também que poderia ser uma reaproximação com meus pais. De fato, acredito que foi. Mas também acentuou algumas diferenças e também não haveria talvez a possibilidade de eu romper totalmente com essa barreira. Pelo menos fiquei feliz que dei um passo a frente, não fiquei preso apenas no meu mundo, mas pude reconhecer a possibilidade de me aproximar de outras realidades que não a minha. Tive até um sonho, tentarei relatar ele em outro post.  

    Em resumo, penso que a experiência dessa semana foi de grande valor. Não me vejo preso nas minhas próprias concepções, mas conseguindo entender a coisas de uma maneira mais ampla. Tendo em vista essa amplidão, não só de mim mesmo mas da realidade que me acerca, me faz querer ser mais tranquilo comigo mesmo e com os acontecimentos. Há espaço para cada coisa e no seu próprio tempo, agora posso compreender como não apressar as coisas, como vivenciar melhor as coisas no presente e aceitar tudo aquilo que está fora do meu controle. Consigo entender melhor as coisas que vim me confrontando, desde as pequenas coisas até as grandes coisas. Tento entender as coisas em sua totalidade, sabendo vivenciar cada momento, sem me prender a decisões intelectuais, mas sabendo perceber o que há além do intelecto, do conhecido e manipulável.

      Acredito que isso seja tudo por enquanto. Quero manter essas escritas, há valioso em escrever e organizar as ideias, fazê-las que fiquem mais claras cada vez mais, me sinto tranquilo diante disso.

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       Percebo que as coisas estão mudando. Sinto um certo receio, não sei para onde isso vai. Percebo que pequenas mudanças estão acontecen...