sábado, 5 de março de 2022

Sonho: Funeral de Paul Goodman

          Descrição:

          Estava numa Igreja, soube que estavam fazendo funeral do Paul Goodman. Estava de noite e havia um grande grupo de pessoas carregando uma carroça velha. Olhei para a carroça, só podia ver a cabeça e as pernas desmembradas. Lembro também de ter visto o padre. Dino estava junto de mim, ele estava com dois livros dele, achei que ele tinha pedido numa biblioteca. Fui atrás dele, mesmo me sentindo culpado por faltar o funeral. Consegui pegar um livro grosso que não conhecia, havia ilustrações de vários instrumentistas de jazz, tentei verificar se era dele mesmo. Mas não conseguia achar seu nome no livro. Fiquei abismado com a quantidade de nomes de diversos músicos antigos. Ficava me perguntando se haveria um livro desse tipo no Brasil. Tentei ir atrás da procissão, haviam várias pessoas com fantasias, aparentemente era também carnaval.

 

     Comentário:

     É um sonho que intrigou bastante, cheguei a algumas conclusões sobre ele, mas ainda me causa uma certa dúvida. 

    Há um antes e um depois para isso tudo de fato, estava em uma viagem com meus pais. Antes disso estava com Marcos o fim de semana inteiro em casa sem meus pais. Houve todo um processo desde meu aniversário de mudanças de perspectiva. Essas experiências todas me ensinaram bastante.  Tudo está relacionado a diversos pontos em minha vida: Profissional, relacional, espiritual, etc.

    Tudo isso em vista tenho a compreensão que cada coisa tem seu significado específico cada coisa assume seu papel em determinado local. Nada pode tomar um espaço maior, tudo tem seu tempo e lugar. Para mim o sonhos foi uma insurgência dos aspectos que estavam sendo deixados de lado. E de forma peculiar assumia morte da figura central para as minhas reflexões atuais.

    Não sei até que ponto posso compreender esse acontecimento no sonho. Talvez seja a morte de uma figura que me ampara, para então abraçar o terreno da complexidade. Porém, ao mesmo tempo revela no fundo o papel da Igreja como figura de autoridade. Penso nesse óbvio contraste entre um judeu ser enterrado numa cerimônia católica.

     Isso de alguma forma abala algumas estruturas que estavam sendo estabelecidas e não sei ao certo a que recorrer. Acredito que de fato revela uma tentativa de equilíbrio, uma aproximação do inconsciente com o consciente. Mas ainda há uma esperança de chegar a novas compreensões.

     Há outro contraste, onde a procissão deságua numa festa de carnaval. Agora aparentemente há uma dualidade entre o profano e o sagrado, arriscaria dizer entre a parte extrovertida e introvertida de minha personalidade. Chego também a pensar na relação de uma tríade, onde estão o elemento judeu, cristão e pagão, como fazendo parte do mesmo cenário.


Interpretação final:

    • O primeiro plano que aparece no sonho é um ambiente noturno, com luzes que vem da Igreja. Uma imagem um pouco densa, misteriosa. A noite como recorrentemente ligado à manifestação do inconsciente, a Igreja aparece talvez como um ambiente relacionado ao arquétipo materno. Os dois talvez ligados ao aspecto feminino. São aspectos mais profundos da personalidade e mais primitivos. A igreja também representa um espaço dedicado ao espírito, então ligado a questões mais internas do que externas. Porém a cor dourado aparecentemente faz um contraste entre o negro da noite, talvez esteja falando de uma luz interna que não dependo do externo para existir. Também há a figura masculina do Padre, sendo aí representante da autoridade divina. Me lembra a carta (V)O Alto Sacerdote 

  • Outra camada apareceu. Existe aparentemente uma relação entre essas três figuras do começo do sonho. A primeira seria a Igreja, depois o padre, depois a morte. A igreja me pareceu ser um símbolo onde remonta um território, dedicado exclusivamente a essa conexão com esse território sagrado. É considerada a Mãe dos cristãos, que me remete então não só a ideia de uma figura materna onde se encontra conforto, mas como algo que fecunda, que deu origem à cristandade. Também é retratada como microcosmo, como representação da alma humana. De novo aqui um chamamento para os aspectos internos, mas sobretudo parece representar algo de muita importância do espírito. Daí então aparece a figura do Padre, que aqui faço uma ligação com a carta do Tarô. Essa figura trás a necessidade de comunicar um saber, é a transmissão de um conhecimento. Essa figura representa a fé, a subjetividade, também a moral divina que supera a relação com a matéria. 


  • O terceiro fator aqui aparece através da morte. Aqui se apresenta através de uma figura que está sendo central para muito das minhas leituras e das minhas reflexões. Me chama atenção apenas aparecer cabeça e pernas. Primeiramente, é a morte de uma figura de autoridade, é aquele que busco me espelhar, segundo, aparece o corpo em uma carroça, apenas a cabeça e as pernas. A morte talvez aí representaria não apenas algo que deixou de existir, mas uma abertura para algo novo. Entendo que Goodman é um representante dos aspectos extrovertidos de minha personalidade, que tento ultimamente me aproximar cada vez mais deixando de lado alguns fatores mais introvertidos. O segundo aspecto talvez represente a morte do intelecto da relação com a matéria simbolizados pela cabeça e pelos pés. Faria uma leitura que aqui o que importa e o que permanece eternamente é o espírito e não o intelecto e a matéria. A morte então seria um símbolo para abrir mão do desapego para alcançar níveis maiores de espiritualidade. 

       

    •  Agora outros detalhes ficaram de fora da interpretação: os livros roubados e a procissão que logo se torna um bloco de carnaval. São dois pontos que não ficam tão claros para mim. Primeiro a ideia de que livros foram roubados por um amigo meu. Livros então de novo representa um objeto que guarda conhecimentos, aqui de novo aparece uma dualidade onde o conhecimento pode ser produto de sabedoria ou de erudição. Gostaria de saber melhor o simbolismo da procissão católica e como isso pode ter alguma relação com o carnaval. Essa é a parte que fica mais defasada do sonho, que não deixa de ter um significado muito peculiar. No ínicio tenho a impressão de tentativa da psique se voltar para dentro, cortar os laço com o mundo material e se devotar unicamente com os assuntos do espírito. Também um sacríficio do intelecto em prol do conhecimento revelado pela experiência e pela intuição mística. Agora a procissão se torna uma festa pagã, dedicada a carne (Carnaval)

       

  

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       Percebo que as coisas estão mudando. Sinto um certo receio, não sei para onde isso vai. Percebo que pequenas mudanças estão acontecen...