quinta-feira, 9 de junho de 2022

       Volto aqui depois de um grande tempo sem escrever esse tipo de texto. Sinto que esse momento atual pede uma reflexão como essa. Como sempre nunca consigo entender direito o que está acontecendo em minha vida no momento atual. Posso dizer que consigo entender em parte, consigo ter ideias sobre, mas não consigo compreender a totalidade de tudo do que está acontecendo.

       Acredito que há algumas coisas que marcaram esse período. A primeira foi a visita de Petros e a segunda foi a conversa que tive com Marcos semana passada. O primeiro evento foi algo que marcou a forma como me relaciono com as pessoas, com o mundo, de uma forma geral. O segundo evento foi algo que marcou a forma como me relaciono com pessoas mais próximas e como me relaciono comigo mesmo.

     Depois desses dois acontecimentos, principalmente em relação ao segundo, eu percebo o mundo e a minha vida de maneira diferente. São coisas que acontecem sem a minha capacidade de prever. Não sabia que eu ia ter tanta ansiedade diante de estar com outras pessoas e não pensaria que Marcos iria ter uma crise. Mas logo percebi que esses dois eventos me ajudaram a buscar ter mais resiliência, a ser mais persistente e não desistir. 

    Ontem ouvi uma frase que fez muito sentido para esse momento agora: "Ser adulto é se dar conta da incompletude do mundo e mesmo assim não se dar por vencido". É como me sinto agora. Cheguei a conclusão que não tenho como confiar em quase nada, tudo é impermanente, tudo passa, tudo muda de forma constante, cada vez mais isso fica claro para mim. Por um lado me sinto feliz pela oportunidade de ver minha vida com outro olhos, não com os olhos dos outros, mas com os meus, posso experimentar a mim mesmo agora, sem a intervenção externa.

      Percebo esse momento como o momento invernal, analogo a carta do (IX) O Eremita, de novo me reencontro com minha solidão, com o vácuo de minha existência. Hoje de manhã com uma conversa com Petros me deu um conselho que foi surpreendentemente útil, nada muito diferente do que já pensei, mas em ver outra pessoa falar isso me ajudou muito. Ele disse que pessoas passam, e que deveria focar no meu trabalho e estudos, foi uma surpresa ouvir algo proveitoso dele, alguém que eu estava um pouco reticente. Isso me dá a ideia se que não preciso me preocupar com essas coisas, que posso sim seguir minha vida sem me preocupar com as pessoas que vão estar meu lado.

     Esse último domingo estava lendo um livro de filosofia e ele trouxe uma reflexão importante. Era uma citação de Aristóteles falando que os filósofos fazem parte do grupo dos melancólicos. Isso me surpreendeu, primeiramente porque há aí uma analogia aos temperamentos e segundo por eu ser um melancólico. Como se eu tivesse encontrado minha natureza, minha essência, isso me deixou muito feliz pelo fato de entender meus maneirismos, minhas idiossincrasias, e abraça-las, como uma virtude. Melancolia não seria apenas um sentimento de tristeza, mas uma forma de encarar o mundo e a existência. Posso a partir pensar como superar as limitações que são impostas pelo mundo, transcendendo a ignorância e me aperfeiçoar cada vez, em busca de um estado melhor, para além de tudo que frustra esse crescimento.

     Agora gostaria de escrever um pouco sobre o que estou lendo. Estou lendo um pouco de Jung. Me vem em seu texto o conceito de inconsciente. Me leva a pensar que o inconsciente seria esse terreno com uma diversidade de conteúdos, totalmente alheios ao eu consciente. É um terreno tão vasto que o consciente é incapaz de compreendê-lo. É interessante pensar como isso se dá no atual momento, onde há algo acontecendo em minha vida que não consigo descrever bem, não consigo conceber a totalidade dos acontecimentos internos e externos de uma forma inteligível, que provavelmente só irá ficar mais compreensível durante o tempo. De qualquer forma me vem a ideia de que na psicologia houve essa preocupação em entender tudo aquilo que foge a capacidade do controle do intelecto, entender tudo aquilo que está fora do campo do racional, da capacidade de reflexão. Esse processo existencial nos coloca em perigo qualquer busca de um entendimento puro da vida, de qualquer tentativa de preencher a falta, daí posso entender isso como processo de individuação, deriva, entre outros nomes.

     Depois ele fala um pouco sobre a presença de um elemento feminino na psique masculina. Como sendo a parte oposta que está submersa. O arquétipo feminino fora algo que estudei no ano passado, no começo desse ano em um jogo apareceu para mim (II) Alta Sacerdotisa e agora estou lendo no Tarô Pitagórico (II) A Imperatriz. Aparentemente é um símbolo importante, que devo levar em consideração. Pensando ainda, que a representação do inconsciente seria feminina, sendo assim tendo características opostas a representação ativa do consciente.

    Penso em escrever de forma mais concisa sobre essas temáticas em um texto em outro blog, na próxima semana farei mais um post com a carta da (II) Imperatriz, trazendo mais detalhes sobre a carta e os aspectos ligados a ela. Posso adiantar que cada vez que avanço nessas leitura saio com mais informações, mais curiosidade e inquietações.

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