quinta-feira, 6 de julho de 2023

Sobre o convívio social

   Venho entrando em contato com uma nova perspectiva em relação a minha vida. Desde a viagem para João Pessoa, me enxergo de uma forma diferente e vejo minha vida ao redor de outra maneira.

  Obviamente isso não acontece de uma hora para outra. Há sempre um processo longo por trás disso tudo. Acredito que há um desconforto antigo em relação a uma série de coisas. O convívio com outras pessoas me gera(va) ansiedade, cansaço e confusão. Passo a buscar cada vez mais conservar minha vida interior, as coisas que eu valorizo e quero alcançar. Acredito que por um tempo busquei trazer a minha vida uma necessidade muito grande de privacidade

  Eu tinha consciência do quanto eu dependia desse sentimento de obter coisas que me trazem prazer. Compreendia também que isso conflitava com o mundo ao redor, que talvez esse conceito unitário não estava embarcando outros modos de ser e existir. Não podia enxergar como esses aspectos podiam conviver harmoniosamente.

  Depois da viagem houve uma modificação nesse quadro. Demorou para entender isso. Entender que havia algo além de tudo que estava tentando alcançar. No começo foi difícil de aprender a lidar com isso, ao não me reconhecer nas coisas, de repente o ambiente que eu estava incluído tornou a ter uma importância conjuntamente com as coisas que estava me relacionando.

  O sentimento de pertencimento se perdeu um pouco, não era sobre isso. Era de fato como posso abrir meu mundo para novas coisas, coisas que certamente não estariam no meu script. Mas por outro lado consigo enxergar que existem pessoas em minha vida, que ajudam a me trazer para o mundo real e ajudam a filtrar minha intensidade. Não poderia ignorar o papel das pessoas em minha vida, acredito que tenham uma importância quase que vital.

 Porém, mesmo assim, ainda há uma grande necessidade por autonomia, porque existem aspectos muito positivos em relação a ter uma convivência social, quanto aspectos negativos em relação a isso. Não joguei fora toda minha necessidade de privacidade, ou minha necessidade de buscar prazer nas coisas que fazem parte de mim e minha vida. Mas também existe um caminho para fora disso quando me ver estagnado. Existe sempre chance de se movimentar, de mudar, de transformar. 

  Continuo a desenvolver hábitos, mas de repente percebo que existe um furo dentro de cada hábito, há um lugar para a incompreensão, um lugar para aquilo que não pode ser nomeado, tudo aquilo que ainda é obscuro e oculto para minha capacidade consciente. Sinto, que a minha percepção em relação ao atual momento é real, não é algo fantasioso, e acredito que poderei colher frutos em relação a isso.

  Talvez meu conflito em relação a me relacionar com alguém, ou conhecer alguém venha dessa impaciência em relação aos outros. Não quero dizer que deixarei de ter criticidade diante das minhas relações. Mas, perceber que para me relacionar com os outros terei que lidar com aquilo que me incomoda em relação a eles. 

   Isso, como todas as outras coisas em minha vida, demoram para se desenvolver. Agora, percebo que existe algo para além de mim mesmo, que só agora posso entender melhor. De fato, sinto um pouco de insegurança diante disso, parece muito arriscado demais, mas acredito que só terei uma vida conjunta aos outros se eu ultrapassar esse estágio incomodo.

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