sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Viagem ao Criatório

        Para o fim de ano fiz uma viagem a um local chamado criatório em Gravatá. Estava bastante descrente em relação a essa viagem. Minhas experiências anteriores com viagens não tiveram experiências muito boas. Tinha dúvidas se essa viagem iria ser de fato valorosa para mim. Havia a possibilidade de viajar com amigos, mas acabei negando minha ida. Antes da viagem me perguntei porque fiz isso, se seria melhor estar com meus amigos.

      Minha mãe tinha reservado esse lugar, que anteriormente ela já tinha ido. Não sabia muito sobre esse lugar, imaginei que não haveria muita coisa para fazer, apenas ler. Quando cheguei lá, me surpreendi. Era um lugar muito calmo, com uma energia muito boa. A casa tinha muito espaço. Haviam várias possibilidades de utilização desse lugar. Logo quando cheguei senti uma energia diferente e senti que iria ser diferente a minha experiência lá.

     Acredito que experiência como um todo me fez acreditar que no final das conta tudo tem um propósito. Passei por muitas coisas que me fizeram duvidar de mim, de minha capacidade, das coisas que me constituem. Estava ficando cada vez mais descrente em relação a mim mesmo e minha vida. Essa experiência me levou a um novo patamar. 

      Comparado a outra casa, sentia uma energia muito mais leve e livre. Na casa que sempre vou, venho sentindo um certo peso, que sempre me estranhava, porque muitas vezes via aquela casa como um abrigo. Essa viagem pôs uma questão muito sensível a mim, se as coisas de fato tem um sentido intrínseco.

     Um dos pontos que logo apareceram foi com a leitura do Café Existencialista, que fala basicamente do desenvolvimento do pensamento existencialista. Logo fala sobre o contraste do pensamento anterior que tenta enxergar um sentido intrínseco nas coisas e a visão do existencialismo de que não haveria de fato esse sentido, que na verdade o sentido é nós que damos. A partir daí posso me empoderar das minhas ações sendo responsável por elas, sendo capaz de me vez refletido nas minhas ações, sem ter um juízo moral ou valorativo diante daquilo que escolho fazer.

    Essa perspectiva, que ao meu ver, poderia ser libertadora, pois não tenho o peso de tentar descobrir o sentido das coisas, também tem o outro lado de sentir a angústia de não haver um caminho claro para onde seguir. O fato de não haver nada onde me apoiar é um sentimento desamparador. Não sabia também se eu estava completamente convicto que poderia abraçar apenas uma única perspectiva, mas também era muito doloroso ter que lidar com o conflito de coisas tão contraditórias.

   Essa sensação se acentuou no domingo (dia do ano-novo). Minha mãe tinha sugerido fazer um cartão de Soulcollage. Todos (praticamente) pararam para confeccionar um cartão. O resultado para mim foi bastante esclarecedor. A primeira imagem, a de fundo, foi uma arvóre, que ocupava todo cartão praticamente, depois surgira duas figuras, uma imagem de um santo católico, vestido com uma armadura e uma deusa pagã, que parecia ser Vênus.

       Essas duas figuras pareciam conversar entre si. Uma figura feminina, com uma energia mais sútil, passiva, calma, e outra energia masculina, como que querendo se preparar para algo, para agir. Vi nesse cartão esses opostos que habitam em mim, e como devo fazer com que eles se complementam, mesmo que pareçam completamente antagonistas. Existe aí uma figura feminina nua, branca, leve, e outra figura masculina, totalmente vestida, que parece estar protegida. Talvez um lado que represente os instintos, o livre pulsar da vida, e o outro, uma força moralizante, que busca controle sobre as coisas. Aí, me parece que preciso equilibrar esses diferentes pontos de vista.

     Depois tiramos cartas de tarot, eu fui o último a tirar. E para minha surpresa, aparece a carta do Eremita. Era um aspecto que venho refletindo a um tempo, uma volta a mim mesmo, encontrar na solidão o sentido para minha vida. Vinha pensando muito também em me isolar mais, para que eu possa refazer meu caminho. Talvez aí consiga encontrar um sentido maior para minha vida e me sentir mais a vontade comigo mesmo.

      De fato, há ainda uma sensação de confusão. Mas de alguma forma há algo em que eu possa me firmar e continuar meu processo. Espero que as coisas fiquem mais claras durante o caminhar. Me lembro da carta do Carro, onde é no movimento em que as coisas ficam mais compreensíveis.

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       Percebo que as coisas estão mudando. Sinto um certo receio, não sei para onde isso vai. Percebo que pequenas mudanças estão acontecen...