quarta-feira, 22 de maio de 2024

Sobre o Intelectual

  Tenho o desejo de fazer um breve resumo e comentário sobre o texto do Goodman sobre o tipo intelectual. Pretendo também trazer essas questões para minha terapia porque encontrei pontos importantes para a reflexão em relação a mim mesmo.
  Primeiro aspecto que aparece sobre esse tipo é como ele lida com a raiva e o luto. O intelectual se utiliza de seu pensamento abstrato para não entrar em contato com esses dois aspectos. Eles evitam o objeto que lhe trás a sensação de raiva e luto. Essa abstração impede a liberação de sentimentos fortes. Goodman aponta que uma solução seria o "amor intelectual." Me percebo nesse lugar em que estou enamorado com meus pensamentos e com as ideias que surgem a partir das minhas leituras. Me chama atenção esse ideal intelectual que busca nas ideias um amor mais sublime, mas "desapegado" do mundo presente. Isso me trás ao pensamento clássico, mais especificamente a Platão, onde o filosofo é aquele que busca no pensar a libertação do mundo ilusório para então chegar a um mundo ideal.
  Então, se apresenta o desejo do intelectual pelo paraíso. Vejo que esse paraíso seria talvez um lugar em que se reúnem tudo que o sujeito valoriza, esse lugar em que tudo está em harmonia, uma totalidade de leituras, percepções estéticas e vivências. Porém, existe também a frustração, onde esse paraíso não se concretiza. Ele é forçado a se mover naquilo que não conhece, que não está inclusivo naquilo já sabe. Assim, se percebe aquilo que é a vida prática, com tudo aquilo que saí da sua visão de harmonia e beleza. Lida com o que é imprevisto. Daí, o pensamento para o intelectual é uma ferramenta para abstrair a frustração, para tirar uma lição diante daquilo que lhe frustra. Assim, não pode entrar em contato com sua emoções.
  Daí, existe uma busca por sentido na vida. Interpretar o acontecimentos e trazer uma compreensão sobre eles, também a busca por alcançar um estado em que as coisas são perfeitas e fluem de modo favorável. Conjuntamente há um interesse em obter um visão aprofundada da vida. Talvez há aí um grande abismo entre ele e o mundo, o intelectual apresenta uma raiva de si mesmo, de sua própria estupidez. Aí então, também apresenta uma raiva em relação a o mundo. Talvez aja uma sensação profunda de incompreensão diante do mundo e de si mesmo.
   Então Goodman fala sobre a impaciência do tipo intelectual. Essa impaciência pode surgir a partir de um adiamento do desejo (impaciência aguda) ou uma antecipação do objeto desejado (impaciência crônica). Aqui, o tipo intelectual não pode se valer por aquilo que está presente, ele se apresenta entediado.
  Percebo isso tudo de uma forma muito próxima a mim. Uma busca constante de extrair sentido sobre as coisas, uma dificuldade de sentir de forma aprofundada, com isso também uma impaciência, buscando fazer presente aquilo que está ausente. Mas com a terapia (e outros acontecimentos), me fizeram compreender que a paciência é necessária para ler mais claramente a realidade, muitas vezes as coisas se dão sem minha intervenção, sem meu controle. Não sei ao certo como acionar isso de forma voluntaria, acredito que sempre existe algum tipo de controle sobre as coisas. Mas por outro lado, percebo que há uma possibilidade de assumir uma postura mais "zen" sobre as coisas, uma deixar acontecer, deixar que a natureza tome conta dos acontecimentos.
  Outro ponto que gostaria de ressaltar é o fato de que Goodman tinha um interesse ético sobre a natureza humana. Vejo nesse ensaio uma busca para entender o que acontece na experiência humana em sua totalidade. Não existe uma centralização em suas investigação, voltado por um único ponto, ele busca uma variabilidade da experiência. Vejo aqui, uma tentativa de compreensão de uma maneira específica de ver o mundo, um comportamento de certos sujeitos. Ou seja, uma análise, e não uma teoria.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Encontros com esoterismo e filosofia

   Entro em contato com outros pensamentos. Hoje pela manhã pensei sobre voltar a prática do *Manual do Ano*, só que mês que vem. Estava estudando a carta do 21. Mundo, me veio essa ideia de que eu gosto, de que na magia é possível se utilizar de certas conhecimentos sobre a natureza extraídos da alquimia e da astrologia. É um conhecimento distinto da ciência tradicional, se volta para uma perspectiva mais filosófica e simbólica. Já tinha pensado que ser um mago é uma espécie de mescla entre a figura do cientista com a de um sacerdote. O mago tanto tem uma atitude ativa e experimental, quanto um aspecto de devoção sobre as coisas.
 Não sei precisamente se é esse meu caminho, há momentos que ponho isso em dúvida, penso que talvez esteja servindo a meu ego quando eu tento fazer com que certas coisas se encaixem em minha vida apenas através da minha vontade. Mas quando estudo algo relacionado a isso, me parece tão interessante e tão real para mim. Me sinto realmente exercendo um poder, que raramente sinto que tenho. Também penso sobre me alinhar a natureza, fazendo parte do cosmos, onde minha vontade se faz presente. Não sentiria que minha vida é um conjunto de acidentes, tudo pode se unir de forma harmoniosa.
 Existem claro outros pontos de vista, outras maneira de exercer tudo isso. Penso que por um lado haveria um caminho mais simples, que não despenderia tanto esforço. Esse caminho me soa um pouco desconhecido, talvez aja uma maior mobilidade nesse aspecto. Não abriria mão dos meus interesses, como o tarot e outros conhecimento, mas talvez não iria trilhar esse caminho da mesma forma que o que citei em cima.
 De qualquer forma terei um mês para tomar essa decisão. Depois desse mês espero estar confiante no caminho que escolhi. Portanto, preciso encontrar um tempo para refletir, meditar, para talvez então chegar a uma conclusão.
 Outro ponto que gostaria de citar, é o meu contato com a filosofia. Penso que foi um contato um pouco tardio, pois, meu interesse por filosofia já é antigo. Acredito que talvez agora tenho de fato uma maior maturidade para isso.
 A princípio, lendo Platão, me trás para um pensar voltado as coisas, um pensar sensível sobre tudo que nos constitui como seres humanos e habitantes desse planeta. Acredito que isso me trás a um entendimento do princípio de qualquer pensamento posterior. Por exemplo a questão do ser e do não-ser. Primeiro entender o que é o não-ser, e depois o que é o ser. A partir disso, chegamos a ideia de filósofos que defendem a ideia de um Todo e outros que defendem a ideia de um múltiplo. Daí, se chega o questionamento de o Todo pode se dividir em muitos, ou se o múltiplo pode vir a se constituir num Todo.
 Ainda há aqueles que defendem a ideia de que as coisas existentes são apenas aquelas que podemos tocar e sentir. O corpo seria o centro de tudo. E esse corpo está em constante movimento, é um devir. Enquanto que outros acreditam que só as coisas invisíveis são de fato as verdadeiras. Eles acreditam que tudo é imóvel.
 Essas ideias diversas me fazem pensar com esses conceitos foram elaboradas durante a história da filosofia. Acredito que elas suscitam uma série de questionamentos sobre o que é o ser, sobre o que é o mundo. Por trás de todo tipo de pensar há esses conceitos, é a base para tudo que entendemos como vida e existência, sobre as coisas que constituem quem nós somos e com aquilo em que nos relacionamos.
 Pretendo de alguma forma fazer uma ponte com todos esses conhecimentos. Como na carta do 21. Mundo, existe uma totalidade de percepções e vivências que fazem parte de mim e me constituem. Não sei ao certo se deveria me apegar a uma única parte, a um único aspecto de mim. Busco abraçar quem eu sou de forma total e permitir que essa diversidade se manifeste.

Reflexões sobre "Cuidando do Cuidador"

      Esse fim-de-semana houve um evento do meu curso chamado "Cuidando do Cuidador". Fiquei um pouco reticente sobre isso, eu ter...