quinta-feira, 22 de abril de 2021

Aceitar através do vivenciar

         Ainda sinto que não tenho um grande acontecimento para ser relatado, há a mesma impressão sobre o momento atual. Mas em determinado momento me chamou atenção, que não sei ao certo como endereçá-lo. Mas uma constatação é importante fazer, a realidade que se apresenta é essa e nada mais.

           Aceitar a realidade de alguma maneira é um grande desafio, geralmente estou em minha própria cabeça julgando as coisas, ao invés de vivenciá-las. E agora o que me resta é aceitar. Aceitar no sentido de constatar, de presenciar o que está acontecendo, ao invés de fazer uma comparação, análise ou categorização, seria  compreender a coisa como ela é, não como deveria ser.

         Esse é um reconhecimento necessário para mim nesse dado momento. Enxergo muita criatividade nessa atitude. Sempre acreditei que deveria ser alguém que faz muitas coisas, que age sobre o mundo, cria diversas coisas e é reconhecido por isso. Agora, posso me dar o luxo de também não fazer nada, guardar essa energia, me preservar. Com isso posso deixar fluir mais facilmente, sem tensões, isso ao meu ver é criatividade de fato. É permitir se aprofundar nas coisas, sentir, perceber as coisas em seus detalhes. É ver tudo com um olhar holístico, sem me prender tanto ao vício do ser ativo.

         Ultimamente li sobre esse termo Indiferença Criativa. Que julgo ser a tendência natural do organismo resolver os conflitos presentes em si. É permitir a resolução dos problemas a partir da auto-regulação que nós mesmos somos equipados. Saber que vida é ritmo, é tensão e contração. 

              Percebo agora enquanto escrevo isso, escrevo para dentro e para fora. Ás vezes tento entender os sentidos dentro de mim, em minha alma. Mas posso também me projetar para fora, na expressão, na descontração do mundo, nesse acaso que movimenta as coisas constantemente. Existe um lugar do não-eu, onde não existe um sentido dado. Lugar onde se pode experimentar. Acredito que nós perdemos essa possibilidade de enxergar isso.

                Agora, resta nada mais. Interessante aqui eu não esperar mais nada da minha escrita. Lutei tanto, e agora nada. O espaço está vazio, permito que isso aconteça, não quero lutar mais. Deixo que a sabedoria do devir me guie, e eu, me deixar guiar.

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