A questão fundamental da experiência humana se dá através da relação com o ambiente. Essa relação é constante e permanente, se atualiza a todo momento. É um processo mutável de percepções. O desenvolvimento só pode ser feito a partir dessa relação. As funções biológicas do ser não podem ser isoladas das interações sociais, nem do mundo dos afetos. Todos os aspectos da experiência humana acontecem nesse campo total de elementos que se complementam, formando uma percepção de unidade.
A partir dessa leitura pode-se entender a qualidade da relação organismo-ambiente. O que se encontra no comportamento do sujeito pode ser entendido a partir de uma imagem total da experiência. Existe uma organização da experiência que dita os fatores que a constituem. Ou seja, os elementos que fazem parte da vivência conjunta com o ambiente não são postos de maneira aleatória e desarrumada. Daí deve-se compreender que aspectos estão implicados nesse espaço temporal.
A Gestalt-Terapia julga haver duas formas distintas de compreensão do que acontece nessa fronteira entre organismo e ambiente. Uma forma integrada e outra forma desintegrada. A percepção que integra o ambiente faz com que o sujeito enxergue o ambiente como meio nutritivo para seu crescimento, assimila com facilidade as informações dadas por ele, ou seja, uma relação saudável com o ambiente. A forma desintegrada, quer dizer que o ambiente se torna algo estranho ao sujeito, mobilizando uma resposta de defesa do organismo, se esse tipo de resposta se tornar uma forma rígida pode-se dizer que se desenvolve uma forma neurótica. Deve-se ter em mente que essas duas formas pertencentes são a experiência do sujeito e não maneiras essencializam a sua natureza. A repetição é uma maneira de solucionar um problema.
O crescimento se dá através da capacidade do sujeito assimilar o novo, habilitando-o a se atualizar e fazer ajustamentos criativos satisfatórios. A frustração faz com o que sujeito permaneça num modo estagnado, sendo incapaz de criar novas possibilidades. A ameaça do ambiente cria no organismo um sistema de defesa, onde tensiona os músculos para criar uma resposta. Porém essa tensão pode impossibilitar uma resposta criativa, enrijecendo a percepção do ambiente. Essa impossibilidade de entrar em contato com o meio faz com que o sujeito volte para si mesmo, interpretando o mundo através de suas imagens internas, podendo criar visões superdimensionadas da realidade.
Esse acontecimento não pode ser entendido fora de um contexto social, que muitas vezes frustra constantemente o sujeito em seu desenvolvimento natural, não permitindo uma integração satisfatória mas sim uma separação, um distanciamento entre as necessidades presentes no sujeito e os objetos de sua satisfação.
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