Agora volto com outra coisa para ser dita. Não pensei em fazer outro post, não sei ao certo se tenho algo a dizer além de algo no terreno pessoal. O importante aqui seria relatar basicamente o que emerge em minha experiência, há outras coisas fora do campo pessoal, mas não sei ao certo como organizar elas para criar um texto ordenado e congruente com o que almejo expressar e pensar (talvez refletirei melhor depois de escrever esse texto).
Minha consulta com Elizabeth ficou para amanhã, ou seja, não tive esse momento do dia em que pude ter uma nova reflexão sobre minha vida. Mas a sensação que aparece agora soa como uma sensação de vazio, algo está faltando. Por um lado me sinto bem, me sinto leve, não há nada pesado... porém, há uma incerteza pairando no ar. E agora? Faço essa pergunta para alguma entidade etérea que provavelmente me acompanha.
Percebo a inteligência escondida nas coisas. Não fui eu que me impus esse estado de solidão, foram as circunstâncias. A briga do domingo me fez voltar ao estado de solitude. De primeira senti uma sensação de liberdade que não havia sentido, me sinto mais acordado, mais aceso. Mas eu me pergunto se vale a pena. Por um lado acredito que sim, vale a pena. Mas teimo em questionar, tento apressar o rio, chegar a uma resposta.
Esse mês Julho parece que de fato veio para criar rachaduras, mudar as coisas, transformar. Leio o livro Gestalt-Terapia, e diferentemente do Função do Orgasmo, existe um certo desamparo, apesar de necessário. Agora existe uma provocação para o risco, para o contato com o mundo e assimilação daquilo que é nutritivo para mim. Ou seja, denota uma entrega necessária. O ser saudável não tem preconceitos, ele vivencia o mundo sem reservas. Isso, já me causa uma sensação de perigo.
As perguntas que me fiz nesse estado seriam: Como confiar? Como ter certeza de algo? Como posso assegurar que o que eu escolho tem resultados benéficos para mim? Será que tento desesperadamente através dessas perguntas uma resposta que me dê segurança e conforto? Bem, entendo algumas coisas a partir disso. Existe um processo. O momento em que li Reich estava num momento da minha vida. Um momento de transição talvez, do mesmo jeito quando li Gestalt-Terapia Explicada. Naquele momento pude chegar a determinadas conclusões. Ali a solução para o meu problema seria justamente a dissolução de minhas couraças, para só então ter uma consciência livre de tensões e auto-sabotagem. Era confortável acreditar que um terapeuta teria um dom mágico para me tirar de meus pesadelos. Agora experimento outro entendimento.
Agora estou experimentando um olhar para mundo sem essa proteção, a barreira entre eu e o outro é feita por mim. Talvez tentar demolir de um dia para o outro não sirva. O que resta seria como no livro diz se utilizar da função destrutiva do que já assimilado para integrar o novo. Não é mais preciso esperar para que em uma terapia seja derrubada as resistências, mas é na experiência no mundo em que pode ser entendido o que falta, que recursos usar para se alimentar do que o ambiente me oferece, de maneira satisfatória.
Gostaria de usar essa palavra que Granzotto usa em seu livro, que é o conceito de estranhamento. É no contato com o estranho que é possível haver uma assimilação. E só assim que existe crescimento. Penso na minha vida as transformações necessárias para crescer. Substituir modelos antigos para novos. Só poderia de fato aproveitar algo a partir do que era novo naquela experiência. Não poderia repetir o que me dava alegria na infância em minha adolescência, etc. E isso não acontecia sem conflitos, obviamente houveram muitos. Me remeto a alegoria de Nietzsche em relação a árvore, uma árvore só pode crescer na dor.
Chego ao entendimento de tudo isso, esse pensamento me força a ser alguém que cria junto com o mundo, um ajustador criativo. Não sei ao certo se a imagem que me vem agora é de uma figura "arrebatada", que de repente descobriu a verdade e agora é um novo ser. Talvez o que é de fato seria um efeito-desvio. Estou assimilando um novo olhar, uma nova perspectiva. Uma nova construção de mim mesmo, não um salto radical para algo totalmente distinto.Tanto o que a GT e Reich pregavam, é essa atitude de liberdade diante do mundo, uma abertura para as vivências espontâneas do ambiente, uma percepção através das sensações, do excitamento organísmico. Contrário assim, a uma vivência controlada de mundo, tensionada, ou seja moral. Daí, então chegando ao entendimento do comportamento moral x ético.
Não posso afirmar se esse é o pensamento definitivo e último, porém é aquele em que me relaciono agora. Percebo que existe um timing para cada coisa. Esse momento me faz descobrir coisas novas, pois, minhas necessidades são outras das de quando era estudante, agora preciso aprofundar, elaborar, complexificar, expandir meu horizonte. E, de forma irônica, deverei expandir meu horizonte a partir da limitação. Só assim será possível uma boa digestão, e assim, aprender um novo vocábulo, uma nova ideia, uma nova percepção.
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