quinta-feira, 23 de setembro de 2021

A Mãe

 

                                

                        Essa imagem surgiu para mim esse fim de semana passado, na aula de Arteterapia. Já faz algum que foi concebida, e acredito que foi de grande importância para o momento que estou vivendo. Aparentemente foi gestada por um longo período, e apareceu desorganizando ou reorganizando vários padrões que tinha estabelecido recentemente. A primeira impressão que tive com a imagem talvez foi a sensação de distanciamento, pois é uma figura antiga, também por ser uma figura nobre, tinha acreditado que era uma deusa, mas agora sei que é uma rainha (Nefertiti especificamente).   

                       Observando com mais cuidado logo aparece o fato de ser uma mãe, ela está cuidando de seus filhos. Percebe-se então não só um distanciamento mas também um figura destinada ao cuidado. Então, compreendo a ambivalência dessa imagem. Uma figura distante, quase intocada, de grande poder, tanto material como espiritual, porém também aquela que está lá para cuidar e atender. Essa imagem me trás uma complexidade de informações, que mal consegui reter isso tudo que ela me disse naquele momento, e ainda estou intrigado por ela.

                         Essa figura apareceu para mim como uma mensagem de paciência e calma, primeiramente como algo que permiti o cuidado, o afeto necessário para o crescimento do ser, a atenção necessária para compreensão da vida e do mundo, porém ela estabelece uma distinção entre ela e eu. Ela é a Mãe, ela é a figura divina que está acima de minha humanidade defeituosa, com isso aponta para o futuro, demonstrando a necessidade da continuação do processo, da perseverança. Por isso não posso estabelecer um contato direto com ela, de forma estranha existe uma energia de consolo, porém com um misto de uma certa indiferença, que me chama para o crescimento, experiência muito próxima a última imaginação ativa que tive.

                               Daí chego a um entendimento do lugar em que estou. Não há um lugar estabelecido, ainda estou num processo árduo de preparar minha jornada, não tenho como parar esse processo, não tenho como me estagnar, preciso dar continuidade. Porém com a noção que não estou sozinho, que estou acompanhado, que obtenho ajuda, sabendo assim que não estou completamente independente, há uma força por trás das minhas ações, sentimentos e pensamentos. Essa energia que agora atua sobre mim é uma energia feminina, ou seja, não é mais no impulso agressivo que conquistarei as coisas, mas na confiança no processo natural das coisas, na paciência que constituirá minha ação no mundo, não mais nos extremos de uma  conquista impetuosa ou um isolamento reflexivo, mas na contemplação dos acontecimentos, no livre fluir das coisas que me levaram a uma vivência mais simples da vida, menos apegada e compreensiva. Agora tenho um entendimento melhor disso, saber o momento para cada coisa, sabendo que não preciso forçar nada.

                              Para além disso tudo deveria louvar a parte feminina de mim mesmo e também as figuras femininas em minha vida, entendendo que papel elas ocupam. Hoje mesmo de manhã Elizabeth me falou sobre a necessidade de desapegar da ideia de estar certo, isso para mim foi muito coincidente com a experiência do cartão. Percebo que minha relação com o meu masculino foi sempre exacerbada em detrimento da parte feminina que ficou inconsciente, por isso projeto facilmente no objeto feminino algo meu. 

                                    Para finalizar, penso em continuar essa leitura sobre o Arquétipo feminino em outras postagens, vou dedicar as quintas para ler o livro A Grande Mãe de Erich Neumann, e traz talvez mais algumas informações. Sentirei um pouco como processo irá se desenrolar.


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