quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Arquétipo Materno - Resumo

 

                    O arquétipo materno antes de mais nada representa algo muito mais amplo do que a relação pessoal de mãe e filho. Como arquétipo pode aparecer em diversas formas em diferentes culturas. Pois, os arquétipos não são a coisa em si, mas aquilo que precede a figura, ela preexiste na psique coletiva, então surge como símbolo em diversos formatos durante a história. Deve ser compreendido pela sua forma, não pelo seu conteúdo, ele se comunica através dos símbolos, acompanhado por um fator emocional.

           O arquétipo materno, segundo Neuman, primeiramente surge como a figura do Oroboros, a imagem da serpente que come seu próprio rabo. Essa imagem representa a fase indistinta da totalidade, onde se percebe a ausência de opostos, o mundo infantil. Os gêneros não são diferenciados ainda. Nessa primeira etapa da experiência humana vivida como a figura do “Grande Círculo”, aparece a figura da mãe propriamente dita pela primeira vez. Já como uma figura primordial, é aquela que é a origem de tudo, porém também representa a dependência do ser humano a sua influência, surge aí a díade da Mãe Bondosa e a Mãe Terrível, sendo elas duas muitas vezes fazendo parte da mesma figura. A mãe então é tanto a que dá luz, que protege e cuida, também têm qualidades destrutivas como a de devoradora.

                Esse aspecto denota a fase onde o inconsciente predomina na vivência psíquica do sujeito, onde não há um ego individualizado. O sujeito não se enxerga separado do mundo, sendo o mundo uma extensão de si. Está presente na psicologia do primitivo, nos seus rituais mágicos. 

                  Quando o sujeito passa a se diferenciar da influência materna, constituindo um ego separado do inconsciente, a figura feminina aparece como anima, como a parte feminina do homem. Assim, toma características transformadoras da psique. O Feminino então é representante do mundo inconsciente,  ameaçando as estruturas conscientes, gerando assim um conflito próprio dessa dinâmica:


Com a emergência de algo que é "como a alma" - anima - a partir do Grande Feminino ( o inconsciente), modifica-se não só o relacionamento do ego com o inconsciente, e do homem com o Feminino, como também a atuação do inconsciente dentro da psique adquire formas novas e criativas - Neumann, p. 42

     

                  O importante símbolo primordial do arquétipo materno é o vaso. Que é muito associado ao corpo, também consequentemente o mundo instintivo do inconsciente, a parte desconhecida do ser. É o lugar onde as coisas são geradas, onde há proteção necessária à gestação. Também como oferta de alimento. 

                         Do vaso surge também a representação do ventre, sendo o ventre contendo o útero, o lugar subterrâneo, associado a fenda, caverna, abismo, precipício. Caverna também é um símbolo associado à montanha. É aí onde as coisas nascem, para isso um lugar protetivo, que permite a gestação de algo, porém também é um lugar associado ao túmulo. Daí estão presentes tanto a vida quanto a morte. O túmulo é o local onde se guarda a morte, precisando também de proteção.  

                       





      Nota sobre o arquétipo:

 

   Percebi agora o motivo do arquétipo em minha experiência pessoal, diante de um conflito em um “relacionamento” o símbolo feminino veio à tona (especificamente a figura da mãe). Consegui perceber muito facilmente atributos e mensagem. Compreendi que era algo que estava escondido a muito tempo, coisa que eu não percebia que influenciava minha percepção diante do feminino, ou seja, a anima se tornou uma projeção quando não conseguia integrar a minha personalidade, atuando de maneira independente em mim.

    Depois de um tempo de clausura, logo vieram novas experiências que me tiraram desse modo ermitão. Percebi facilmente que não havia mais necessidade de me esconder, haveria necessidade de um novo contato com o mundo, mas certamente não pararia aí. Não percebia quão profundo era esse motivo.

      Quando me envolvi com alguém de novo algo de profundo foi mobilizado. Então aparece o arquétipo materno em minha vida. Durante esse período ficou clara a sua ambivalência. Em primeiro olhar é uma figura voltada ao cuidado, ao amparo, me trouxe essa necessidade de me acolher e de acalmar minhas ânsias. Porém, ao mesmo tempo é uma figura sólida e distante, como uma deusa ou uma rainha, daí a impossibilidade de me aproximar tanto. O cuidado é feito de cima, como um guia que te apoia quando necessário mas também põe em movimento. Durante esse período, logo percebi outros aspectos. Os conflitos, as dúvidas, a constante luta interna, mostravam o lado negativo da Grande Mãe, o aspecto mais destrutivo, porém necessário. Onde havia o amparo que necessitava? Porém, também havia a necessidade de continuar o processo, acreditar que haveria mais coisas pela frente. 

      Esse arquétipo motivou uma leitura mais profunda sobre ele, em nenhum momento houve um símbolo tão forte. Foi um processo muito difícil. Porém, teve seu fechamento. Até o momento onde cheguei a tentar resolver minha situação com a pessoa. No meio disso recebi uma carta de Tarô tirada por minha mãe que justamente representava a Criança. No momento fez muito sentido, mas foi estranho para mim, não conseguia ver como vivenciar o que a carta me pedia. Mas então consegui terminar a situação com a pessoa, consegui esclarecer os pontos cegos. 

       Agora de manhã volto a ler sobre o Arquétipo, então me vêm o insight: a mãe é o símbolo da gestação, ela gera algo, e o processo do parto pode ser doloroso, mas no fim haverá o resultado, ou seja, uma criança. Agora mais uma vez se fechou um ciclo para começar outro.






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