quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

            Hoje fiquei um pouco na dúvida do que gostaria de escrever aqui. Já faz  um ano e meio que posto aqui praticamente toda semana e sinto que algo mudou. Talvez seja o começo de ano, talvez seja o fato de que já faz um ano e meio e estou perdendo a inspiração. Desde desse momento do final de ano que tenho dificuldade de me concentrar em aspectos simbólicos, talvez esse seja o assunto que gostaria de comentar aqui.

          De modo geral consigo sim simbolizar esse momento, porém estou mais vinculado ao aspecto experiencial do que estou vivendo do que numa reflexão profunda. Uma energia nova está aparecendo, porém não sei ao certo se é uma energia construtiva ou destrutiva. Arriscaria dizer que seria os dois. Não me sinto diretamente responsável por tudo que está acontecendo em minha vida, não acredito que seja o autor disso tudo, há algo mais. Porém, sempre se apresenta como um mistério, que tenho que sustentar e manter a paciência diante do desconhecido.

             A última sessão que tive de terapia foi sobre isso: abrir mão do controle. Será essa resposta para todos os problemas? Tento de alguma forma ou de outra prever os acontecimentos futuros. Porém, sempre tento voltar a sabedoria de que isso não está sobre meu controle e então tentarei fazer aquilo que está ao meu alcance agora. 

             Há uma energia que me leva a querer as coisas a desejar, talvez possa chamar isso de apego. Busco ser lúcido e não cair nessa cilada. Esperar sempre algo do outro, ou de coisas que são externas a mim. Almejo dinheiro, relacionamentos, momentos de prazer e regozijo. Mas são sempre coisas que estão fora, que nem sempre estão a disposição e que muito facilmente podem falhar. Então em resultado vem a ansiedade. 

                Não sei ao certo se o que busco é a paz interior. Não é aquilo que estou colocando como meta. Para isso teria que buscar um outro tipo de atitude diante da vida. Mas de certa forma com todas frustrações e acontecimentos na vida, me vem a necessidade de me ausentar das coisas, de não dá o valor que estou dando. Então há esses dois movimentos estranhos, um mais ativo outro mais passivo. Por um lado quero o divertimento, os momentos de euforia, por outro quero momento cálidos de pura beleza e tranquilidade. De certa forma parece que não consigo nem um, nem outro. 

                  Entretanto, o que consigo perceber, é que estou acima de qualquer coisa que esteja acontecendo. Perder ou ganhar fazem parte da mesma equação. Isso me dá paz. Me vem a ideia de que nada é algo finalizado em si. Tudo é processo. Tudo acontece. E eu estou acontecendo junto. Se ganho algo, não estou plenamente satisfeito com esse algo. Se perco é uma grande frustração. Daí me vem a seguinte ideia: o que perco quando ganho, e o que ganho quando perco?

                    Não sei ao certo se tudo isso que estou refletindo faz sentido, mas de uma forma estranha está fazendo todo sentido do mundo. Não há outro lugar mais para encontrar essa paz ou esse regozijo, se eu tenho sempre um ponto de partida. Se as coisas nunca começam ou terminam. Sempre é uma continuidade. E só tenho que obedecer essa continuidade. And life flows on within you or without you.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

             Volto aqui de novo depois de algum tempo sem postar nada. Sinto que essa passagem de ano foi um tanto conturbada, guardando algumas mudanças essenciais a minha vida. Não sei ao certo se irei falar em detalhes tudo o que aconteceu, pretendo deixar fluir um pouco meus pensamentos.

             Existem mudanças que almejo fazer, organizar boa parte das coisas em minha vida. Sinto que tenho energia para tal e foco. Mas para além do controle que eventualmente posso exercer, há um sentimento ao mesmo tempo de desconfiança, um certo receio. Percebo que são coisas diferentes, por um lado sinto a confiança em conseguir dar progresso aos meus projetos. Entre para um novo grupo de estudos, estou atualizando meu GTD, pretendo começar a planejar a minha mudança, etc. Porém, existe um sentimento caótico atuando no fundo disso. Não me sinto plenamente seguro, plenamente confiante. Por debaixo dessa energia estimulante que venho tendo, há a realidade que nós vivemos e entre outras coisas que não sei nomear ao certo.

                 É estranho para mim chegar ao ano de 2022, para mim parece que é um ano que promete ser o que os outros anteriores não foram, porém também é um ano que guarda um grande arsenal de incertezas. Busco organizar essas diversas coisas, para não ficar tão vulnerável. Porém, nunca se sabe.

               Houve alguns momentos em que pensei em procurar alternativas, pensar possibilidade de encontrar novas formas de existência. Era estranho ao mesmo tempo pensar nisso, pensar na necessidade de mudar radicalmente meu estilo de vida. Estou caminhando num certo sentido. Busco me profissionalizar na área de minha formação. Porém, tudo pode mudar de repente e me forçar a buscar outras formas. 

                 Para além disso também, me vêm vários pensamentos sobre como encontrar uma saída para os problemas do mundo e qual minha responsabilidade diante disso. Me vem a pressão de definir uma corrente ideológica. Porém, me veio também um insight. Deixar que o devir tome conta desse processo. Percebo que as coisas são um constante vir-a-ser e que qualquer realização ou concretização segue procedimento. Então permito que as coisas tomem seu rumo sozinhas, que aquilo que faça mais sentido irá se mostrar.

                 Eu nessa semana comprei um caderno novo, com a ideia de ser um commonplace book. Descobri que esse conceito seria o ideal para o CATM, então decidi comprar um novo caderno:

             Até o estilo do caderno faz sentido para o projeto. Aqui colocarei todas coisas que me chamam atenção, meus estudos, pensamentos, etc. Será um inventário de tudo aqui que reflito e leio. Agora ao meu ver faz sentido que venho buscando fazer aqui e em outros espaços. Tenho receio de ficar perdido com tanta informação, porém aceito o desafio.

            Refletindo agora de manhã me veio o pensamento de novo sobre dois aspectos da minha personalidade e como lido com esses dois aspectos. Mantenho-me nesse processo do porvir, tento confiar nele. Sei que esse processo irá amadurecer e obter frutos (alusão a capa do caderno). Ás vezes me parece confuso e contraditório algumas coisas. Ás vezes me parece mais fácil escolher uma única posição, mas tento me libertar dessa necessidade. Não acredito que eu esteja tentando dar conta de tudo (mesmo que seja isso que esteja acontecendo). Reitero que não é meramente tentar dar conta de tudo, mas uma confiança num processo natural das coisas, onde serei levado para certas leituras naturalmente, sem precisar de um definição preexistente. Nunca estarei pronto, sempre estarei em processo e ainda muita chão para percorrer.

                 Buscarei ter confiança nisso, sem tentar ter controle sempre do próximo passo. Nem sempre saberei do que está acontecendo em minha vida, para onde vou, onde vou me estabelecer. Antes desse processo de fim de ano estava muito interessado na ideia de procurar uma identidade. Lendo o livro da Gestalt-Terapia, venho aprendendo a me desapegar um pouco disso. Como se eu tivesse que aprender a deixar soltar um pouco e deixar que as coisas em volta organizem as coisas por mim. Não seria uma atitude passiva diante da vida. Seria um movimento dialógico com a vida. Muitos momentos gostaria de decidir sobre as coisas. Não queria sentir que estou sozinho nessa por exemplo. Mas a solidão muitas vezes é o que me resta. A configuração das coisas está em constante mudança, e tenho que seguir esse fluxo, como o pensamento oriental apregoa.

                   Percebo que esse momento é o que é possível para mim e o que a natureza está me presenteando. Tenho que vivenciá-lo de forma total. Busco me amparar em coisas e sentimentos. Não no fluxo constante da vida. Buscar ir além dessa rigidez, para assumir o formato da água (como é dito no livro da GT).

Reflexões sobre "Cuidando do Cuidador"

      Esse fim-de-semana houve um evento do meu curso chamado "Cuidando do Cuidador". Fiquei um pouco reticente sobre isso, eu ter...