quinta-feira, 7 de abril de 2022

Reflexões pós-Aldeia

                          Volto aqui com mais algumas reflexões. Estou um tempo sem postar nada e só agora terminei o relato da viagem a Aldeia. Me sinto um pouco cansado, não queria ter que sentir isso sempre que quero postar algo aqui. Tentarei ser breve, mas sei que algum momento tenho que rever minha organização em relação aos posts.

                          Voltei a minha normal, com a sensação que nada mudou. Não consigo acreditar de verdade nisso, mas ainda percebo minha tendência a neurotizar e buscar intelectualizar tudo. Culpo o contexto em que vivo, o contexto urbano. Também penso na configuração que estamos vivendo agora. Minha relação com o espaço mudou desde do início da pandemia. Não tenho a mesma rotina de sair todos os dias. Fico muito em casa, saio mais para caminhar no parque. Portanto, penso demais e movimento de menos.

                          Vivo uma sensação de conflito constante. A terapia não está ajudando muito. Não sei o que pode ajudar. Não há uma resposta precisa para nada. Não consigo confiar no processo natural das coisas sem achar que eu tenho que exercer algum tipo de controle. Percebo que o controle é necessário em algum nível. Sem ele não consigo fazer nada. Há algo em nós que pede movimento, ação. Porém, que essa tendência gera insegurança, tensão, ansiedade. Então muitos momentos preciso ser menos controlador, deixar fluir as coisas. Porém, eu sinto que essas duas forças nem sempre estão em harmonia total. 

                        A última vez que fui a terapia esse tema emergiu. Eu percebo o quanto não há uma ausência total de tensão quando digo que estou relaxado, ou ausência da necessidade de relaxar quando estou tenso. É um processo complicado conviver com esses dois aspectos. Disse a minha terapeuta que os momentos que estou sob efeito de alguma substâncias são os momentos onde eu sei que posso desligar completamente meu racional. Porém o efeito da substância em algum momento para e o racional volta de forma total depois. Além que muitas vezes sinto como sendo um efeito artificial, nem sempre sinto que estou totalmente entregue a experiência.

                       Mas não consigo comparar esse efeito a qualquer outra coisa. Meditação nunca me deu uma sensação de entrega. A massagem feita na terapia me deu uma sensação muito próxima a isso, uma ausência do controle racional, porém só durava um dia, não havia um efeito perpetuo. De qualquer forma acredito que devo aprender a conviver com isso, entendendo quais são meus limites, me escutando sempre. 

                        Na sessão anterior a sessão passada eu tive um acesso de raiva e explodi durante a sessão. Foi algo que nunca fiz na sessão com essa intensidade. Foi um sinal para mim de que eu estava rompendo com o meu racional. Só assim que veio o choro, e a terapeuta me deu esse feedback: que foi a primeira vez que eu tinha chorado na terapia. Percebi que havia um peso muito grande sobre mim, que muitas vezes não sei qual é o tamanho. Não sei como mensurar isso, não sei ao que recorrer, não sei como organizar isso tudo em algo que faça sentido e que me dê uma noção de resultado. Uma das coisas que falei na sessão passada foi que tinha medo da demora, de que só entenderia certas coisas depois de muito tempo.

                           Nesse momento recebo uma frase de um ex-professor meu de história e filosofia: Ars Longa, Vita Brevis. Deixarei o texto com essa frase.

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