quinta-feira, 30 de junho de 2022

Viagem a Gravatá

              Fui para Gravatá esse fim de semana com a família. Antes da viajei estava um pouco apreensivo, não sabia ao certo como seria, se seria uma repetição da mesma coisa sempre. Por outro lado estava cansado de Recife e das companhias que venho tendo. Estava necessitando de um momento para espairecer, não me preocupar com outras pessoas em volta e estar num lugar mais calmo, próximo a natureza. 

              Até o momento da viagem, havia uma grande ansiedade, podia perder a oportunidade de ter um tempo de fato sozinho, tendo a casa em minha disposição. Mas soube que havia uma grande possibilidade de não estar muito bem com isso tudo, seria muito fácil de eu estar ansioso e não conseguir desfrutar do momento sozinho. Por outro lado, sentia um entusiasmo em ir, que muitas vezes tentei não crer muito nessa intuição, pois muitas vezes isso aconteceu e não tive um bom resultado disso. Levei algumas vezes essas questões na terapia, elaborei minhas mágoas em relação a minha família e elaborei outras questões também.

               Consegui perceber quanto o semestre passado carreguei muito peso, muitas preocupações e ansiedades estavam presentes e mal conseguia ter consciência disso. De fato tive que elaborar muitas coisas, consegui progredir em alguns aspectos da minha vida, mas a viagem me ajudou a compreender de forma mais lúcida todas as questões que estavam me perturbando.

                 No primeiro dia, quando chegamos, não estava tão bem. Achava que a viagem não iria valer a pena, apesar de estar num lugar mais tranquilo. Achava que ia ser extremamente entediante e que não conseguiria me aproximar de  meus familiares para ter uma conversa. Nesse dia todos estavam conversando sobre assuntos que eu não conseguiria me incluir. De fato eu destoava daquele grupo, pois eu era o único jovem de lá. Com o tempo as coisas foram se desenrolando e essa preocupação desapareceu quase que por completo.

                   No segundo dia consegui ouvir minhas músicas quase que o dia inteiro. Pela manhã e na noite. Não acredito que foi do jeito que sempre idealizei, porém consegui usar esse momento. Tive que aprender a exercer a paciência, quase que todo momento. Assim, pude ler um pouco o movimento das coisas, como eu poderia me encaixar. Jogamos um pouco durante a tarde, que foi bom, porque mostrei os meus conhecimentos através do Master. De noite aproveitei que estavam jogando outro jogo, para focar mais na música, nas cervejas e no cigarro.

                      No terceiro dia, minha mãe e tia chamaram para fazer uma caminhada. Logo no começo minha tia usou esse momento para falar sobre o hábito de fumar. Já estava na defensiva, porque achei que ela iria me dar um sermão. Acabou que a conversa se ampliou muito mais do que isso. Ela me deu alguns conselhos de vida que me ajudaram muito. Ali consegui entender melhor o motivo da viagem. Naquela conversa pude ver outra pessoa me dizendo que não precisava me cobrar tanto, que podia relaxar mais. Estava precisando que alguém me falasse essas coisas já a um tempo. Isso me ajudou não só a me entender mais, mas entender os outros em minha vida, naquele momento mais especificamente meus familiares. Demorou muito tempo para conseguir entender minha relação com eles. Esse fim de semana me ajudou a me desarmar mais, e vê-los de forma menos raivosa.

                         A partir desse momento caiu um pouco a ficha para algumas coisas. É estranho pensar que quando voltei da viagem, a vida retornaria. Me sinto feliz por retornar com uma nova visão, uma perspectiva mais tranquila sobre tudo. Porém, ainda há um certo medo, um certo receio, de como serão as coisas. Entretanto, consigo ter uma base onde me estabelecer, sabendo que não adianta me preocupar tanto, pois isso não me ajudaria muito. Foi útil a viagem em me deixar mais confiante nas coisas, buscando deixar as coisas acontecerem sem um esforço para controlar.

                           Outro ponto que penso que deixou uma marca essa viagem foi sair do meu próprio centro. Muitas vezes idealizei a mim mesmo e a vida que gostaria de ter. Isso criou uma ideia de que sou o centro de minha vida e que tenho que ir atrás desse ideal. Momentos como esse me mostraram outras facetas que dificilmente compreendo. Muitos momentos nos colocam desafios para sairmos de nós mesmos e entender o que está em volta. Aprender a agir conjuntamente com o ambiente de fato faz com que aja uma ampliação da percepção da vida, assimilando novas possibilidades de viver o presente, sabendo ouvir melhor como as coisas se comportam, para ao invés de entrar em conflito saber dialogar e se harmonizar com as coisas.

                               Essa percepção, ao mesmo tempo que é muito útil para minha vida, gera um certo desconforto, porque aí as coisas não podem ser controladas, assim, de certa forma, parece que perdem a sua identidade. A experiência deixa de ser só minha, mas algo compartilhado. Quando isso acontece, tenho dificuldade de julgá-la, de forma afetiva. Então, não sei ao certo qual o meu papel, muitas vezes cai num lugar cinzento, em que não tenho certeza do quão eu tiro satisfação disso. É de fato algo novo, talvez algo que estou buscando assimilar, mas ainda tem uma certa estranheza.

                              Para concluir, talvez acredite na ideia do Wu Wei em minha vida atual. As coisas simplesmente acontecem, de forma natural. Muitas vezes tentei forçar as coisas, ao invés de contemplar como as coisas acontecem sem minha ação. Gostaria sim de aprender mais com isso, sabendo aceitar as coisas sem tentar modificar tudo de forma artificial. Percebo agora o quão isso é necessário e me ajuda a crescer e desenvolver.



quinta-feira, 16 de junho de 2022

(II) Imperatrix - Basileia - Imperatriz (2,3)

                                                            

                                         

Motto:

     *Magna Mater omnium nutrix* (Great Mother, nurse of all)

Divindades:

    Afrodite, Vênus, Deméter, Ceres, Hera, Juno.

Letra Grega - Gama

     Genesis = Geração, produção, criação, forma de nascimento.

Trigrama

    K´un = Receptivo. Imagem: Terra. A Mãe, associado com receptividade, docilidade, 
frugalidade e suporte.
 

Descrição

    Tal carta está ligada ao aspecto da fertilidade, do mundo natural. Encarna o arquétipo materno que nutre, que gera e permite o crescimento dos seres. Como Imperatriz, ela governa sobre a materia, paço que O Imperador governa sobre os assunto espirituais. Assim, ela não só o desenvolvimento e crescimento das coisas, mas preside sobre sua organização e conservação.
     Ela ligada as fases da vida, como nascimento, desenvolvimento e declínio. As divindades gregas Hera e Juno são diretamente ligadas ao casamento e ao sexo, elas também estão conectadas com a gestação e com o nascimento e guia dos primeiros anos de uma criança. Estão diretamente ligadas a multiplicação da raça e com a fertilidade.
      A Imperatriz está ligada ao Eros Maternal, enquanto O Imperador está ligado ao Logos Paternal. Os dois aspectos masculino e feminino representados por Zeus e Hera, são o confronto entre a consciência-ego e o inconsciente arquetípico que precede o nascimento da criança unificada. Como Afrodite, é a representação feminina do duplex mercuriano, resultado a partir da união dos dois o Hermafrodita.
     O Pavão, símbolo comumente associado a Hera e Juno, tem uma relação intima com os ciclos da natureza pela renovação de sua pelugem todo ano. O pavão e o arco-íris, representam a síntese de todos os elementos e suas qualidades.
      Na alquimia, é representada pelo Sal, sendo ele o princípio da natureza. É o princípio materno nutritivo que envolve toda matéria no Útero da Vida, alimentando, preservando e desenvolvendo as formas da existência material. Representa o desejo de procriar e gerar a Vida. Junto ao Enxofre, princípio masculino da energia criativa em O Imperador, gera o Mercúrio. É também conhecida como anima vegetativa (alma vegetal). 
 

quinta-feira, 9 de junho de 2022

       Volto aqui depois de um grande tempo sem escrever esse tipo de texto. Sinto que esse momento atual pede uma reflexão como essa. Como sempre nunca consigo entender direito o que está acontecendo em minha vida no momento atual. Posso dizer que consigo entender em parte, consigo ter ideias sobre, mas não consigo compreender a totalidade de tudo do que está acontecendo.

       Acredito que há algumas coisas que marcaram esse período. A primeira foi a visita de Petros e a segunda foi a conversa que tive com Marcos semana passada. O primeiro evento foi algo que marcou a forma como me relaciono com as pessoas, com o mundo, de uma forma geral. O segundo evento foi algo que marcou a forma como me relaciono com pessoas mais próximas e como me relaciono comigo mesmo.

     Depois desses dois acontecimentos, principalmente em relação ao segundo, eu percebo o mundo e a minha vida de maneira diferente. São coisas que acontecem sem a minha capacidade de prever. Não sabia que eu ia ter tanta ansiedade diante de estar com outras pessoas e não pensaria que Marcos iria ter uma crise. Mas logo percebi que esses dois eventos me ajudaram a buscar ter mais resiliência, a ser mais persistente e não desistir. 

    Ontem ouvi uma frase que fez muito sentido para esse momento agora: "Ser adulto é se dar conta da incompletude do mundo e mesmo assim não se dar por vencido". É como me sinto agora. Cheguei a conclusão que não tenho como confiar em quase nada, tudo é impermanente, tudo passa, tudo muda de forma constante, cada vez mais isso fica claro para mim. Por um lado me sinto feliz pela oportunidade de ver minha vida com outro olhos, não com os olhos dos outros, mas com os meus, posso experimentar a mim mesmo agora, sem a intervenção externa.

      Percebo esse momento como o momento invernal, analogo a carta do (IX) O Eremita, de novo me reencontro com minha solidão, com o vácuo de minha existência. Hoje de manhã com uma conversa com Petros me deu um conselho que foi surpreendentemente útil, nada muito diferente do que já pensei, mas em ver outra pessoa falar isso me ajudou muito. Ele disse que pessoas passam, e que deveria focar no meu trabalho e estudos, foi uma surpresa ouvir algo proveitoso dele, alguém que eu estava um pouco reticente. Isso me dá a ideia se que não preciso me preocupar com essas coisas, que posso sim seguir minha vida sem me preocupar com as pessoas que vão estar meu lado.

     Esse último domingo estava lendo um livro de filosofia e ele trouxe uma reflexão importante. Era uma citação de Aristóteles falando que os filósofos fazem parte do grupo dos melancólicos. Isso me surpreendeu, primeiramente porque há aí uma analogia aos temperamentos e segundo por eu ser um melancólico. Como se eu tivesse encontrado minha natureza, minha essência, isso me deixou muito feliz pelo fato de entender meus maneirismos, minhas idiossincrasias, e abraça-las, como uma virtude. Melancolia não seria apenas um sentimento de tristeza, mas uma forma de encarar o mundo e a existência. Posso a partir pensar como superar as limitações que são impostas pelo mundo, transcendendo a ignorância e me aperfeiçoar cada vez, em busca de um estado melhor, para além de tudo que frustra esse crescimento.

     Agora gostaria de escrever um pouco sobre o que estou lendo. Estou lendo um pouco de Jung. Me vem em seu texto o conceito de inconsciente. Me leva a pensar que o inconsciente seria esse terreno com uma diversidade de conteúdos, totalmente alheios ao eu consciente. É um terreno tão vasto que o consciente é incapaz de compreendê-lo. É interessante pensar como isso se dá no atual momento, onde há algo acontecendo em minha vida que não consigo descrever bem, não consigo conceber a totalidade dos acontecimentos internos e externos de uma forma inteligível, que provavelmente só irá ficar mais compreensível durante o tempo. De qualquer forma me vem a ideia de que na psicologia houve essa preocupação em entender tudo aquilo que foge a capacidade do controle do intelecto, entender tudo aquilo que está fora do campo do racional, da capacidade de reflexão. Esse processo existencial nos coloca em perigo qualquer busca de um entendimento puro da vida, de qualquer tentativa de preencher a falta, daí posso entender isso como processo de individuação, deriva, entre outros nomes.

     Depois ele fala um pouco sobre a presença de um elemento feminino na psique masculina. Como sendo a parte oposta que está submersa. O arquétipo feminino fora algo que estudei no ano passado, no começo desse ano em um jogo apareceu para mim (II) Alta Sacerdotisa e agora estou lendo no Tarô Pitagórico (II) A Imperatriz. Aparentemente é um símbolo importante, que devo levar em consideração. Pensando ainda, que a representação do inconsciente seria feminina, sendo assim tendo características opostas a representação ativa do consciente.

    Penso em escrever de forma mais concisa sobre essas temáticas em um texto em outro blog, na próxima semana farei mais um post com a carta da (II) Imperatriz, trazendo mais detalhes sobre a carta e os aspectos ligados a ela. Posso adiantar que cada vez que avanço nessas leitura saio com mais informações, mais curiosidade e inquietações.

Entrevista para genograma de minha família

             Ontem, fiz uma entrevista com minha prima para fazer meu genograma. Deveria ter feito isso já um tempo, mas acredito que foi p...