terça-feira, 9 de agosto de 2022

Diário #19

                   Dia de Terça, dia inspirado como sempre. Iniciei o dia com uma aula no Communitas. Percebo que ter esses encontros me ajudam a enxergar coisas que não consigo facilmente. Ouvir outra pessoa falando sobre um assunto abre minhas perspectivas para aquilo que é dito. Depois comecei a ler um artigo de Paul Goodman sobre Kropotkin, mais especificamente sobre seu livro Memórias de um Revolucionário. Eu consegui entender de modo geral, peguei algumas citações, mas fiquei com a sensação que não havia uma síntese desse texto, senti que algo de muito avulso.

                    A tarde tive a terapia e depois fui a Jaqueira. A sessão foi boa, senti que estava mais tranquilo, apesar de ter problematizado um série de coisas em minha vida, porém me senti mais leve em relação as coisas que estava falando. Depois disso fui a Jaqueira de Uber. Lá fiquei ouvindo o resto da entrevista do Matheus Ruzzarin. Nessa parte ele fala mais sobre filosofia, mais especificamente sobre Sócrates. Indo para casa depois da caminhada refleti um pouco mais sobre algumas questões (como sempre). Houve uma mudança de perspectiva entre o momento da manhã para o momento quando estava chegando em casa. De manhã pensei sobre uma visão positiva em buscar o amor pela sabedoria, onde reside o significado da palavra Filosofia. Isso significa, que a busca pelo conhecimento é sim algo positivo, que deveria buscar e incentivar. Porém, quando estava chegando em casa pensei, como foi sensível a minha mudança de perspectiva quando li o livro Introdução ao Filosofar. Não posso enxergar mais a conquista do conhecimento como um simples acúmulo de conceitos, me utilizando daqueles que me apetecem mais. Conhecer seria um ato de entrega, seria um mergulhar profundo naquilo que se conhece, seria um ato de abertura. Então, conhecer os grandes clássicos, por exemplo, não é mais um subterfúgio para justificar uma série de pensamentos que já estão presentes em mim, mas seria um salto para um desconhecido, seria me despir completamente dos conceitos anteriores para adquirir novos. 

                  Esse tipo de pensamento muda radicalmente a forma como me vejo e vejo o mundo. Percebo isso como algo que foi extremamente importante na minha vida. Como se não estivesse preparado anos antes, que só agora fui aprovado pelos Deuses para entrar em tal universo. Obviamente, isso seria uma espécie de sacrifício: tenho que abdicar daquilo que fui, da minha perspectiva anterior para adquirir uma nova. Há um processo de morte e renascimento aqui. Então, não poderia simplesmente achar que meus estudos são uma continuação das coisas que estudei e me relacionei no passado, mas como uma transformação profunda do meu ser. Portanto, exigiria muito mais cautela e paciência para lidar com tais coisas. Estudar um filósofo talvez me exigiria anos para compreender em sua totalidade sua obra, para só então depois passar para o próximo. Tenho minhas reais dúvidas sobre aqueles que engolem tais obras, que não deram o devido tempo para contemplar suas reflexões.

                Sinto um misto de curiosidade e receio diante disso tudo. Sei o quanto posso estar perdendo quando me aprofundo nessas leituras, mas ao mesmo tempo há um desejo irresistível de conhecer, de saber mais, de compreender melhor uma série de coisas. Quero deixar que o tempo decida sobre isso tudo e que eu saiba ter calma para saber a justa medida de tudo.

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       Percebo que as coisas estão mudando. Sinto um certo receio, não sei para onde isso vai. Percebo que pequenas mudanças estão acontecen...