terça-feira, 16 de agosto de 2022

Diário #22

                 Hoje talvez estive com mais questões. Percebo o peso de meus pensamentos, tenho muitos. Penso se estou acumulando muitas ideias sobre muitas coisas e acabo por lotar minha cabeça de tantos questionamentos e reflexões. Me pergunto se estou tentando acelerar o processo de chegar a conclusões. Com medo de me equivocar, com medo do erro. Me lembro do que Perls falava sobre isso, que erros não sãopecados que o verdadeiro pecado é o perfeccionismo.

                    Pela manhã continuei minha leitura do livro Gestalt-Terapia e Experiência de campo. Não li muito do livro. Falava sobre os ajustamentos psicóticos. Foi bom voltar a essas leituras. Depois vi alguns videos sobre organização. Refleti um pouco sobre isso, do qual formato seria melhor para organizar o Notion. 

                       De tarde fui a terapia. Estava refletindo sobre outras coisas enquanto chegava lá. Pensei sobre minha identidade e como ela não dialoga com a maioria das pessoas. Pensei em levar esse questionamento a terapia. Entrei num emaranhado de coisas que acabaram indo para outro lugares. Saí com a sensação que realmente não sei quase nada de nada, que não tenho como ter controle sobre nada. Essa reflexão me acompanhou em outros momentos.

                          Fui depois a Jaqueira. Continuei a ouvir o podcast de Matheus Ruzzarin. Ele falava sobre a obra de Platão. Enquanto isso pensava quando que teria disponibilidade para lê-lo. Acho que depois da conversa de Leandro no domingo, me senti com a obrigação de logo ler tudo, para que então pudesse ter uma conversa com Pedro. É algo que mal consigo prever sobre mim, uma ansiedade imensa para competir. Como se eu não aceitasse o momento presente, como se eu não desse tempo ao tempo. Depois quando estava voltando para casa pensava sobre essas coisas todas, e de repente me veio um insight: pensei que o segredo estava naquilo que não sei do que naquilo que sei. Não tinha percebido que todas as questões que povoam as minhas reflexões estão ligados a tudo aquilo que ainda não domino, tudo aquilo que não tenho controle. Isso envolve tanto espiritualidade, quanto política, quanto outras áreas. Tenho uma ânsia para saber mais, para ter mais controle sobre o que sei e que eu tenho como responder as grandes perguntas. Como se eu não me permitisse não ter controle, estar aberto para o mundo, para tudo aquilo que deriva. A postura contrária seria talvez a mais ideal, compreender a própria ingenuidade, compreender minha própria pequenez diante do mundo, sabendo que me relaciono com ele, ao invés de ter uma postura de poder sobre o mundo.

                           Esse foi um ponto que trouxe a conversa com Leandro. Talvez foi a primeira vez que consegui entender de forma mais profunda a totalidade de coisas que venho estudando. Porém, ainda sei que minha capacidade é muito inferior diante da complexidade que é o real. Assim, busco desenvolver uma abertura para o real, como diria Bornheim. Tudo que busco saber é antes tudo uma consciência de que não sei. Uma consciência da minha própria incompletude, da minha própria falta.

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