sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Diário #30

                Já é fim de semana, me sinto um pouco ansioso em relação a algumas coisas. Não tive nem a reunião do artigo nem atendimento hoje, fiquei o dia todo praticamente no Horizonte. Foi bom porque continuei minha leitura do livro de Belmino sobre Goodman, estou achando uma leitura muito boa. Penso que posso chegar a algumas ideias importantes para compreender meu próprio trabalho na clínica e como isso se reflete dentro de uma perspectiva mais política. Gostaria de aceitar o processo das coisas e isso inclui diversas outras coisas. Percebo que a minha vontade de compreender como me relaciono com o aspecto espiritual e político, no meio disso há as coisas que faço no meu cotidiano, as coisas que consigo por em prática. Foi o que refleti durante a tarde. Cada vez mais que leio algo, experimento outras coisas em meu dia-a-dia, assim as coisas passam a fazer certo sentido. Deveria nesse momento buscar sustentar aquilo que parece confuso no momento presente, sabendo que cada experiência aprimora minha forma de me enxergar e enxergar o mundo.

                   Tento trazer aquilo que li sobre John Dewey mais cedo: A ideia de colocar a experiência como foco. Além disso também no final do tópico trouxe uma reflexão sobre tudo aquilo que desvia a própria experiência. Há algo em nosso contato com o mundo que foge a capacidade de controle. Isso pode ser observado na clínica por exemplo. Me sinto satisfeito em relação a esse pensamento, em pensar que há algo além da minha capacidade intelectual de dar sentido. Percebi isso recentemente, numa busca imperiosa de me estabelecer em algo, de saber qual é o antídoto para as questões que me inquietam. Logo me dei conta de havia algo que estava para além do meu julgamento, não poderia de pronto compreender o que me faz querer ter poder sobre mim mesmo e sobre o mundo.

                   Estava pensando sobre um série de coisas quando estava no Horizonte. Sentia uma sensação de vazio. Encarava a realidade de forma crua, foi assustador. Pensar que tudo que está aí simplesmente está aí, sem ter que tomar cabo disso, sem ter a capacidade de modificação, foi difícil aceitar essa realidade. As coisas parecem estranhas diante dos meus olhos, por mais que eu queira as coisas diferentes, por mais que eu tenha a esperança de um dia melhor, essa estranheza sempre me acompanha.  O futuro tem grandes promessas, mas nada será como antes. O que me resta é o presente, vivenciar o que está disponível a mim agora. A ausência nunca sabe se vai ser algo permanente ou não. Não sei se estou sozinho ou acompanhado. Não sei de nada de fato. Só sei do que está acontecendo agora, que passa, e se torna passado.

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       Percebo que as coisas estão mudando. Sinto um certo receio, não sei para onde isso vai. Percebo que pequenas mudanças estão acontecen...