segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Diário #31

                       Voltando a escrever por aqui. Mais um fim de semana que escreve nada no diário. Bem, no sábado fui para o Loa sozinho, não foi uma experiência muito boa, aprendi algo com isso. No domingo teve algo bom que foi o Vegnique. Porém tive outro momento complicado a noite. Penso em retrospecto, que gostaria de mudar minha atitude em relação a algumas coisas, mas essa busca por mudanças é algo muito lento, não existe nenhum tipo de atitude que eu possa fazer logo de cara que não possa ser completamente desviada depois. Acredito que a única que se mantém como verdadeira é focar mais no agora.

                           Busquei ser mais racional, mas acabou que aconteceu o oposto. As emoções voltaram a ter um papel. Hoje pensei sobre isso, como tudo se torna cada vez mais incerto e instável. Penso em aceitar mais essa instabilidade, não necessariamente como algo que seja exclusivamente positivo, eu assumo aquilo que me incomoda, porém é uma busca por balanço, entre as partes que estão constantemente em conflito. Cheguei a um entendimento que nunca conseguirei de verdade colocar tudo em ordem e seguir a vida como uma coisa una. Existem diversas partes, muitas vezes contraditórias em si, portanto deveria compreender que a realidade é essa, esse constante desamparo. Tive receio de que essa "bagunça" interna dificultasse minhas relações externas, me tornasse uma pessoa confusa diante do olhar dos outros, mas a experiência do sábado me ensinou a não me importar demasiadamente com isso, não adianta. Sinto como se precisasse surfar a onda das coisas que acontecem, em certos momentos a maré está baixa, outros momentos acontece o contrário.

                          Fui a Jaqueira junto com minha mãe hoje pela manhã. Conversamos um pouco sobre alguns assuntos. Ela me recomendou ler o livro Prazer de Lowen. Me animei a ler, apesar de não saber quando de fato farei isso. Porém pensei sobre outras questões, especificamente sobre as leituras que venho tendo. Consegui ter alguns insights sobre essas coisas todas. Percebi o quão não há uma teoria ou perspectiva para me estabelecer, consegui entender o porquê de certas ideias. Essa incerteza que tinha escrito acima pareceu ser algo de fato que engendra tudo, não uma mera teoria. Entendo agora porque focar na Função Ego, ao invés de focar na Função Personalidade, ou até mesmo a Função Id. É na ação que nos constituímos, que fazemos a nós mesmo e refazemos. Do contrário ou nos prenderíamos a uma formulação rígida de quem nós somos, sem capacidade de reinvenção, ou esperaríamos um chamado da natureza para qualquer coisa que deveríamos fazer. É na ação onde podemos experienciar o mundo, em seus acertos e equívocos, é onde nos fazemos humanos, no plano individual e coletivo.

                            Talvez essa perspectiva me deixe mais em paz comigo mesmo, podendo aceitar melhor minhas idiossincrasias, ao mesmo tempo que me possibilita inovar, experimentar algo, incluir algo. Concebendo o futuro e o passado como fundos, entre aquilo que é aberto e aquilo que já está dado, me volto ao presente, um eterno fluxo de agoras. Me sinto feliz por compreender melhor isso, assumindo a aventura que é justamente isso, avançar no mistério que continua sendo a vida.

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