domingo, 13 de novembro de 2022

Diário #52 - Resumo de Sábado e Domingo

                 * Sábado (12/11):

                  O dia começou com o Webnário sobre Famílias. Consegui chegar a tempo. Tinha uma certa expectativa com esse Webnário, pois seria uma chance de dar um passo a frente em minha profissão, ampliar os horizontes, etc. Pensei que trabalhar com famílias seria também uma possibilidade de trabalhar com grupos, tendo uma visão mais ampla onde a clínica individual não consegue chegar. Porém, não consegui me concentrar durante o dia inteiro. 

                    Pela manhã acredito que me concentrei melhor, porém estava bastante agitado. Minha cabeça não parava, fazendo inúmeras associações com outras coisas. Não conseguia relaxar para focar no que estava sendo dito. Na tarde foi pior ainda, não conseguia me concentrar nem um pouco. Foi torturador. O tempo todo pensava sobre a viagem para Gravatá, não conseguia tirar isso da cabeça. Com o passar do tempo fiquei ansioso por outra coisa também: iria sair com Letícia a noite. A mensagem dela dizendo que iria sair do trabalho às 21:00 me tranquilizou um pouco. 

                    Não consegui ficar até o final do Webnário. Me questionei até se eu iria fazer o curso de Família. Não foi algo agradável pensar nisso. Porém tentei deixar para lá e depois pensar melhor sobre isso. Depois usei o tempo que eu tinha até sair de casa para ouvir música. Pensei primeiro em escutar Jazz. pensava sobre talvez ouvir aquele album que tinha escutado do Gary Mulligan. Mas no caminho acabei escolhendo ouvir The Birth of Cool do Miles Davis. Bem, em conclusão eu não fiquei tão entusiasmado quanto gostaria. Mas aí decidi ouvir o album do Fred Frith, Gravity. Acredito que essa vez foi mais interessante. 

                      Demorou para eu sair de casa. Acredito que saí por volta das 21:30. Nos encontramos no Loa, nas Graças. Quando ela apareceu foi bastante diferente do que eu pensava que seria. Ela não parecia que tinha se importado muito em me ver, então não se "ajeitou" bastante. Começamos a conversar. Ela realmente tem uma energia cativante. A conversa foi bastante tranquila. Na hora pensava que aquilo fazia muito sentido, que as nossas personalidades se combinavam de alguma forma, pela energia da conversa. Mais tarde aconteceu algo um pouco pesado. Um pedinte entrou no bar. O segurança levou ele para fora e começaram a discutir. Isso escalou para uma briga física. Não foi uma cena muito bonita. Com isso ela me deu a ideia de ir a outro lugar. Fomos então para o La Ursa.

                          Quando chegamos no lugar estava praticamente vazio. Havia apenas uma mesa grande cheio de pessoas que parecia ser um aniversário de alguém. Demoramos para escolher um lugar para sentar. Depois de um tempo escolhemos sentar num lugar ao lado a mesa grande, só que num espaço mais alto. O lugar estava quente, com uma música muito ruim. Pedi um drink e um taco vegetariano. Continuamos a conversa. Até decidir sair de lá porque estava incomodada pelo ambiente. Foi uma cena um pouco constrangedora, mas eu não me importei tanto quanto me importaria. Quando terminei de beber fui até ela. Ela deu a ideia de ir outro lugar, porém não havia outro lugar para ir, então ela decidiu ir embora, sem ter me falado inclusive. Fiquei mal com isso, porém não queria deixar isso me consumir.

             *  Domingo (13/11)

              Acordei um pouco mais tarde, não muito. Logo pela manhã pensei o que eu iria fazer durante o dia. Estava na dúvida assistia algo. No final decidi ir para a lage fazer algumas colagens. Pensei que poderia fazer algo sem muita pretensão. Reuni algumas caixas com coisas que tenho coletado e levei lá para cima. Acho que foi um bom exercício de criatividade. Também refleti muito sobre algumas coisas. Sobre posturas políticas e como isso tem a ver com a arte e com outros assuntos. Pensei sobre como a experiência deveria ser a base da política, a experiência de cada indivíduo diante do ambiente coletivo em que vive.

               Depois do almoço terminei de ler o livro de Chomsky, O Governo do Futuro. Isso me inspirou mais ainda. Penso que esses autores, tanto Price quanto Chomsky buscam ler de tudo. Todo pensador político, independente de que lugar ocupa nas ideologias políticas, tem valor de ser lido. Ou seja, informação nunca é desnecessário. Depois fui assistir um filme de Agnès Varda, Catadores e eu. O tema do filme parecia fazer muito sentido em relação ao que eu estava refletindo mais cedo. Ainda vi uma ligação com as colagens que estava fazendo pela manhã. No fundo, buscar coisas que foram jogadas fora pela rua, é ser um catador. 

                Depois do filme decidi meditar um pouco. Parei 5 minutos para meditar. Depois disso parei para refletir um pouco mais. Pensava como a vida ás vezes parece vazia. O sentido parece que se esvai. Busquei entrar em contato com isso. Entrar em contato com a vida em sua forma mais nua. Não foi algo fácil. Aceitei a minha condição. Sou um ser faltoso, eu sofro, eu desejo, eu me apego. Percebo a minha finitude. Não sei se da maneira mais nítida possível. Mas acredito que quando entendemos que realmente somos estamos nos confrontando com a nossa própria finitude. 

                  Eu não sei se fico alegre ou triste por esse pensamento. Não sei ao certo se aceito essa perspectiva em partes, não no todo. Só sei que não quero fugir de mim mesmo e de meu sofrimento. Não quero mascarar a realidade. Não quero me refugiar na superficialidade do mundo. Eu quero aceitar, me aceitar.

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       Percebo que as coisas estão mudando. Sinto um certo receio, não sei para onde isso vai. Percebo que pequenas mudanças estão acontecen...