terça-feira, 22 de novembro de 2022

Diário #57

                 Hoje é um desses dias onde estou muito agitado mentalmente. Não tive o grupo de estudos nem pela manhã, nem de noite. Aproveitei para avançar na minha leitura do Gestalt-Terapia e Experiência de Campo. Estou quase no final. Depois disso ficou um tempo vazio então aproveitei para ler o artigo do Herbert Read: Existencialismo, marxismo e anarquismo. Ler esse artigo me fez compreender uma série de coisas. Fiz inúmeras conexões com o Zen-Budismo. 

                 De tarde fui para Terapia. Lá consegui botar para fora tudo que estava povoando minha mente. Me sinto a vontade para explorar meus pensamentos e sentimentos. A sensação que tenho é como se eu tivesse ocupando todo espaço da sala. Percebo que existe uma necessidade compulsiva de falar. Quando deixo a terapeuta falar, era como se eu precisasse restabelecer meu controle. Percebi isso de forma muito clara. Consegui perceber outras coisas também. Muita coisa emergiu naquele momento.

               Eu saí da sala com todas essas reflexões ainda borbulhando. Lá fora estava chovendo. Me senti um pouco mal por não ter a oportunidade de ir a Jaqueira. Não queria de jeito nenhum pegar chuva. Então pensei em ir direto para minha casa. Quando estava no meio do caminho decidi mudar a rota do carro para a Jaqueira pois eu via que o céu estava abrindo. Porém, naturalmente lá choveu. Não foi uma chuva forte. Mas era suficiente para me molhar. Eu também fiquei um pouco preocupado em piorar o incomodo que estava sentindo na garganta.

                 Decidi então comprar um guarda-chuva. Foi um alívio comprá-lo. A maioria estava bastante caro. Fui no mais barato. Depois decidi voltar para casa, não tinha mais paciência de andar no parque. Pensei que valeria como exercício mesmo assim.

                 Enquanto andava para casa vinha muitos pensamentos erráticos. Eu decidi simplesmente aceitar isso, abraçar o momento atual. Porém, é sempre muito doloros. Estou abrindo mão totalmente de uma confortável certeza, para abraçar o incerto. Até fiquei pensando em relação a transcendência espiritual. Eu percebo que isso tudo gera uma ansiedade muito grande. Percebo que eu tendo a me desconectar do mundo muito facilmente e ir pro mundo da fantasia. Sempre fui assim. Eu sei que tentar reprimir esses pensamentos não dá certo. A única coisa que faço agora é deixar passar.

                    Outro ponto que compreendi melhor nessa caminhada foi o fato de que eu não preciso me impor uma prática meditativa ou até mesmo me impor a ausência dela. A única coisa que preciso é fazer aquilo que está dando certo para mim, o que natural para mim e não aceitar opinião de terceiros. Também senti medo em relação a algumas coisas. Medo dessa dor na garganta piorar e não me deixar viajar no próximo mês. Mas, quando eu olhava para chuva eu percebi que não adianta nada querer algo, simplesmente há coisas mais fortes que se impõem. Não podia controlar a chuva. Também pensei sobre a minha necessidade emagrecer. Entendi que estou me esforçando para emagrecer, eu estou tomando atitude em relação a isso, mas eu não preciso tornar uma obsessão. Simplesmente posso ir outro dia quando não estiver chovendo ou ir numa academia.

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