terça-feira, 29 de novembro de 2022

Diário #59

                  Hoje foi um dia muito interessante. Pela manhã teve o Communitas. Pensei que poderia não haver. Poucas foram inclusive. Foi uma manhã bastante produtiva. A leitura do livro me trouxe muitos insights. Acredito que tudo que foi lido ressoava muito intimamente com a minha vida atual e as reflexões que venho tendo. 

                   A leitura foi um reforço da ideia de que o futuro não é algo previsível. Essa concepção não estava completamente clara. Talvez no fundo tenho muita dificuldade de aceitar o fato de que eu não sou capaz de prever como o futuro será, de me desapegar da ideia de resultados. Isso me remete a leitura de Alan Watts. Nossa condição está ligada a ideia de buscar resultados. Sempre, de alguma forma de outra, espero algo do futuro. Porém, agora tenho mais consciência disso do que antes.

                     Pensei um pouco sobre essas coisas. Há sempre uma tendência em mim de achar que tudo está fora de mim, que eu não consigo compreender certas ideias e aplicá-las no mundo real. Como se eu tivesse sempre aquém do ideal. Porém, sempre tento chamar minha atenção ao fato de que não há nada a ser alcançado no mundo exterior. No sentido que, tudo que eu apreendi nessa manhã é uma experiência cotidiana. Talvez esse que seja o ponto. Talvez a neurose está tão orientada em buscar resultados que mal consegue vivenciar esse momento presente. Não consegue se satisfazer com o fluxo natural da vida.

                   Essa ideia me faz compreender a incompletude da natureza humana. Somos seres de falta. Nunca estamos completamente satisfeitos. E isso não é necessariamente algo ruim. Isso faz com que nos movamos, isso faz com que nos sintamos impelidos a nos mover, a agir no mundo. Outro ponto que percebi foi o fato do como eu tendo a intelectualizar as coisas. É como se só poderia acessar a realidade do mundo através de teorias e não do sentir. Sempre há uma necessidade de produzir algo, algum sentido, alguma ideia, que seja útil para alguma coisa. Simplesmente ser o que se é não é suficiente, temos que sempre buscar mais. Mais informações, mais ideias, mais resiliência, etc, etc, etc.

                   Daí percebo que a insatisfação e a satisfação fazem parte do mesmo todo. Se sentir insatisfeito nos faz ir em busca da satisfação, que por outro lado compreender que estamos sempre insatisfeitos faz com que compreendamos a situação atual e aprendemos a conviver com ela. Daí entendo a necessidade de buscar sempre mais. Porque o mais é sempre melhor na nossa compreensão. Saber mais na nossa sociedade é sempre bom. Buscamos sempre algo que está alheio a nós, para nos aperfeiçoarmos. Porém daí se dá o perfeccionismo em que Perls sempre critica. O ideal da perfeição sempre é frustrado. Sempre somos instados a lidar com o limite.

                         De tarde fiz terapia remota. Me fez compreender melhor certas coisas. Depois dei uma volta no meu bairro. Pensei que deveria espairecer um pouco. Sair dessa situação de ficar apenas em casa. Precisava arejar um pouco. Depois disso voltei para casa. Tomei meu banho. Fiz algumas coisas na cozinha enquanto escutava o podcast com Gregório Duvivier.

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