quinta-feira, 17 de novembro de 2022

VII. Temperantia - Sophrosune - Temperança (6,14)

                                                         Pythagorean Tarot Reviews | Aeclectic Tarot    

 Motto: Ne quid nimis (Nada em Excesso)

Divindades: Iris, Hebe, Juventas, Ganymeda.

Dados: 2+2 = Virtude + 2.Feminino/I.Fonte (Água); 4+1 = Virtude + 1. Fonte (Fogo)

Astragali: 1+6+1 = Pers. Tr. + Virtude + I.Fonte

Letra Grega = Eta: Eos = Aurora, Crepúsculo; Hebe = Juventude.

Trigrama: ::I Nome. Ken = Se manter firme. Imagem: Montanha. A terceira Filha, associada com parada, quietude e se manter firme.

Verso

     A Criança Divina é nascida da Lua e do Sol. 
  Ela tempera vinho com água, nunca acaba
  de misturar, e seu arco-íris junta os pólos
  Por ela ser a mensageira e guia das almas.
  Aceite sua copa, e deixe os dois serem um.
 
Descrição
      
        No 6.Amor, o Pai e a Mãe são unidos. O Pai é consumido pela concepção e a Mãe foi consumida pela criança em seu ventre. Eles se encontram na sua dissolução, implementando o Solve alquímico. Na 7. Temperança o Pai-Fogo e Mãe-Água se encontram encorporados na Criança Divina, sendo o elemento alquímico complementar do Coagula.
          É o alter-ego do Mercúrio do Mago. Trás a fixação para o volátil e volatização do fixo, que engendra a Criança. A criança reúne todos as oposições dos Pais. Consciente e inconsciente, pensamento e sentimento, intuição e sensação. É o self integrado. Conclui o grupo das 7 primeiras cartas, sintetiza os opostos da psique simbolizados por: Mago, Imperatriz, Imperador, Alta Sacerdotisa, 
Alto Sacerdote e Amor. 
           No 6.Amor o Mercúrio - Mago, disfarçado de Eros, trouxe o Pai e a Mãe juntos. Eles misturam suas sementes, o sêmen paterno dissolvido na Água materna e o Fogo paterno coagulando os fluídos sexuais maternos. O pai morre na consumação do amor, dissolvido nas águas corrosivas ou é picado por seu veneno. A criança no ventre materno consome sua substância pelo seu crescimento, ela dá sua vida para sua criança. A criança é nascida da morte (carta 7) mas, antes de alcançar o destino apoteótico (carta 21), deve amadurecer (cartas 8-11) e como um adulto deve sofrer outra morte (cartas 12-15) e renascimento (cartas 16-20). (Portanto, a criança amadurece pela Fortitude, Vitória e Experiência, ele ou ela são tentados pelo Sacrifício, Morte, Tentação e Destruição; e é renascido pela Esperança, Instinto, Iluminação, Julgamento e Equilíbrio para obter Unidade).
         Temperança mistura o vinho com água, de um ano a outro. A sublimação das energias parentais para produzir uma criança (cartas 1-6) é reverso, com a consequência do re-surgimento da libido na criança. Essa energia se manifesta de diversas formas (cartas 8-11), onde deve aprender a controlar e direcionar (cartas 12-20).
           As 4 virtudes cardinais na Grécia e Roma são Temperança, Fortitude, Justiça e Prudência. Temperança significa moderação e auto-controle. Para Jung representa a integração do Self. 
            O conceito da carta está na junção dos opostos para alcançar um estado de harmonia, a mistura adequada, a solução, que nos liberta para enxergar o caminho certo. Na ação é encontrar o caminho do meio, escolhendo a ação certa (que pode ser a inação). É mistura dos quatro humores (Fogo colérico, água melancólica, Ar sanguíneo e Terra biliosa).
               A criança inicia um processo de purificação espiritual, a partir da decantação do vinho e água. Temperança é a regulação e ajustamento. A criança mistura o vinho e a água. A criança se torna o alquimista que sabe como misturar fogo e água para criar a quintessência. A criança é Sophia, Sabedoria Divina (Sophrosune). Combina sentimento com razão. 
               Ar é necessário para reconciliar os dois opostos, fogo e água. Pois combinam dois atributos dos dois elementos, quente e molhado. Temperança também uma combinação de fluídos masculinos e femininos. Correspondendo a fisiologia ayurveda, sendo os elementos vermelhos (sangue, carne, etc.) da mãe e elementos brancos (osso, cérebro, etc.) do pai. Quando o néctar resultante dessa mistura é reabsorvido, une o vento espiritual no canal central para gerar o Vento Sábio, que nos livra do pensamento dualístico.
             Temperança também une os opostos em pé com seu pé direito no rio e seu pé esquerdo na terra. Sua mente consciente está ocupada com o mundo arquetípico (pé direito no Rio Styx), sua mente inconsciente está aterrada na realidade física. O rio também aparece na carta 17.Lua. Tal carta está intimamente relacionada com 7. Temperança. O rio está relacionado a esfera de Yesod, onde representa a alma vital.  
            A Temperança mescla a natureza dos sete metais e as características dos 7 planetas. O Hexagrama com a joia central e o triangulo dentro do quadrado representa o sete (Número da Temperança.
                 Os vasos de ouro e prata representam várias polaridades: Sol e a Lua, consciente e inconsciente, espírito e alma, mente e corpo, masculino e feminino. O vaso de baixo, de prata é a Patera, ritualístico raso e plano, representa o útero alquímico, representa o Caldeirão da Regeneração. Enquanto que o vaso do alto, de ouro é o Oinokhoe, jarro estreito e grande de vinho, é um símbolo fálico e fertiliza o útero. O vaso dourado (masculino, solar) na mão direita (consciente) derrama (feminino lunar) água, portanto abaixo, o vaso prateado (feminino, lunar) na mão esquerda (inconsciente) segura o (Masculino solar) vinho.
                       Então o útero de prata do inconsciente transborda com sentimento e com conteúdo espiritual fogoso enquanto que o jarro courado da mente consciente derrama no vaso inferior o fluxo claro da razão e sabedoria. A mistura se dá no vaso inferior, no inconsciente, está além da compreensão. Temperança é geralmente visto como andrógino, especificamente feminino.
                             Temperança se refere a arte de misturar e balancear os opostos, que é uma operação alquímica. Os opostos são simbolizados pelo leão e a águia. A águia branca é um símbolo da água. Porém ela decora o jarro dourado, segurado pela mão direita. A águia branca se torna vermelha (vista na carta 3.Imperador). O leão vermelho é símbolo do fogo, decora o prato de prata segurado na mão esquerda. O leão vermelho se torna branco. Seu estado anterior é refletido no vinho vermelho (visto na carta 2.Imperatriz).
                  A mistura alcançada pela Temperança cria o leão verde que acompanha 2. Imperatriz e a águia vermelha que acompanha 3. Imperador. Portanto, o glúten da águia é o enxofre branco, associado a 4.Alta Sacerdotisa, e o sangue é o enxofre vermelho, associado a 5.Alto Sacerdote. Temperança mistura os dois enxofres no Ovo Filosófico cinza, que mescla o negro e branco, e é por sua vez a criança nascida do Ovo órfico prateado, o pneumatos, a "harmonia do espírito intermediário", a quintessência (vide 6.Amor).
                    Hudor Theion em grego, significa tanto enxofre-água como água sagrada. Quando incubado no Ovo Filosofal essa mistura engendra a Pedra Filosofal, a perfeita unificação do mercúrio, enxofre e sal alquímico (espírito, alma e corpo). O mercúrio é princípio fluídico (associado com a água) o enxofre é o princípio fogoso (associado com o vinho), e o sal é o princípio material. Tais três princípios estão ligados também com os planetas: 1. Saturno = sal = corpo, 3 = Marte = enxofre = anima (alma), 6 = mercúrio = Spiritus (Espírito).  
                            Temperança é a Senhora das Copas, correspondendo com o Senhor das Copas do 6. Amor. Está ligada com portadoras de copas, como Hebe e Iris. Hebe é filha de Zeus e Hera (2.Imperatriz e 3.Imperador), a criança divina de pais cósmicos, seu nome significa juventude e o vigor juvenil. Ela é a portadora das copas dos Deuses. Íris é o contraponto feminino de Hermes. Está relacionada a Hera, como Zeus é a Hermes (2.Imperatriz e 3.Imperador). Guia para o Submundo, ela vai até lá para preencher sua taça dourada nas águas do rio Styx. Tambpem serve aos deuses néctar e ambrósia.
                           Temperança, como mensageira dos deuses, é a mediadora entre o céu e a terra, trás consciência para o conteúdo subconsciente (simbolizado pelos vasos e seus conteúdos). Sua decantação é o dialogo interno, a mediação que harmoniza a psique.
                              O Arco-Íris é a manifestação visível que Íris trás uma mensagem para a Terra. Símbolo universal da Ponte Celestial. Suas 7 cores simbolizam os 7 Céus. É o símbolo da criança renascida. Representa a paz depois da tempestade que destrói estruturas e padrões antigos. É o Coagula alquímico seguido do Solve. Representa também a mistura dos opostos representado pela Temperança.
                                 Na carta 6.Amor aparece um dardo prateado de forma descendente. É o Solve alquímico, trás a dissolução dos pais, reduzindo-os na prima materia. (O fluxo descendente da Água). Na carta 7. Temperança o dardo dourado aparece de forma ascendente. É o Coagula alquímico, que trás a nova fixação do espírito (O salto ascendente do Fogo). O dardo descendente (Eros) representa o desejo de unificar as polaridades. O dardo ascendente representa a vontade direcionada e o ardente zelo que alcança o desejo de integração.
 
 
 
Comentário:
      Essa carta teve um importante marco no processo do estudo das cartas. Quando entrei em contato com ela, revelou um mundo de novas possibilidades. Ao meu ver ela simboliza a possibilidade do novo, abre portas para um novo horizonte no futuro. E isso só é possível através da integração. 
       As cartas anteriores revelam as polaridades. Cada carta foca num pólo específico, sendo ele masculino ou feminino. A partir do 6.Amor esses polos se unem, para dar resultado então a 7. Temperança. Porém, essa carta não seria uma síntese apenas, a muito o que aprender com as outras cartas. Essa carta seria o princípio de uma nova caminhada.
          Acredito que o momento fazia muito sentido essa carta. Sentia um constante conflito interno. Nela vi que havia a possibilidade de intregar as partes conflitantes, podia me sentir mais inteiro. Isso coincidiu com um video do Alan Watts, onde ele fala do Yin e Yang. Tendemos sempre a olhar a realidade dentro de um único prisma, deixando o outro aspecto de lado. Porém, esse outro aspecto sempre está presente. Quando nos damos conta desse aspecto escondido podemos então ver a realidade com ela é, como um única coisa integrada. Isso gerou uma felicidade muito grande. Pois, podia entender que tudo que eu ignorava teria que ser assimilado por mim para que eu pudesse ser uma totalidade de verdade. Sei ao mesmo tempo das minhas limitações, que esse resultado almejado nunca é totalmente alcançado. 
             Lembro que Ego e Inconsciente sempre estão em conflito e nunca dialogam totalmente. O ego por um lado busca ter controle sobre a realidade, busca se individualizar, enquanto o inconsciente puxa o ser para o todo. O ego é a clareza das ideias, enquanto o inconsciente é o mundo obscuro da subjetividade. Portanto, há sempre uma justaposição dessas forças, onde em tempos em tempos integramos novas realidades da psique para nossa experiência de mundo. 

               

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       Percebo que as coisas estão mudando. Sinto um certo receio, não sei para onde isso vai. Percebo que pequenas mudanças estão acontecen...