quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

VIII. Fortitudo - Andreia - Fortitude (9,11/8)

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Motto: Domina bestearum lunis (Senhora gentil das Bestas)

Divindades: Kurene (Cyrene); Artemis (Potnia Theron), Diana.

Dados: 2+4 = 1st Ogdoad + Virtude + Fêmea

Letra Grega: Iota

                       Isklus = força, poder. Iphi = fortemente.

Trigrama:

                 :II Nome: Sol = O gestual. Imagem: Vento, Madeira. A primeira Filha, associado com penetração, guias, trabalho, veemência, mudança.


Descrição:

     Representa a fortitude, sendo ela força, vigor e coragem. A fortitude aparece em dois polos, um é do leão, representando os elementos primitivos da psique, a vitalidade fogosa da natureza animal. É nobre, porém potencialmente selvagem, incontrolável, destrutivo e devorador. Já a jovem mulher, Andreia, representa a anima, que media o ego e o inconsciente. Assim, para domar o animal precisa-se de compaixão.

   IX. Fortitude é a última carta do Trunfo da Virtude, que compreende as cartas VI-IX. Fortitude representa a aplicação prática da vitalidade da anima, o lunar, força feminina que é latente na IV. Alta Sacerdotisa. IX.Fortitude contrasta com VIII. Vitória, que é a aplicação prática do animus, o solar, força masculina, que está latente no Mago, mas mais especialmente no V.Alto Sacerdote.

     Como Artemis, ela deve canalizar a energia e força animal. Ela cria uma cooperação com a besta. Serve de mediadora entre as necessidade comunitárias (representado pelo Imperador) e as necessidades do indivíduo. As duas partes são beneficiadas, preservando suas particularidades e nenhum se destrói mutuamente.

     O centauro é o simbolo do cavalo e do cavaleiro perfeitamente sintonizados, homem e besta unidos em um. É um símbolo de sabedorias (pesquisar sobre centauros). A esfinge, uma união entre mulher e leão, representa o intelecto e força unidos. É uma forma do Hórus. Crowley identifica Hórus com o Novo Aeon; a sequência dos aeons - Isis, Osíris e Hórus - corresponde com Alta Sacerdotisa, Alto Sacerdote e a Criança Divina, concebido no VI. Amor, nascido como VII.Temperança, e manifesta-se no Trunfo da Virtude (VI-IX).

  O leão é claramente Leo. Governado pelo sol e representa o fogo e seu princípio. É o enxofre dourado. Já Andreia, mistura os opostos (como VII.Temperança), unindo assim com o Mercúrio, que é a mente auto-consciente.

     

 Comentário:

  Cheguei até aqui depois de um longo tempo afastado desses estudos. Sempre me surpreendo quando leio essas cartas e como elas estão diretamente linkadas com o atual momento. O momento anterior era o momento da explosão, onde agressividade veio a tona e conjuntamente com isso muitos desentendimentos e conflitos. Eu sabia que em algum momento eu precisava voltar ao normal. Mas não sabia ao certo se seria saudável voltar a um estado de controle. A carta chegou com uma resposta.

    Descobri que esse controle sobre os instintos poderia ser assim através do amor e compaixão, ou da auto-compaixão. Aprendi a abaixar a guarda um pouco e começar a buscar ter uma visão mais clara sobre as coisas. Sei que isso leva tempo então não estou buscando ter pressa nesse processo. Entendo que meu lado animal, selvagem, agressivo, ainda tem um papel importante, porém não deixo que ele tome conta de tudo. Ficou claro para mim que busco sempre um equilíbrio entre esses extremos, busco uma unidade que não é de forma alguma estática, é dinâmica. 

   Relendo a carta volto ao questionamento da anima. Desde do momento que tirei a carta da Alta Sacerdotisa ano passado, percebi que o meu inconsciente representa os valores femininos. Não é uma aspecto ativo, mas passivo. Ou seja, existe algo que depende de uma atitude mais compassiva, paciente e receptiva. Isso de maneira nenhum reduz o papel do ego. Porém, sempre busco entender quando existe um desequilíbrio, onde uma parte tenta ocupar o papel da outra.

 

 

 

 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

VIII. Victoria - Nike - Vitoria (8,7)

                                                           

 Motto : Victoria Sperata (Vitória Esperada)

Divindades: Ares, Marte, Nike, Victoria.

Dados: 2+3= Virtude + Masculino (Água)

             4+2 = Virtude + Segundo (Fogo)      

Astragali:

               1+6+3= 1st Ogdoad + Virtude + Masculino (Vitória)

Letra Grega = Theta

Thrasos = coragem, ousadia, confiança, audácia, independência.

Trigrama:

I:: Nome: Chen = O Excitamento. Imagem: Trovão. O primeiro filho, associado com a iniciativa, ação, incisividade, veêmencia, força. Sudeste do Alvorecer.

 

 Descrição:

     É o veículo do Herói, tanto serve para a saída para novas aventuras quanto para celebrar um retorno triunfante. Móvel porém seguro. As características do Herói são coragem, competitividade, agressividade, força, vontade. Ele pode trazer tanto a salvação quanto a destruição.

      Sua vitória não deve ser pessoal, mas do povo. O Herói precisa saber controlar a energia animal, presente nos cavalos - físico e espiritual. Que puxa para diferentes direções. A vegetação nos lembra que a força do Herói provem da natureza. Marte fortifica e protege plantas e animais domésticos. Marte também é conhecido como o Deus das Marchas, pois toda estação de primavera começa em Março. Ele é o deus da fertilidade, da vegetação, da nova vitalidade. Equivalente a Silvanus, o espírito da selva.

       A lança presente na mão direita representa a ação consciente. As rédeas na mão esquerda simbolizam a internalização da habilidade de governar seus impulsos e ações. As duas rédeas representam a vontade e a inteligência. O cavalo Azul representa a energia espiritual, enquanto o cavalo vermelho a energia física. O cocheiro é a força guia do ego - transcendente que deve governar o espírito (os cavalos) que movem o carro (o corpo). Deve fazer com que a mente e corpo trabalhem juntos, ele deve harmonizar o espiritual com o físico.

       O perigo de enfrentar o Herói é hubris, usualmente traduzido por "Orgulho avassalador". Se esse ego inflar e começar a investir nas armadilhas da vitória, então as qualidades negativas emergem, e as sementes da derrota são semeadas. Ares é conhecido como "o odiado pelos deuses e mortais". A incorporação da força bruta e violência cega.

        As cartas do Carro (Ares) e Justiça (Atenas) formam um par natural (violência cega versus firmeza, inteligência vs coragem). Também comportam semelhanças como: (1) os dois são deuses da guerra e frequentemente estão em conflito e (2) Ares foi nascido de Hera sem um pai e Athenas foi nascida sem uma mãe.

            Os quatro pilares representam os quatro humores: Marrom/Amarelo (Nigredo) é o Melancólico. Verde (Albedo) é o Fleumático. Azul (Rubedo) o Sanguíneo. E o Vermelho (Citrinitas) é o Colérico. Os Pilares Vermelho e Azul são as características do Herói, o temperamento colérico e irritável e inclinado a lutar e o temperamento sanguíneo é ativo, foco no externo e bem-sucedido. Atrás está a natureza fleumática (preguiça ou amante da paz) e a natureza melancólica (malsucedido e pensativo).

         Também há os Quatro Elementos representados pelas quatro funções da psique (intuição, sensação, pensamento, sentimento.) Sendo a intuição = fogo, o pensamento = ar, sensação = terra e sentimento = água. 

Comentário:

             Acredito que essa carta representou uma mudança na minha forma de lidar com o mundo. De fato me voltei mais para o mundo exterior, barrei um pouco meu lado espiritual e profundo para olhar para as questões exteriores. Acredito que aprendi algo com isso. Passei a enxergar mais a vida como um fluxo contínuo, onde nada se retêm. Com isso, passei a me apegar menos a conceitos ou ideias fechadas. Permiti que o processo desse seu curso. Mas com isso tudo veio diversas emoções, diversos momentos de explosão. Coisas que estavam bastante enraígadas em mim durante todos esses anos saíram, e não sei ainda se permanecem.

            Tive que dar um tempo nas leituras das cartas. Agora sinto preparado para continuar com essa jornada com outra perspectiva. Sinto que há mais a ser descoberto e elaborado. Agora, percebo que posso confiar nesse processo, sabendo que estou transformando constantemente. A minha perspectiva sobre mim mesmo também mudou. Me vejo uma pessoa mais aberta a visões contrárias e paradoxais, busco sustentar isso. Descobri que só assim posso ir além dos meus receios, das minhas limitações. Cheguei a um ponto em que não existe uma verdade fechada em relação a tudo. Existe um processo constante que nos leva a diversos lugares e impressões. Me vejo surfando sobre essas diversas coisas. E acredito que a carta reflete tudo isso.
                                      

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Sobre os últimos acontecimentos.

             Voltando aqui para escrever esse texto. Parece como se eu tivesse voltado de uma odisséia. Talvez tenha sido uma verdadeira jornada do herói. Acredito que esse processo data da minha primeira ida recente a Gravatá. Depois disso fui mais uma vez com minha família no Natal, depois para Penedo no final do ano. Mas ainda depois disso teve o show do Mestre Ambrósio e a briga com meu pai.

                 Não sei se quero detalhar cada um desses momentos aqui. Minha ideia era falar sobre a viagem a Penedo. Porém, no meio desse processo todo houveram outros coisas e senti que precisava focar na experiência do que descrevê-las aqui. Foi um processo estranho de grandes reformulações. Antes dele me sentia um pouco preso a certos processos que esse caminho desde de Dezembro me fez chegar a novas conclusões, a perceber certas coisas. Para mim, a frustração da viagem a Gravatá fez memorar meu sentimento diante do abandono em relação ao outros, de uma contínua frustração em relação as minhas amizades, e consequentemente depois disso uma desistência da minha parte em relação a relacionamentos, um desenvestimento em relação a isso tudo, que até então tomava uma atenção muito grande.

                  Depois a viagem a Gravatá novamente no Natal. Foi uma viagem que me fez rememorar minha relação com a família. Tanto meus pais, quanto meus tios, etc. Porém, no meio do processo afetos surgiram, de forma descontrolada. Entrei numa certa indulgência, que propiciou talvez a chegada de diversos sentimentos que estavam escondidos. Perceber esses sentimentos não foi algo fácil. Tive que lidar com uma série de coisas, num fluxo contínuo e ininterrupto. No primeiro dia entre num estado de profunda catarse. No segundo, me senti mais tranquilo, mais ambientado. Lembro que foi uma retomada da experiência que tive na última vez que fui a Gravatá. Foi um momento mais contemplativo. Porém, estava fumando bastante e bebendo bastante. Porém, não consegui evitar o sentimento de fracasso em relação aos meus próprios empreendimentos e como o outro sempre é capaz de propiciar certas coisas e eu não. Assim, sempre cairia num lugar de dependência.

                 Essa sensação ficou mais nítida com a viagem a Penedo. Porém, nessa viagem, copnsegui compreender melhor isso, de fato ainda existia um desconforto, mas não era algo misturado com a revolta. Porém, um sentimento contínuo de deslocamento. Haviam poucos momentos que me sentia de fato confortável. De forma irônica, achei que fora a viagem mais confortável que tive com meus pais. Pelo menos uma das. Porém, o desconforto era de outra ordem, era emocional. Talvez não conseguiria ter compreendido isso de forma plena lá. A primeira sensação que tive quando cheguei lá era de estranhamento, sentimento que acho que acompanhou durante a viagem toda. Porém, eu soube lidar com isso de alguma forma. Foi uma experiência intensa, em que precisei controlar meus impulsos e fluir conjuntamente com as coisas. Porém, ao voltar esse controle se perdeu.

                  Isso aconteceu no show do Mestre Ambrósio. Parece que certos momentos são chave para fazer com certos sentimentos emerjam. Havia uma luta interna para saber lidar com o desconforto. Mas o desconforto sempre estava ali, sempre estava me acompanhando. Isso culminou até um momento que não pude mais suportar e simplesmente me deixei tomar por isso. Isso não fez com que essa sensação sumisse. Ela só fez piorar, até eu explodir no final. Isso desenbocou na briga com meu pai no dia seguinte.

                Essa mistura de experiências foi uma alquimia de sentimentos e afetos que culminou numa apoteose. Compreendi que era necessário entrar nesse caos, na prática e não na teoria. Haviam coisas que eu estava guardando a muito tempo e de repente vieram a tona. E acredito que muitas pessoas não reagiram bem. E a minha vontade consequente disso era de me isolar. Não queria me envolver com as pessoas mais, queria estar sozinho (talvez ainda quero). 

                  Ainda é uma incógnita do para onde isso vai me levar. Ainda estou digerindo tudo isso. Muita vezes com certo ressentimento, muitas vezes com culpa. Mas a cola disso tudo foi uma atitude indiferente em relação a tudo isso. Encarar tudo isso como algo que eventualmente vai passar me dá essa força de que não preciso mais me importar tanto assim. Talvez isso tenha algum sentido, talvez isso tudo me faz compreender algo melhor sobre mim mesmo. Porém, me pergunto se quero enxergar as pessoas da mesma maneira que antes. Ainda me sinto magoado e ferido. Para mim é muito doloroso sentir que as pessoas não se importam da mesma maneira que eu. Certamente não posso exigir isso delas, porém não sei mais o que esperar das pessoas, não sei ao certo qual é o papel delas em relação a mim. Essa impessoalidade me apavora, porque encobre uma série de questões que ainda estão mal resolvidas e não sei ao certo como resolver elas. Qualquer resposta apressada a isso corre o risco das coisas se repetirem, pois de fato não é uma solução, porém um mecanismo para "tampar buraco".

                      Muitos momentos entro num certo cinismo em relação as coisas. Me lembra um pouco o Coringa. Como se qualquer tipo de valor moral diante do mundo caiu por terra, que bem e mal são dois conceitos limitantes. De repente me sinto mais poderoso, mas de uma forma inconsequente. Percebo que há dentro de mim alguém que quebrar todas as regras e rir da cara de pavor dos outros. Como se aquela figura respeitosa e bem intencionada não me ajudou em nenhum momento e que agora vou conquistar as coisas através da força. Porém, percebo que isso não vai ajudar muito, só vai piorar as coisas. 

                       O que acontece agora é que eu busco minha solidão, pois não preciso dar conta das exigências do mundo assim. Me sinto cansado das expectativas (ou não expectativa) do outro. Não sei até que ponto posso manter isso. Mas não quero mais tentar nada, não quero me esforçar em relação a nada e nem ninguém. Quero permanecer nesse estado de indiferença criativa, a deriva.

Reflexões sobre "Cuidando do Cuidador"

      Esse fim-de-semana houve um evento do meu curso chamado "Cuidando do Cuidador". Fiquei um pouco reticente sobre isso, eu ter...