quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Sobre os últimos acontecimentos.

             Voltando aqui para escrever esse texto. Parece como se eu tivesse voltado de uma odisséia. Talvez tenha sido uma verdadeira jornada do herói. Acredito que esse processo data da minha primeira ida recente a Gravatá. Depois disso fui mais uma vez com minha família no Natal, depois para Penedo no final do ano. Mas ainda depois disso teve o show do Mestre Ambrósio e a briga com meu pai.

                 Não sei se quero detalhar cada um desses momentos aqui. Minha ideia era falar sobre a viagem a Penedo. Porém, no meio desse processo todo houveram outros coisas e senti que precisava focar na experiência do que descrevê-las aqui. Foi um processo estranho de grandes reformulações. Antes dele me sentia um pouco preso a certos processos que esse caminho desde de Dezembro me fez chegar a novas conclusões, a perceber certas coisas. Para mim, a frustração da viagem a Gravatá fez memorar meu sentimento diante do abandono em relação ao outros, de uma contínua frustração em relação as minhas amizades, e consequentemente depois disso uma desistência da minha parte em relação a relacionamentos, um desenvestimento em relação a isso tudo, que até então tomava uma atenção muito grande.

                  Depois a viagem a Gravatá novamente no Natal. Foi uma viagem que me fez rememorar minha relação com a família. Tanto meus pais, quanto meus tios, etc. Porém, no meio do processo afetos surgiram, de forma descontrolada. Entrei numa certa indulgência, que propiciou talvez a chegada de diversos sentimentos que estavam escondidos. Perceber esses sentimentos não foi algo fácil. Tive que lidar com uma série de coisas, num fluxo contínuo e ininterrupto. No primeiro dia entre num estado de profunda catarse. No segundo, me senti mais tranquilo, mais ambientado. Lembro que foi uma retomada da experiência que tive na última vez que fui a Gravatá. Foi um momento mais contemplativo. Porém, estava fumando bastante e bebendo bastante. Porém, não consegui evitar o sentimento de fracasso em relação aos meus próprios empreendimentos e como o outro sempre é capaz de propiciar certas coisas e eu não. Assim, sempre cairia num lugar de dependência.

                 Essa sensação ficou mais nítida com a viagem a Penedo. Porém, nessa viagem, copnsegui compreender melhor isso, de fato ainda existia um desconforto, mas não era algo misturado com a revolta. Porém, um sentimento contínuo de deslocamento. Haviam poucos momentos que me sentia de fato confortável. De forma irônica, achei que fora a viagem mais confortável que tive com meus pais. Pelo menos uma das. Porém, o desconforto era de outra ordem, era emocional. Talvez não conseguiria ter compreendido isso de forma plena lá. A primeira sensação que tive quando cheguei lá era de estranhamento, sentimento que acho que acompanhou durante a viagem toda. Porém, eu soube lidar com isso de alguma forma. Foi uma experiência intensa, em que precisei controlar meus impulsos e fluir conjuntamente com as coisas. Porém, ao voltar esse controle se perdeu.

                  Isso aconteceu no show do Mestre Ambrósio. Parece que certos momentos são chave para fazer com certos sentimentos emerjam. Havia uma luta interna para saber lidar com o desconforto. Mas o desconforto sempre estava ali, sempre estava me acompanhando. Isso culminou até um momento que não pude mais suportar e simplesmente me deixei tomar por isso. Isso não fez com que essa sensação sumisse. Ela só fez piorar, até eu explodir no final. Isso desenbocou na briga com meu pai no dia seguinte.

                Essa mistura de experiências foi uma alquimia de sentimentos e afetos que culminou numa apoteose. Compreendi que era necessário entrar nesse caos, na prática e não na teoria. Haviam coisas que eu estava guardando a muito tempo e de repente vieram a tona. E acredito que muitas pessoas não reagiram bem. E a minha vontade consequente disso era de me isolar. Não queria me envolver com as pessoas mais, queria estar sozinho (talvez ainda quero). 

                  Ainda é uma incógnita do para onde isso vai me levar. Ainda estou digerindo tudo isso. Muita vezes com certo ressentimento, muitas vezes com culpa. Mas a cola disso tudo foi uma atitude indiferente em relação a tudo isso. Encarar tudo isso como algo que eventualmente vai passar me dá essa força de que não preciso mais me importar tanto assim. Talvez isso tenha algum sentido, talvez isso tudo me faz compreender algo melhor sobre mim mesmo. Porém, me pergunto se quero enxergar as pessoas da mesma maneira que antes. Ainda me sinto magoado e ferido. Para mim é muito doloroso sentir que as pessoas não se importam da mesma maneira que eu. Certamente não posso exigir isso delas, porém não sei mais o que esperar das pessoas, não sei ao certo qual é o papel delas em relação a mim. Essa impessoalidade me apavora, porque encobre uma série de questões que ainda estão mal resolvidas e não sei ao certo como resolver elas. Qualquer resposta apressada a isso corre o risco das coisas se repetirem, pois de fato não é uma solução, porém um mecanismo para "tampar buraco".

                      Muitos momentos entro num certo cinismo em relação as coisas. Me lembra um pouco o Coringa. Como se qualquer tipo de valor moral diante do mundo caiu por terra, que bem e mal são dois conceitos limitantes. De repente me sinto mais poderoso, mas de uma forma inconsequente. Percebo que há dentro de mim alguém que quebrar todas as regras e rir da cara de pavor dos outros. Como se aquela figura respeitosa e bem intencionada não me ajudou em nenhum momento e que agora vou conquistar as coisas através da força. Porém, percebo que isso não vai ajudar muito, só vai piorar as coisas. 

                       O que acontece agora é que eu busco minha solidão, pois não preciso dar conta das exigências do mundo assim. Me sinto cansado das expectativas (ou não expectativa) do outro. Não sei até que ponto posso manter isso. Mas não quero mais tentar nada, não quero me esforçar em relação a nada e nem ninguém. Quero permanecer nesse estado de indiferença criativa, a deriva.

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       Percebo que as coisas estão mudando. Sinto um certo receio, não sei para onde isso vai. Percebo que pequenas mudanças estão acontecen...