quinta-feira, 30 de março de 2023

Sobre Símbolos

      Estou continuando minha leitura em relação a símbolos em Dinâmica dos símbolos. Estou achando um livro um tanto didático demais, por um lado me interessa uma linguagem mais simples e enxuta, para não adicionar camadas desnecessárias de conteúdo e também tornar certos conceitos mais fáceis de compreensão.

    Penso que a forma que a autora trata a ideia de símbolo facilita compreender que perspectiva Jung adotava em sua psicologia. O símbolo seria nada mais que um intermédio entre sujeito e mundo. O símbolo seria aquilo que nos faz interpretar o mundo, tornar visível o que está invisível. Em minha vida pessoal posso enxergar isso com grande nitidez. Exemplo, uma pintura que fiz a dois anos atrás mais ou menos no curso de Arteterapia. Era uma série em cima do símbolo fogo. Em um dos trabalhos dessa série retratei o aspecto mais destrutivo do fogo, com isso gostaria de destruir algo que estava presente em mim. Porém, fiz isso de forma intuitiva, escolhi as cores mais fortes para compor o quadro, vermelho e laranja. Logo vi que isso estaria relacionado a um processo alquímico chamado Adentio. Eu tinha muito claro que eu queria mortificar algo tanto em mim quanto na realidade, porém não tinha clareza sobre o processo alquímico.

    Em muitos momentos apareceram símbolos em minha vida, mas não almejo esmiuçar isso. O que me chama atenção é pensar o simbólico com uma transcendência da realidade, como se nossa experiência fosse essencialmente simbólica, porque sempre atribuímos sentido a nossas vivências. Acredito que isso possa acontecer de forma natural, sem a necessidade de uma teoria que sirva de explicação. Porém, tento chegar a ideia de que precisamos de um sentido maior para as coisas que estão presentes em nossa vida.

   Venho entrando em conflito com isso especificamente. Estou entre dois opostos, entre dar significado a vida e vivenciá-la de modo direto. Entendo que elas possam andar juntas, porém muitas vezes se mostram contraditórias. A minha ideia de algo não torna esse algo o equivalente de sua ideia. Falar sobre sexo ou pensar sobre ele não é mesmo que fazê-lo. Porém, perdemos muito da compreensão dos acontecimentos do dia-a-dia se não refletimos sobre eles, se não atribuímos sentido.

     Muitas vezes me pego entendendo a relação entre aspectos que aconteceram comigo. Símbolos aparecem no meio do caminho que apontam para onde devo ir. Sempre sinto que estou sendo auxiliado por uma força desconhecida. talvez seja a Fortuna, quem sabe. Percebo a natureza dos ciclos, do momento em que estou vivendo e que atitudes busco ter nesse momento. Não espero ter a mesma mentalidade de quando tinha 20 anos, ela não me serve mais, agora posso abraçar a realidade de ter 30. 

    Recentemente tirei duas cartas que me serviram muito bem: IX. O Eremita e V. Alto Sacerdote. Essas duas parecem se complementar muito belamente. Ao meu ver as duas representam a espiritualidade. O IX. O Eremita no caso seria uma volta ao espírito, a aspectos internos. Enquanto V.Alto Sacerdote nos leva para uma compreensão além da matéria, ou seja, a lei divina. As duas me apontam uma perspectiva que nesse momento deveria me afiar mais na minha intuição e no meu interior. Buscar uma verdade que está para além desse mundo. Porém, esse caminho seria um caminho solitário. É um sentimento que venho tendo com frequência, venho entrando em confronto com a falta de sentido. Aí vem a dúvida. Perguntas, questionamentos. Será que de fato estou certo do que acredito? Será que esses valores são os que tenho que abraçar? O medo do isolamento é constante, por mais que eu consiga me unir as outras pessoas, ás vezes me sinto ao mesmo tempo muito distante.

    A partir desses conflitos de posições, o Caminho do Meio parece ser o melhor. Ne quid nimis, nada em exagero. Devo saber equilibrar os pontos extremos. Acredito que só assim conseguirei ter uma síntese mais satisfatório disso tudo. Como se relacionar com os outros sem perder a própria autenticidade? Como não se prender as próprias crenças e valores? O equilíbrio sempre parece ser a saída para tudo isso. Sabendo medir sempre minhas ações, pensamentos e sentimentos. Semore a busca dessa medida certa.

X.Fortuna - Tuche - Fortune (10) - Domina Casus - Senhora da Mudança - Naipe: Pentáculo - Elemento: Terra

                                                   

 

Motto: Fortune rota volvitur  (A Roda da Fortuna roda)

Divindades: Tyche, Fortuna; Rha.

Dados: 1+1+6 = 1st Igdoad + Virtude + Quarta (Fogo)

Letra Grega: Kappa

Kuklos = roda, Kairos = oportunidade, circunstâncias, sucesso, tempo crítico, lugar, etc. Kurbenetes = Tesoureiro.

Descrição

      A Fortuna está no centro da roda, com quatro figuras ao seu redor (Pontos cardeais). Cada figura é nomeada com uma faixa. Fortuna: "In altum tollor" (Eu sou criado no alto). Topo: "Nimis exaltatus" (Exaltado demasiado). Esquerdade: "Descendo minoratus" (Eu descendo diminuído). Abaixo: "Fundatus mortificatus" (Totalmente destruído).

      A Fortuna representa o inexorável altos e baixos da fortuna. Aparece quatro figuras na imagem. O da direita é um jovem ágil que ascende com a roda, esse movimento planta a semente do inevitável declínio. Representa a força Yin, em oposição ao I. Mago (Senhor das Mudanças), que a força Yang. Os dois governam o Primeiro Ogdoad, que são os Naipes Primais. (X) Fortuna separa os Naipes Primais, que representam a descida do espírito na matéria, manifestando sucesso no mundo, vindo dos Naipes Universais (XI-XX).

     A roda é o "ponto de partida" da "Involução e geração para "Evolução e regeneração" (Nichols 190-1). É o décade, número da Alta-ordem. Circula em si mesmo e embarca todos os números elementais. A roda compreende a mônada (1) e o eneade (9), do centro até a periferia. Abre uma nova época de integração.

      Para os gregos e romanos todo indivíduo tinha seu próprio Tuche ou Fortuna, um daimon observando seu destino. Esse seria seu "Self escondido", que inconscientemente escolhe seu destino.

       Nimis exaltatus (Exaltado demasiado) lembra o mote da Temperança, Ne quid nimis (Nada demasiado).

        A roda simboliza o Pentáculo. Portanto, simboliza o tempo, destino e a Roda da Vida, é o eterno ciclo de degeneração e regeneração. O seu eixo representa a fonte imutável do fenômeno nos confrontando. Em termos psicológicos é o Self  - a totalidade da psique tanto consciente quanto inconsciente. Assim, o ego  é a projeção da realidade, dando a entender que ela sempre muda. Aqueles que tentam superar o destino, a Roda torna-se em um instrumento de tortura.

     A Roda da Fortuna pode ser também a Roda da Vida e da Morte do Budismo. Representa os 8 estágios da vida: umilta (Humildade), pacienca (paciência), pace (paz), richezza (riqueza), superbia (soberba), impazienza (impaciência) guerra (guerra), poverta (pobreza). As figuras presentes na roda podem representar as quatro estações, sendo a Primevera (Juventude), Verão (Maturidade), Outono (Velhice), Inverno (Morte).

        Cada figura está ligada também a um processo alquímico. A figura da direita representa o Humiditas (Umidade), que é o princípio da fluidez, corresponde ao Mercúrio e Equinócio vernal. É a qualidade da flexibilidade e agilidade que facilita o crescimento e expansão da energia e poder.  No topo, há o Calidus (Quente), que é o princípio da energia e do poder correspondendo com o alquímico Enxofre e o Solstício de Verão. O topo da roda representa o quente, despertando a força do verão e plena maturidade. É o poder do seco, sendo um processo de passagem da flexibilidade do úmido para a rigidez do seco. A esquerda se tem o Siccus (Secura), o poder ou princípio da rigidez e inflexibilidade, corresponde ao Sal e o Equinócio de Outono. Representa o declínio do outono e o rebaixamento da força na velhice. Então, por fim, a figura que está a baixo da roda, que é o Frigidus (Frio) é a falta de poder ou energia que é o Solstício de inverno. Representa a inatividade e a morte do inverno e escuridão da senilidade e morte.

         Com isso, ainda na alquimia, têm-se os quatro processos alquímicos: Nigredo, Albedo, Rubedo e o Adentio. O Nigredo corresponde a figura a baixo da roda, pois representa estruturas que são quebradas, dissolvidas e permitem ser mortificadas. O resultado é a Prima Materia, onde não tem propriedades e não tem energia. Caput Mortum Sol Niger. Passando para a figura da direita representa o Albedo (Enbranquecimento), que é contemplado pelo Mercúrio alquímico, o Espírito da Fluidez. Esse processo representa o aumento da energia das profundezas da parte inferior da roda. Por ser o máximo da flexibilidade, sua cor é o branco, por ser a união de todas as cores. Seu elemento é a Água, sendo Úmido e Frio, sua cor é o verde, sendo a cor da Primavera. O garoto da direita, com barba loura é o começo da próxima fase, o Citrinitas (Amarelamento), que transmuta Prata em Ouro. Seu correspondente alquímico é o Enxofre, o Espírito do Calor. Corresponde ao Topo da Roda, caracterizado pelo Máximo de energia. Representando o amarelo dourado porém também é perda da flexibilidade e crescimento da rigidez. Seu quadrante é Úmido e Quente, que é o elementoAr, associado com a cor azul. O Rei é vestido em azul e dourado. São as cores do Verão. A barba do rei é marrom avermelhado por representar o próximo estágio, o Rubedo (Avermelhamento). Uma forma de hubris. Quando o rei tenta ir além, é punido por Fortuna. O quarto quadrante se chama Adentio, significa queima. É Seco e Quente. Seu elemento é o Fogo, associado ao vermelho e laranja, cores do Outono. Causado pelo elemento Sal, o Espírito da Secura (ou solidificação) que drena a umidade. Sua barba é negra por ser o início da próxima fase, a Nigredo.

         A roda é girada por duas leis: (1) O grau de poder varia diretamente em relação a flexibilidade. (2) O grau de rigidez varia diretamente pelo grau de poder.

      

quinta-feira, 16 de março de 2023

Atualizações no Blog

               Voltando aqui depois de um tempo. Agora consegui visualizar como posso tratar esse blog. Acredito que passarei a u-á-lo como um mapa das diversas que povoam minha mente. Penso que posso incluir uma diversidade de coisas, contraditórias entre, mas sei que posso organizá-las de um modo que faça sentido.

                Incluirei minhas leituras, anotações, reflexões e etc. Talvez ele vai deixar de ser mais pessoal para algo mais amplo. Acredito que esteja mais num momento que me relaciono mais com ideias do que com sentimentos propriamente. Consigo também ter uma visão mais organizada disso tudo, como posso criar um formato que dê conta da extensão dessas ideias e conceitos. 

               A questão dos opostos ainda está presente. Agora consigo colocar esses dois aspectos em seus devidos lugares. Meu estudos voltados a clínica, política, filosofia, etc. e meus estudos relacionados a espiritualidade, auto-conhecimento e simbolismo de outro. Estou mais comprometido com esses pontos sem que eles tornem minha vida um caos. Tudo isso conquistei aos poucos, explorando aos poucos cada coisa. Tento não apressar esse processo, mas também almejo manter esse movimento contínuo, estudando e produzindo, para que então chegue a outros lugares, que eu possa avançar, desenvolvendo-me no campo intelectual, profissional, pessoal, etc.

               Tentarei reservar horários para publicar posts. Tentando sintetizar as coisas que venho lendo. Ainda estou no processo de organizar isso. Mas pretendo postar toda semana, mesmo que seja coisas mais superficiais. Mas com certeza almejo fazer posts mais extensos, me aprofundando nos assuntos.

               Bem é isso, me sinto feliz em poder voltar a usar esse espaço e principalmente poder resgatar o intento inicial desse blog, ele servirá como uma matrix para outras coisas que penso em trabalhar. É bom centralizar num local tudo, para que possa visualizar direito o que eu quero. Espero que dê certo, Amén.

Reflexões sobre "Cuidando do Cuidador"

      Esse fim-de-semana houve um evento do meu curso chamado "Cuidando do Cuidador". Fiquei um pouco reticente sobre isso, eu ter...