quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Os Sonhos

           Agora minhas reflexões se voltam ao mundo dos sonhos. Esses dias venho tendo diversos sonhos, muito vividos e com uma energia distinta. Acredito que são sonhos muito peculiares, não necessariamente em seu conteúdo, mas no seu ímpeto, acredito que posso fazer alguns apontamentos sobre eles.

         Alguns aspectos desses sonhos vêm a tona com uma ligação direta com algo que estou experieciando, porém acontecem de maneira muito inusual. Existe uma mescla de perturbação e conquistas que raramente acontecem em meu dia-a-dia. Esses sonhos criam ambientes desconcertantes, um tanto absurdos, porém vivenciando-os no sonho parecem não criar estranheza, parecem ser lugares conhecidos, ou remetem a lugares conhecidos.

             Dois deles que me lembre tem partes que remetem muito ao desejo de intimidade, de obter um relacionamento ou apenas de ter um affair. Também nesses dois lugares pareciam se ambientar em ambientes educacionais. Eu também me sinto diferente dentro desses sonhos, como se eu tivesse um papel ativo, ao contrário de outros que me sinto muito mais um observador passivo, do que alguém que pode tomar decisões ou atuar sobre o sonho.

               Trazendo então o conteúdo desses sonhos, penso na importância da vida onírica. Reflito sobre os sonhos como guias, como acontecimentos que servem como direcionamento para a vida cotidiana. Li uma parte da Introdução de A Linguagem Esquecida de Erich Fromm para o post, essa parte reflete um pouco do que ando percebendo. O sonho é uma manifestação do desligamento da consciência, onde não se exerce o controle da razão. Esse controle do que faço, do que  pretendo fazer no momento, os planejamentos, os projetos, o controle de minhas ações diante da sociedade, etc. Todo esse controle exercido pelo racional é invertido pelo sonho. O sonho desnuda as aparências, criando outro mundo. E venho percebendo a necessidade de incluir esse aspecto em minha vida. 

           Gostaria de confrontar as ideias desse livro do Fromm com o livro do Medard Boss, chamado Na Noite Passada Sonhei, onde trás uma perspectiva fenomenológica para os sonhos. Gostaria de poder ler os dois, porém meu foco está em outras coisas. Não sei ao certo como ler esses sonhos, com que lente, em relação a que teoria para ter uma leitura satisfatória dos sonhos que venho tendo.

             Enfim, continuarei prestando atenção em meus sonhos, tentarei registrá-los e perceber o que eles podem comunicar e se eu achar espaço em minha rotina para ler um dos dois, poderei voltar para colocar meu pensamentos em relação a isso. Por enquanto me sinto satisfeito em levantar esses questionamentos, me lembrar da importância de sonhar e investigar a mensagem que os sonhos trazem.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Sobre a Verdadeira Vontade

        Nessa Terça me deparei com uma reflexão que acredito ser de grande importância para as questões em que venho me deparado. Esse tinha ido ao Horizonte, estava em mente a expectativa de talvez retomar minha leitura da Gestalt-Terapia. Porém me vi sem vontade de insistir naquele momento na leitura. Mudei meu foco para outras coisas e nada prendeu minha atenção suficientemente, isso é algo que vem me preocupando, ver que nada é suficientemente interessante para mim, ao ponto de prender minha atenção, pelo menos nada que seja sério, que exija um certo esforço para se aprofundar.

    Logo, encontrei no blog do Delddebio um texto sobre a Verdadeira Vontade e o conhecimento do universo simbólico interno. Aquilo me chamou a atenção, e fiz naquele momento um pequeno texto. Então, um pouco tempo depois pensei em postar algo aqui.

      Essa visão do que eu sou em minha natureza, de forma profunda, onde reside meu real potencial, pode assim se traduzir como Verdadeira Vontade. Pensar que existe esse algo, já presente em mim, me deu certo alívio, porém saber que deveria buscá-lo, me coloquei algumas resistências. O texto trouxe a necessidade de entender a manifestação dos símbolos em minha vida e buscá-los, fazer aquilo que o doutor Jung recomendaria. De certa forma faço isso durante o curso de Arteterapia do Traços, consigo perceber como os símbolos atuam em minha vida. Porém, ainda me vejo muito cético em relação a isso, como essas imagens e construções simbólicas me ajudam de forma concreta. 

     Iniciei esse ano muito bem, mas o peso do ceticismo, da dúvida me acompanha. Agora me vejo outra, enxergo o mundo de outra forma, acredito que essa é uma nova fase. Porém, essa sensação de que isso é só uma sensação, de o mundo real não é sim, me põe medo, e me faz querer esquecer essa parcela de intuição. 

     Mantenho a calma, e sigo em frente. Agora a questão suscitada pelo texto, qual é a minha real aptidão? Aquilo que faço sem grandes esforços e sacrifícios? O lugar e o ofício em que me sinto em casa, harmonizado com aquela causa, com aquele fim. Agora para mim já não me preocupa tanto o que faço ou que tenho que fazer, o que gostaria de me voltar é justamente para isso, para a Verdadeira Vontade. Esse mês então me volto para as pequenas coisas, para o passo que posso dar a cada momento, e ver até que ponto posso chegar. Com um projeto, com um momento de lazer, etc.

         Assim, talvez conseguirei chegar a essa conclusão, a esse entendimento. Onde devo estar, o lugar em que não terei essas dúvidas, onde posso apoiar firmemente meus pés. Sei que cada fase, cada momento existe um novo desafio. Minha questão agora é entender as leis da vida e segui-las. Tentando pelo menos saber se existem.

        Deixarei aqui um excerto do texto do Delddebio para futuras reflexões:

   Agora as questões se tornam: Quais são meus negócios ou paixões? Para o que você devota seu tempo e energia? Se você está aberto e atento para esses negócios ou paixões ou habilidades ou hobbies ou o que mais seja, então você deve perguntar: Que lições eles estão escrevendo para mim para o fim de realizar a minha verdadeira vontade? Desde que só você pode responder a essas perguntas para si mesmo, agora é a sua responsabilidade ouvir as respostas e nunca parar de ouvir.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Mandala do Fogo

                                     Escolhi fazer hoje de tarde uma mandala. Essa mandala seria um trabalho feito para mostrar no dia da aula de sábado do Traços, como a finalização do trabalho do símbolo pessoal. Fiz muito pouco, apenas o que fiz foi nas aulas relacionados ao símbolo. Me sinto um pouco mal por não ter feito mais produções, estive bastante desatento.

                                   Porém os trabalhos que fiz acredito serem de bastante intensidade e revelaram bastante do meu processo até chegar a essa finalização com a mandala. Pensei rapidamente nessa mandala, e a imagem que veio em minha cabeça resumiu com bastante simplicidade o que está passando em mim. Existe aí um fogo armazenado em um círculo e um quadrado azul e vermelho no centro, com um fundo amarelo.

                                   Essa imagem sintetiza um pouco essa situação, como se houvesse um fogo interno, que precisa ser contido, porém ele está lá, não sabendo ao certo para onde ir. Como se eu sentisse essa energia dentro de mim, mas pela situação essa energia está sob um certo controle, ela causa uma certa ansiedade, aquilo que o envolve não permite muito movimento. Então existe um contraste. Ainda temos um quadrado no meio, sendo o quadrado o símbolo da ordem.

 

 
                  Depois dessa fase a partir do mês de Setembro do ano passado, vi a necessidade de criar uma ordem em mim, a energia da raiva ou a energia impulsiva do fogo deve ser organizada de certa forma. Porém existe aí uma contradição, entre a necessidade de organizar, conter, ordenar e a necessidade de expansão, de descontração do fogo. 
                    Assim, fecho um ciclo, talvez. Olhando para essa imagem é como se houvesse mais coisas pela frente, que não sei ao certo para onde vão. É um novo passo, que não soluciona, porém faz compreensível, me conscientizo do que está acontecendo, durante o processo. Consigo reconhecer um avanço, uma nova formulação da minha existência. 
                      Espero poder usar esse espaço para esse processo de auto-descoberta, há algo muito importante nisso tudo, percebo a sincronicidade das coisas. Me inspiro um pouco no Livro Vermelho de Jung, tento de certa forma fazer uma versão pós-moderna desse livro. Sei que isso tudo tem um valor muito grande, que no futuro pode ser um mapa de meu desenvolvimento e da humanidade.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Reflexões de início de ano

          Agora começamos o ano 2021. Até agora aconteceu meu aniversário, a consulta para Revolução do Ano(que pretendo postar aqui), e a viagem para Tamandaré. Gostaria de focar na viagem pois tive muito bons insights que iluminaram essa passagem. 

       Desde o primeiro dia senti uma energia diferente quando cheguei lá. Senti nos primeiros dias algo que é muito parecido com as outras viagens que geralmente faço (e acredito que esse sentimento me acompanhou também durante o resto da viagem), porém antes mesmo de viajar fui sabendo que não teria expectativa de ser uma grande viagem. A tsunami das últimas viagens já se dissipou, e pude ficar muito mais tranquilo. E ajudou bastante estar num lugar que não exigia muito, que tinha uma atmosfera muito tranquila, perto da praia, temperatura agradável. A ansiedade estava presente ainda, sentia sempre que tinha que utilizar a aquele tempo de alguma forma, ou lendo livros ou fazendo algo no computador. Fiz o esforço de não me forçar a me ocupar com algo, percebia o quanto estar lá já era um ganho, só a sensação de estar lá era o suficiente. Mas eu consigo enumerar alguma coisas que não estavam dando certo para mim que acredito ter uma dificuldade. Além da ansiedade também senti tédio, o lugar tinha outro ritmo e antes de ir para lá estava num ritmo muito acelerado, mal consegui apreciar a lentidão das coisas. O convívio longo com pessoas mais velhas que eu, mal consegui ter uma conversa entusiasmante e também estar o tempo todo junto a pessoas, daí percebo o quanto aprecio estar sozinho.

      Fora isso, quando voltei senti que tive grandes ganhos com essa viagem. Voltei muito mais tranquilo, sensação de estar muito mais leve, podia sentir as coisas com mais sintonia. Até agora sinto as coisas de maneira diferente. Essa viagem também foi útil para enxergar minha família de outra maneira, me enxergar de outra maneira também. Houve momentos em que compreendi minhas tendências, consegui perceber o quanto estava me cobrando e que poderia ver a vida a partir de uma perspectiva mais tranquila, aproveitando o fluxo das coisas. Fiz toda manhã praticamente Qi Qong, isso me ajudou muito, percebi logo que precisava fazer algum tipo de atividade física. 

       Começar o ano dessa maneira foi muito importante e me fez acreditar que haveria possibilidade desse ano ser um ano positivo. Logo no primeiro dia do ano fiz o Qi Qong e fui para a praia tomar banho. Nesse momento tive uma epifania. Foi bem difícil porque é algo que não acontece muito comumente. Senti o quanto precisava me doar para o mundo, incluir o outro em minha vida. Durante esse momento todo estava muito voltado a mim, e quase sempre tento me esconder do outro. Nesse momento chegou até a necessidade de enxergar o outro também, não só olhar minhas necessidades, mas o papel de qualquer pessoa em minha vida. 

      Esses momentos em que consegui enxergar certas coisas de forma mais lúcida me ajudaram a ter uma visão mais concreta sobre mim, sobre minha ação no mundo. Claro que fazem parte de um processo. Mas para mim o fato de que fizeram parte do momento de transição para um novo ano, teve uma carga de significado muito forte. 

     Muitas vezes tentava me enxergar no futuro tendo uma casa no interior, ouvindo música, fazendo jardinagem, tendo uma coleção de discos e livros. Foi uma visão interessante. Que também me angustiou um pouco por não saber ao certo se teria dinheiro para isso ou se suportaria essa vida, me senti dividido. Houveram conflitos também, situações que testaram meu senso de confiança. Acredito que consegui passar por eles, mas sim com dificuldades.

     Não sei agora o que pensar do ano que virá. Essa viagem me fez buscar mais paciência e fé. Muitas vezes duvido, emperro, não deixo as coisas fluirem por não acreditar, por achar que tudo está condenado. Mas ao meu ver essa viagem teve um sentido, e busco respeitar isso. Confiar, ao invés de só crer, como diria Allan Watts. Confiar talvez seja a palavra. Olhar para os acontecimentos e confiar neles, confiar no processo das coisas, saber que eles têm sentido.



Entrevista para genograma de minha família

             Ontem, fiz uma entrevista com minha prima para fazer meu genograma. Deveria ter feito isso já um tempo, mas acredito que foi p...