Estou doente, não muito. Sentir isso me faz rever a minha forma, a forma como lido com as coisas. Minha energia não está a mesma, me permito perceber isso e me deixar levar, apesar de que há algum tipo de resistência.
Novos caminhos estão se abrindo, novos horizontes. Vejo novas
possibilidades, e isso está me tomando por inteiro, de fato é um
sentimento estranho. Vejo a minha diferença do atual estado, como se
minhas tensões fossem deixadas de lado, posso deixar fluir um pouco.
Isso certamente me dá medo, primeira vez que eu não estou tentando
controlar tudo, que de certa forma essa necessidade ainda persiste.
Ainda me sinto um pouco ansioso, querendo produzir cada vez mais, ter
mais conhecimento, assumir novos projetos. Mas sei da necessidade de
pausas, de ter paciência.
Ontem tive a ideia de criar um grupo com algumas alunas do curso de Terapia Familiar. Minha ideia era gerar mais novidade, criar novas redes, gerar novos conhecimentos. Por enquanto não surgiu nada muito novo. Porém, tenho a compreensão que é um espaço de experimentação, não se sabe os resultados disso. Vejo que tudo isso é imprevisível, não é possível almejar uma síntese, um resultado final.
A ideia do grupo meio que surgiu a partir de um insight que tive. Percebi que de fato tudo é político. Não precisamos enclausurar a ideia de política em uma organização ou partido. Uma palestra pode ser um ato político, uma sessão clínica pode ser um ato político, uma obra de arte pode ser um ato político. Cada ato é um ato político.
Agora, tudo retorna para um estado de indefinição, como se eu perdesse o sentido de referência. Essa sensação de estar perdido aciona a minha necessidade de segurança. Tento deliberar sobre isso, talvez não seria um caminho inteligente. Talvez seria mais interesse se lançar na experimentação, acontecer junto aos acontecimentos e ver no que dá. Era isso que eu idealizava já faz um tempo e agora vejo que é possível.
Dou voltas na questão da identidade. Já não sei mais quem eu sou direito. Tentei sustentar uma imagem que agora duvido sobre ela. Até que ponto ela é de fato eu? Talvez existam outras formas mais interessantes, que deixei inexploradas. Certamente existe esse ímpeto para conquistar novos territórios, porém, sei que devo deixar as coisas acontecerem em seu próprio tempo. Não é possível abraçar tudo de uma só vez, é preciso deixar as coisas serem desveladas aos poucos.
Sou tomado por uma sensação corporal, que oblitera minha percepção. Me desorganiza e cria outro tipo de percepção. Não estou mais preocupado com quem eu sou ou com o que eu vou fazer. Talvez seja importante passar por essa experiência, desejar uma nova forma de ser. Hoje, não me importei muito por regras e padrões, fiz o que o meu corpo suportou fazer. Disso, vejo que posso ser mais criativo. Faço o que é possível, minha mente não está mais no comando.
De novo o cansaço, finalizo esse texto com essa sensação. Não há mais nada, só um vazio. Não me desespero, não procuro algo a me agarrar, só aconteço. É esse momento que me define, é essa experiência que diz sobre mim. Escuto um pouco o silêncio, vivencio esse agora.
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