sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Diário #62

                 Me sinto um pouco com raiva com o que aconteceu na viagem. Bem, até então consegui superar algumas coisas, mas ainda existe o sentimento de mágoa, o sentimento de abandono e traição. Se sentir sozinho de novo, com poucas pessoas com quem contar me faz me sentir mal, porém, eu sei que tenho como me fortalecer, sei como superar essas coisas e seguir em frente, de fato preciso tomar essa iniciativa.

                 Passei a tarde atendendo praticamente. Foi bastante produtivo. Tive várias reflexões. Compreendi uma série de coisas. Porém, ainda me sinto bastante intenso, bastante tumultuado. Mas, consigo enxergar um lado positivo nisso. Me tirou o foco dessas outras coisas. Existe algum propósito afinal, consigo enxergar algo que me orgulhe, algo que faça sentido para mim. Esse algo não depende das minhas relações, mas apenas de mim. É algo que nasce dentro de mim e das minhas relações profissionais.

                        De qualquer forma entendo que devo deixar as coisas fluirem, deixar que os processos se deem conta deles mesmos. Tenho fé nisso. Estou reencontrando antigas paixões. Ainda me sinto um pouco inseguro em relação a isso. Mas estou me permitindo ousar um pouco mais. Em uma sessão com um cliente, a estampa de sua camisa me inspirou para fazer quadros. Daí fiquei quase a sessão toda pensando nisso.

                       Percebo o como cada sessão é única. E como cada cliente é único. Sinto diversas coisas a partir disso. Cada momento aponta para novos lugares. Novas reflexões. Novos estados de espírito. Essa convulsão de percepções me desorienta um pouco, porém percebo que é o deve acontecer. Talvez esteja num processo muito único de amadurecimento, tanto no campo profissional e pessoal. Encontrar um modo de ser em que você concorda e admira é algo incrível. Estou admirando os caminhos que estou tomando e busco deixar que eles me levem onde eles precisam me levar, não sem receios. Não sei ao certo como afirmar isso de forma total, existe sempre uma certa exitação, mas acredito que posso confiar mais nas coisas. 

                      Esse final de mês será marcado por viagens, talvez será bom ter um tempo com a família. Espero que seja um momento bom de reflexão, de auto-conhecimento. Eu sei que pode surgir algo de muito valioso em relação a isso tudo.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Viagem a Gravatá

                   Bem, foi uma experiência em tanto. Sempre demoro um pouco para escrever esses textos. Talvez acabo ficando com algo mais sedimentado sobre as experiências presentes e acaba esvaziando as coisas que são mobilizadas no período anterior, durante e após a viagem. Mas busco deixar que as coisas fluam, talvez aí as coisas apareçam do jeito que precisam ser relatadas.

                       A viagem acabou sendo apenas eu. Não foi muito agradável saber desse fato. Algo simplesmente não deu certo. Agora talvez consiga ter consciência disso. Mas o sentimento de frustração era grande. Porém, ao mesmo tempo o senso de sobrevivência ficou mais aceso. Percebi que havia maneiras de lidar com essa situação, de alguma maneira (estranha) consegui aceitar as coisas como elas eram, e como eu podia fazer as coisas.

                             Não deixei de ter situações desfavoráveis, de me sentir mal por uma série de questões. Sentia que muita coisa que estava acontecendo parecia um erro, que eu tinha me equivocado imensamente. Entretanto, busquei me focar no agora. Busquei aproveitar a viagem, pois eu tive a oportunidade que isso fosse possível e não queria desperdiçá-la.  Agora percebo que não preciso forçar as coisas. Posso deixar que as coisas aconteçam do jeito que elas têm que acontecer. Refleti sobre a diversidade de coisas que eu não percebo em relação a mim. Coisas ocultas em meu comportamento que fogem minha compreensão racional. Existe um senso de dever e justiça que quero dar conta todo custo. Porém, no final acabo me sentindo frustrado.

                                  Os dois dias bebi muito e fumei muito. Por um lado busquei aceitar isso, não havia ninguém para me censurar e a situação de alguma forma pedia para que eu metesse o pé na jaca. Houve culpa sim, houve medo sim, houveram receios. Mas não havia possibilidade de me aprofundar tanto nisso. Eu queria me divertir com o que estava disponível. Mas também, não podia evitar certas coisas. Tinha que aceitar o processo.

                                 Minhas companhias lá acabou sendo os gatos. Foi uma interação muito interessante. Eles não interagiam tanto comigo. Porém, sempre havia alguma forma de entrar em contato com eles. De fato, eles queriam satisfazer suas necessidades mais básicas, comer. Enquanto eu queria satisfazer minha necessidade de contato. Acho que houve de certa forma uma comunicação interessante a partir disso. Eles não invadiam meu espaço emocional e eu não invadia o espaço físico deles. Apenas quando necessário.

                                        Foi muito bom também poder escolher a música que eu quisesse. Dormir na hora que eu quisesse. Poder fazer o que eu quisesse, sem ninguém me julgar. Senti falta de algumas pessoas. A cada momento lembrava de alguém e sentia falta que ela não estivesse ali. Mas foi uma experiência muito boa, onde pude deixar acontecer. Sem fronteiras rígidas me prendendo. Agora, sei que posso deixar que a coisa seja o que ela é. Sem prender tanto. Talvez a diversão que busco pode estar em qualquer lugar, a qualquer momento.

                                  Desenhei. Na maioria das vezes era frottage. Fiquei obcecado por isso. Li muito pouco. Li um texto do Alan Watts. Que me impactou bastante. No domingo de noite, bêbado, li um pouco mais do texto de Sartre Existencialismo é um humanismo. Consegui tirar algumas conclusões também disso. Que mais? Tive alguns problemas também. Não tinha gás, o microondas não estava funcionando. E quando voltei da padaria para esquentar meu almoço estava sem água. Mas no final das coisas tudo se resolveu. Talvez seja isso que devo assimilar, tudo se resolve com o tempo.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Diário #61

                  Estou aqui de volta. Bem, talvez na quinta irei escrever o texto sobre a viagem de Gravatá. Agora, eu me sinto um pouco movido por algumas questões que gostaria de focar nesse texto. Cheguei a algumas conclusões importantes sobre meu processo.

                    Depois da terapia estava totalmente desvastado por emoções. Eu sentia que aquela sensação não iria acabar de jeito nenhum e que eu teria que lidar com isso por muito tempo. Tentei me distrair ao chegar na Jaqueira. Ouvi um pouco do podcast que escuto toda semana. Consegui focar em outras coisas. Porém, percebia que estava com um ar pesado. 

                      Voltando para casa parei para pensar um pouco sobre as coisas que vem acontecendo. Pensei num padrão repetitivo em minha vida, como se eu estivesse sempre voltando para uma mesma cena, várias vezes e repetindo as mesmas reações. Tentei buscar ir mais a fundo em relação a isso. No fim consegui chegar a peça que faltava desse quebra-cabeça. Percebi que eu, o tempo todo busquei ter controle sobre a situação, mesmo buscando não ter controle sobre ela. Na realidade, quis não me comprometer, porém, acabei fazendo o oposto do que estava me propondo. Ou seja, existia algo que não queria aceitar sobre mim mesmo e minha história. Como se eu tentasse o tempo todo superar o meu passado e sempre me frustro com isso, porque na verdade não sei o porquê de eu agir como eu ajo, e também de não saber porque sempre obtenho os mesmos resultados.

                        Então cheguei a compreender algo que estava sendo muito difícil de integrar em minha atual experiência. De talvez não atribuir ao acaso tudo que acontece comigo. Talvez compreender que tudo pode ter um sentido e que meu desenvolvimento pode também obedecer um padrão. Porém, esse padrão nunca me é totalmente compreendido. Nunca conseguirei dar conta desse algo que me move e me mobiliza. Aceitar isso por um lado seria aceitar a minha pequenez, mas também a minha potência. A partir disso entendo que não sou um ser vazio, mas um ser de potência, um ser capaz de realizar muitas coisas, mas também de aprender com os próprios erros, aprender com as falhas, com os fracassos.

                    Agora, posso afirmar que a vida segue sendo um mistério, que eu não preciso forçar uma compreensão total dela mesma. Existe algo de desconhecido na vida, algo que nunca conseguiremos revelar completamente, que faz com que ela seja tão fascinante e que nos faça a querer sempre buscar crescer e se desenvolver. Me sinto mais confiante agora em explorar todas essas coisas que viram pela frente, busco confiar mais nos desígnios da vida e poder esperar que as coisas se ordenem por elas mesmas. 

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Diário #60

                   Voltando aqui. Escrevi um texto com a intenção de não ser parte do diário, mas acabou que é um texto muito parecido com os que escrevo como sendo diário. Não estou muito disposto a falar sobre o dia de ontem. Houve importantes coisas para serem mencionadas. Eu tenho que pensar seriamente como posso organizar isso.

                     Hoje pela manhã eu continuei a leitura do livro sobre Paul Goodman, já que terminei o Experiência de Campo. O livro basicamente está num ponto que tem uma relação direta com o estudo do livro anterior. Mas percebo uma outra abordagem para o assunto. Houveram coisas que ressoaram no que venho pensando. Sobre a união entre os aspectos coletivos e individuais de um sujeito, entre os aspectos biológicos e sociais, etc.

                      Tinha refletido muito sobre essas dicotomias. Como se existisse sempre esses dois extremos e que nós estamos sempre no meio disso tudo. Por um lado, existe um clamor para alcançar o mundo, para assimilar coisas novas que o mundo propicia. No outro a conservação de si mesmo, das suas próprias características, de sua própria identidade. Até voltando para casa da Jaqueira refleti sobre essas questões. Mais especificamente sobre a importância do hábito. Tinha pensado sobre algumas coisas que eu tento cultivar na minha vida para melhor meu humor. Vejo que exercício e meditação me ajudam bastante. Mas para mim o hábito deve ser fundamental para obter resultados. Não só buscar uma meta específica. Mas ter uma constância nas coisas que faço.

                           Antes da Jaqueira fui a Terapia. Foi importante, porque pude botar para fora as coisas que tavam me incomodando por dentro. Precisei demonstrar raiva, insatisfação. Há coisas que me incomodam que eu preciso expressar de alguma forma, e na terapia isso é bem vindo. Ao invés de ir para Fafire depois. Achei que foi a melhor decisão. Não fiquei preso a Marcos. Me distraí. Olhei para outras coisas. Pensie também um pouco sobre a viagem a Gravatá. Falei com Leandro para organizar o horário de tudo. Acho que seria uma boa fazer as coisas aos poucos, ao invés de tentar organizar tudo de uma vez. Amanhã de manhã vou mandar a confirmação da hora para ir para lá. Leandro se ofereceu para levar para Gravatá. Provável dele voltar no sábado.

domingo, 4 de dezembro de 2022

Reflexões de um fim de semana

                    Não pretendo escrever mais um texto de diário. Gostaria de escrever algo mais livre porém com algum foco. De certa forma gostaria também de falar um pouco sobre as experiências desse fim de semana. Tem um tempo alguns que não escrevi nada aqui por aqui. Entramos no mês de Dezembro e nada registrando esse evento.

                       Está chegando o dia da viagem. Estou animado. Talvez um pouco preocupado. Talvez um pouco com medo. Mas aquela ansiedade de antes passou. Me sinto mais tranquilo. Estou abraçando o caos que é a vida. Busco estar aberto as possibilidades e não me enrijecer. Ás vezes penso o como estou criando um peso desnecessário em relação a essa viagem, que poderia ser experiência como outras tantas. Agora não penso como algo banal, mas talvez posso ver que essa experiência pode acompanhar outras, igualmente importantes.

                     Ontem fui pro Rihan com Petros e Dino. Faz um tempo que não vejo Petros. Foi um encontro muito bom. Acredito que foi mais leve do que o usual. Mas há coisas que não mudam. Estou tentando aprender a lidar com isso. Não sei ao certo de onde vem essas questões todas. Percebo que existe uma parte que vem de mim. Como se eu precisasse me resumir num conceito de mim mesmo. Estou aprendendo a não me prender a isso. Sabendo que não sou só isso aí que sou quando estou com Dino e Petros. Não gostaria de me sentir constrangido pelo meu jeito de ser. 

                     Bem, venho pensando em relação a tudo que pertence a minha vida e como isso me ajudar a me melhorar, a evoluir. Talvez eu busque uma transformação radical de tudo. Querer de repente dar um salto para uma outra realidade totalmente diferente. Bem, não acredito que isso seria possível. Busco entender as pequenas diferenças que são feitas a cada momento. Cada pequena transformação possível. Assim, acredito que exercendo a capacidade criativa de lidar com as questões da vida, posso aprender a ver novas formas de lidar com determinadas situações.

                    Por um lado eu percebo o quanto falta para mim demonstrar algo de interessante para o outro. Mas ao mesmo tempo eu percebo a impossibilidade de saber o que o outro quer, o que outro precisa. Nesse meio tempo acabo não olhando para mim mesmo, buscando saber o que eu quero, sem depender tanto do outro para isso. Gostaria de ficar mais em paz comigo mesmo, não quero voltar a ansiedade anterior. Percebi que quero seguir meu próprio ritmo em relação as coisas. Ao invés de buscar o ritmo do outro, de me adaptar ao ritmo do outro, sempre.

                        Tenho medo sim de sempre voltar para esse mesmo ponto e nunca consegui superar essas barreiras. Por outro lado busco me centrar, meditar um pouco, observar o agora. Ás vezes isso me dá uma maior paz e tranquilidade. Saber que não preciso me preocupar, que não apressar o processo natural das coisas. Posso aprender com o presente, o que está disponível no agora. Ao invés de me preocupar com coisas ausentes, irei focar nas coisas presentes, mais palpáveis. 

                            Hoje pela manhã fiz um jogo de cartas em relação ao ano que virá. Bem, tirei várias conclusões. Mas uma delas que ficou mais aparente foi o fato de que posso ser mais receptivo com as coisas. No sentido que não preciso buscar tanto para conseguir compreender o lugar em que estou. Não preciso complexificar mais coisas. Não que eu esteja renegando a complexidade de maneira forçada. Mas percebi que no simples também há uma fonte muito rica de sabedoria. Posso aprender muito com os filósofos, intelectuais e acadêmicos, porém a perspectiva mais simples da vida permite uma visão outra das coisas. É como se eu pudesse integrar meu eu a isso, e aprender com isso.

Entrevista para genograma de minha família

             Ontem, fiz uma entrevista com minha prima para fazer meu genograma. Deveria ter feito isso já um tempo, mas acredito que foi p...