Venho para pensar sobre algumas coisas. Cheguei a um entendimento importante, quer dizer, uma série de entendimentos. Desde sempre estava em conflito com duas partes presentes em mim, a princípio julgava essas duas parte como uma parte voltada a superfície outra voltada para o profundo. A primeiro se relaciona com a matéria, e a segunda majoritariamente para o espírito. Então logo percebi que esses dois aspectos encarnavam nos comportamentos e pensamentos das pessoas, das teorias que lia, etc. O grande conflito era esse, ser um ou outro.
Agora vejo que o problema está em outro lugar, consigo entender esse problema com mais clareza. Lendo os Tipos Psicológicos de Jung, logo percebo que a divisão entre extroversão e introversão influencia essa dualidade de pensamento. Logo consigo enxergar como relaciono com o mundo, como extraio certas impressões e como formei um tipo de visão de mundo durante esse tempo todo. Mas ainda assim me vem outro insight, minhas tendências em relação ao tempo.
Acredito que essa díade de introversão e extroversão me faz compreender essas duas tendências minhas de como lido com as coisas. Existe uma tendência que me leva a querer o futuro, conquistar coisas, me elevar, superar as limitações intelectuais, emocionais e sociais. Querer chegar um momento em que posso gozar de um poder que agora não tenho, ou seja, amadurecer prematuramente. Resultado: me sinto ansioso, não consigo vivenciar as coisas em seu momento, tento criar uma identidade de mim que não corresponde com quem sou de verdade, é uma fantasia. A outra tendência reside na minha nostalgia, minha necessidade de resgatar o passado. Um tempo onde as coisas pareciam mais simples, onde eu conseguia ver a magia nas, era inocente diante das exigências do mundo, restando apenas minha perspectiva, minhas vontades e sonhos.
Logo percebo que o tempo presente talvez seja o mais valoroso, porque o passado nunca mais voltará do jeito que era, não sou mais uma criança sonhadora, não posso resgatar essa inocência, essa receptividade para as impressões do mundo. Nem posso antecipar o futuro, é um tarefa muito árdua, muitas vezes impossível, não há como cumprir as exigências infladas do ego.
Tudo que posso é poder digerir as coisas que acontecem agora, o agora não exige perfeição, ele apenas é. Pretendo respeitar isso. De repente essa visão megalomaníaca que projeto em meu futuro desaparece, e toma lugar um ser real, de carne e osso, humano. E o que era passado dá lugar a um ser que consegue obter prazer do novo, da nova configuração que se apresenta diante de mim.
Quanto a polaridade de extroversão e introversão constantemente posso criar uma confusão real. Buscando a extroversão me sinto sequioso de atenção externa, quero me adaptar ao contexto social em que vivo, quero provar do que o mundo tem a me oferecer. Me converto numa pessoa ansiosa, insegura, dependente da opinião alheia. Enquanto que o lado da introversão cria uma barreira contra o mundo, então quero me aprofundar, chegar ao âmago de minha alma (psique), das minhas motivações, conjuntamente com os acontecimentos externos, buscando a causa das coisas. A sensação que tenho que como se caísse num poço e tentasse chegar cada vez mais fundo. Passo a ser uma pessoa prepotente, orgulhosa, teimosa, demasiadamente melancólica.
Agora de novo vem sempre a máxima de deixar o rio correr seu curso. Ter confiança mais e mais na sabedoria da vida, me levando nos lugares que preciso estar, sem esforço e com paciência. Buscando sempre estar presente, se equilibrando entre futuro e passado, não se apegando exageradamente em um dos dois polos que falei anteriormente.