quinta-feira, 29 de julho de 2021

Introversão e Extroversão

          Venho para pensar sobre algumas coisas. Cheguei a um entendimento importante, quer dizer, uma série de entendimentos. Desde sempre estava em conflito com duas partes presentes em mim, a princípio julgava essas duas parte como uma parte voltada a superfície outra voltada para o profundo. A primeiro se relaciona com a matéria, e a segunda majoritariamente para o espírito. Então logo percebi que esses dois aspectos encarnavam nos comportamentos e pensamentos das pessoas, das teorias que lia, etc. O grande conflito era esse, ser um ou outro.

         Agora vejo que o problema está em outro lugar, consigo entender esse problema com mais clareza. Lendo os Tipos Psicológicos de Jung, logo percebo que a divisão entre extroversão e introversão influencia essa dualidade de pensamento. Logo consigo enxergar como relaciono com o mundo, como extraio certas impressões e como formei um tipo de visão de mundo durante esse tempo todo. Mas ainda assim me vem outro insight, minhas tendências em relação ao tempo.

         Acredito que essa díade de introversão e extroversão me faz compreender essas duas tendências minhas de como lido com as coisas. Existe uma tendência que me leva a querer o futuro, conquistar coisas, me elevar, superar as limitações intelectuais, emocionais e sociais. Querer chegar um momento em que posso gozar de um poder que agora não tenho, ou seja, amadurecer prematuramente. Resultado: me sinto ansioso, não consigo vivenciar as coisas em seu momento, tento criar uma identidade de mim que não corresponde com quem sou de verdade, é uma fantasia. A outra tendência reside na minha nostalgia, minha necessidade de resgatar o passado. Um tempo onde as coisas pareciam mais simples, onde eu conseguia ver a magia nas, era inocente diante das exigências do mundo, restando apenas minha perspectiva, minhas vontades e sonhos. 

       Logo percebo que o tempo presente talvez seja o mais valoroso, porque o passado nunca mais voltará do jeito que era, não sou mais uma criança sonhadora, não posso resgatar essa inocência, essa receptividade para as impressões do mundo. Nem posso antecipar o futuro, é um tarefa muito árdua, muitas vezes impossível, não há como cumprir as exigências infladas do ego.

         Tudo que posso é poder digerir as coisas que acontecem agora, o agora não exige perfeição, ele apenas é. Pretendo respeitar isso. De repente essa visão megalomaníaca que projeto em meu futuro desaparece, e toma lugar um ser real, de carne e osso, humano. E o que era passado dá lugar a um ser que consegue obter prazer do novo, da nova configuração que se apresenta diante de mim.

        Quanto a polaridade de extroversão e introversão constantemente posso criar uma confusão real. Buscando a extroversão me sinto sequioso de atenção externa, quero me adaptar ao contexto social em que vivo, quero provar do que o mundo tem a me oferecer. Me converto numa pessoa ansiosa, insegura, dependente da opinião alheia. Enquanto que o lado da introversão cria uma barreira contra o mundo, então quero me aprofundar, chegar ao âmago de minha alma (psique), das minhas motivações, conjuntamente com os acontecimentos externos, buscando a causa das coisas. A sensação que tenho que como se caísse num poço e tentasse chegar cada vez mais fundo. Passo a ser uma pessoa prepotente, orgulhosa, teimosa, demasiadamente melancólica.

        Agora de novo vem sempre a máxima de deixar o rio correr seu curso. Ter confiança mais e mais na sabedoria da vida, me levando nos lugares que preciso estar, sem esforço e com paciência. Buscando sempre estar presente, se equilibrando entre futuro e passado, não se apegando exageradamente em um dos dois polos que falei anteriormente.

 

  

    Essa foi a primeira imagem que fiz da série de três que fiz esse mês , O Deserto (07/21). Me lembro que fiz num domingo, estava sozinho em casa, passei o fim-de-semana sozinho. Era sensação de grande desolação, solidão, não sabia ao certo o que fazer naquele dia. Escolhi desenhar, estava me orientando para fazer uma imagem mais figurativa, porém desejava fazer algo livre, sem restrições. A imagem surgiu com bastante facilidade, houve alguns momentos em que abri mão do controle para assumir novos riscos As duas figuras parecem estar enamoradas de alguma maneira, porém são de naturezas opostas, durante o desenho era como se a parte azul nascesse da parte roxa. Me chama atenção as raízes vermelhas da figura roxa, e em cima como se fosse uma explosão de cores quentes. Essa imagem me remete muito a pessoa que estava me relacionando no tempo, por coincidência brigaríamos mais tarde. O roxo ao meu ver aqui parece me remeter muito a sensualidade (até o formato da figura me faz pensar isso), nas raízes há um comportamento sólido, cravado na terra. Então aparece duas figuras a partir da roxa, primeiro apareceu a parte azul e do outro lado as cores quentes.

    A figura azul nessa primeira vez me remeteu a espiritualidade, primeira vez que uma cor fria aparece nesse momento, era como se fosse uma energia de pureza e paz. De outro lado uma explosão, com as mesmas cores que usei na série anterior. Houve um rompimento, a temática da raiva está presente, porém aqui existe um novo elemento, distinto. Para mim o que deu mais profundidade a imagem foi o fundo, o deserto. Agora chego a compreensão que o deserto está relacionado justamente com a solidão, ao abandono, cada vez mais que se aprofunda nele mais as cores ficam arenosas, escuras. Como se fosse o que se espera do futuro, um grande deserto sem fim

 


    Agora sigo para o próximo da série, O Mar (16/07), essa imagem parece de fato que é um seguimento da anterior. Aqui o azul predomina, para mim facilmente fui levado a escolher um tema quase que monocromático. Sinto que os dias depois da última imagem passaram a ser de melancolia, bem distinto dos sentimentos de raiva, euforia e tristeza explosiva anterior. Agora é como se houvesse uma contemplação de um ambiente melancólico, com pouca vida, lento, com pouco dinamismo. É a fase da aceitação, a fase do luto. A primeira imagem foi do círculo, como um ponto de partida, um centro de energia, dando um pouco de movimento a imagem. Olhando melhor agora, parece ser uma imagem aquática, como estivesse no fundo do mar, num lugar calmo, sem perturbações. A figura principal me lembra um pouco um peixe. No fundo há buracos vazios, introduzindo ideia de vazio, sem a necessidade de ocupar novos elementos na imagem, agora me remete a ideia de bolhas. Sinto agora que há vida sim nessa imagem, só está esperando o momento ideal para se desenvolver. 


    Agora chegamos A Caverna (23/07). Não existe quase nenhuma complexidade nessa imagem, tinha a vontade de fazer algo mais elaborado mas senti que não era o caso, deveria ser o mais direto possível. Quando terminei a imagem ficou claro que era uma imagem de uma caverna, simbolizando o que está sufocado, que quer sair mas não sabe como. De novo o elemento de cores quentes, porém quase soterrado pelas cores mais escuras. Não há aqui uma desordem destrutiva, existe uma certa construção ordenada, porém conflituosa, tensa. Dá uma sensação de mistério, de algo primitivo, sai um pouco da melancolia, para um raiva contida, implosiva. Um desconforto constante, um peso de diversas camadas, internas ou externas, que não permitem que a clareza chegue a superfície, que não permitem a livre expressão e espontaneidade, que não permitem uma energia de vida.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

                    Esses dias foram significativos em alguns pontos. Principalmente em alguns acontecimentos que me fizeram entrar em contato com algumas coisas. Não me sinto especialmente bem, porém não me sinto dentro de um furacão violento que foi esses momentos. A sensação que tenho agora é oposto da de antes, minha posição anterior foi de explosão, como se fosse um copo cheio derramando, agora estou numa posição implosiva, voltada para dentro, tentando suportar a pressão. E venho percebendo o preço das coisas, o resultado de se entregar a certas coisas.

                     Tenho feito um atendimento com astrologia, também tive a última sessão do Biográfico do mês. Também vi muitos vídeos de MBTI sobre meu tipo, INFP. Isso tudo me fez pensar sobre minha atitude mais voltado para o interior do que o exterior, como essa posição é difícil, promete muito poucos resultados. A sensação que dificilmente serei escutado, dificilmente terei voz, me dá um certa angustia. Com isso, poucos relacionamentos, poucas oportunidades e muito facilmente serei mal-intepretado. Para piorar, por ser uma pessoa mais sensível sinto de forma muito pesada a crítica e o julgamento. Aparentar ser frágil diante dos outros é um fardo que sempre carrego. 

                   Agora, volto para mim mesmo, para o meu processo natural. Aprendi muita coisa com o mundo lá fora, agora é tempo do (IX) O Eremita. Voltar para a caverna. Equilibrar esses dois mundos, que muitas vezes estão em constante conflito. Quero respeitar meu tempo, saber respeitar o tempo das coisas, saber que a natureza é lenta e ciclíca, existem momentos de apogeu e outros de declínio. Estou um pouco cansado de certas coisas, quero ser um com o mundo natural, que permanece em silêncio, ao invés do mundo barulhento lá de fora. Para mim é difícil me reacostumar com o silêncio, com a solidão. Quanto mais aproximo de mim mesmo, mas me afasto do mundo. Quanto mais me aproximo do mundo mais me afasto de mim mesmo, da minha verdade. Sinto falta de mim, sinto falta de aceitar o drama que é ser um ser humano, finito e limitado.

                  Me sinto um pouco acuado diante do mundo, me sinto ferido. Me sinto como se fosse um estranho, alguém que não pertence a essa massa. Difícil estar num lugar em que se deve defender seu próprio espaço, se mostrar legítimo desse lugar, sem que ninguém me perturbe. Há pouco descanso, de repente senti o peso de tudo isso, o que fazer com isso? Não sei ao certo, tudo parece ser absurdo e o esforço desnecessário. Mas o que pode-se fazer? Seguir em frente, com medo, mas com a necessidade de progredir, porque parar significaria a morte.

 

Escrito I

 

A questão fundamental da experiência humana se dá através da relação com o ambiente. Essa relação é constante e permanente, se atualiza a todo momento. É um processo mutável de percepções. O desenvolvimento só pode ser feito a partir dessa relação. As funções biológicas do ser não podem ser isoladas das interações sociais, nem do mundo dos afetos. Todos os aspectos da experiência humana acontecem nesse campo total de elementos que se complementam, formando uma percepção de unidade. 

     A partir dessa leitura pode-se entender a qualidade da relação organismo-ambiente. O que se encontra no comportamento do sujeito pode ser entendido a partir de uma imagem total da experiência. Existe uma organização da experiência que dita os fatores que a constituem. Ou seja, os elementos que fazem parte da vivência conjunta com o ambiente não são postos de maneira aleatória e desarrumada. Daí deve-se compreender que aspectos estão implicados nesse espaço temporal.

      A Gestalt-Terapia julga haver duas formas distintas de compreensão do que acontece nessa fronteira entre organismo e ambiente. Uma forma integrada e outra forma desintegrada. A percepção que integra o ambiente faz com que o sujeito enxergue o ambiente como meio nutritivo para seu crescimento, assimila com facilidade as informações dadas por ele, ou seja, uma relação saudável com o ambiente. A forma desintegrada, quer dizer que o ambiente se torna algo estranho ao sujeito, mobilizando uma resposta de defesa do organismo, se esse tipo de resposta se tornar uma forma rígida  pode-se dizer que se desenvolve uma forma neurótica. Deve-se ter em mente que essas duas formas pertencentes são a experiência do sujeito e não maneiras essencializam a sua natureza. A repetição é uma maneira de solucionar um problema.

         O crescimento se dá através da capacidade do sujeito assimilar o novo, habilitando-o a se atualizar e fazer ajustamentos criativos satisfatórios. A frustração faz com o que sujeito permaneça num modo estagnado, sendo incapaz de criar novas possibilidades. A ameaça do ambiente cria no organismo um sistema de defesa, onde tensiona os músculos para criar uma resposta. Porém essa tensão pode impossibilitar uma resposta criativa, enrijecendo a percepção do ambiente. Essa impossibilidade de entrar em contato com o meio faz com que o sujeito volte para si mesmo, interpretando o mundo através de suas imagens internas, podendo criar visões superdimensionadas da realidade.

                 Esse acontecimento não pode ser entendido fora de um contexto social, que muitas vezes frustra constantemente o sujeito em seu desenvolvimento natural, não permitindo uma integração satisfatória mas sim uma separação, um distanciamento entre as necessidades presentes no sujeito e os objetos de sua satisfação.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Sobre a Solidão... E o vazio

       Agora volto com outra coisa para ser dita. Não pensei em fazer outro post, não sei ao certo se tenho algo a dizer além de algo no terreno pessoal. O importante aqui seria relatar basicamente o que emerge em minha experiência, há outras coisas fora do campo pessoal, mas não sei ao certo como organizar elas para criar um texto ordenado e congruente com o que almejo expressar e pensar (talvez refletirei melhor depois de escrever esse texto).

     Minha consulta com Elizabeth ficou para amanhã, ou seja, não tive esse momento do dia em que pude ter uma nova reflexão sobre minha vida. Mas a sensação que aparece agora soa como uma sensação de vazio, algo está faltando. Por um lado me sinto bem, me sinto leve, não há nada pesado... porém, há uma incerteza pairando no ar. E agora? Faço essa pergunta para alguma entidade etérea que provavelmente me acompanha.

      Percebo a inteligência escondida nas coisas. Não fui eu que me impus esse estado de solidão, foram as circunstâncias. A briga do domingo me fez voltar ao estado de solitude.  De primeira senti uma sensação de liberdade que não havia sentido, me sinto mais acordado, mais aceso. Mas eu me pergunto se vale a pena. Por um lado acredito que sim, vale a pena. Mas teimo em questionar, tento apressar o rio, chegar a uma resposta.

      Esse mês Julho parece que de fato veio para criar rachaduras, mudar as coisas, transformar. Leio o livro Gestalt-Terapia, e diferentemente do Função do Orgasmo, existe um certo desamparo, apesar de necessário. Agora existe uma provocação para o risco, para o contato com o mundo e assimilação daquilo que é nutritivo para mim. Ou seja, denota uma entrega necessária. O ser saudável não tem preconceitos, ele vivencia o mundo sem reservas. Isso, já me causa uma sensação de perigo. 

     As perguntas que me fiz nesse estado seriam: Como confiar? Como ter certeza de algo? Como posso assegurar que o que eu escolho tem resultados benéficos para mim? Será que tento desesperadamente através dessas perguntas uma resposta que me dê segurança e conforto? Bem, entendo algumas coisas a partir disso. Existe um processo. O momento em que li Reich estava num momento da minha vida. Um momento de transição talvez, do mesmo jeito quando li Gestalt-Terapia Explicada. Naquele momento pude chegar a determinadas conclusões. Ali a solução para o meu problema seria justamente a dissolução de minhas couraças, para só então ter uma consciência livre de tensões e auto-sabotagem. Era confortável acreditar que um terapeuta teria um dom mágico para me tirar de meus pesadelos. Agora experimento outro entendimento.

      Agora estou experimentando um olhar para mundo sem essa proteção, a barreira entre eu e o outro é feita por mim. Talvez tentar demolir de um dia para o outro não sirva. O que resta seria como no livro diz se utilizar da função destrutiva do que já assimilado para integrar o novo. Não é mais preciso esperar para que em uma terapia seja derrubada as resistências, mas é na experiência no mundo em que pode ser entendido o que falta, que recursos usar para se alimentar do que o ambiente me oferece, de maneira satisfatória. 

      Gostaria de usar essa palavra que Granzotto usa em seu livro, que é o conceito de estranhamento. É no contato com o estranho que é possível haver uma assimilação. E só assim que existe crescimento. Penso na minha vida as transformações necessárias para crescer. Substituir modelos antigos para novos. Só poderia de fato aproveitar algo a partir do que era novo naquela experiência. Não poderia repetir o que me dava alegria na infância em minha adolescência, etc. E isso não acontecia sem conflitos, obviamente houveram muitos. Me remeto a alegoria de Nietzsche em relação a árvore, uma árvore só pode crescer na dor. 

      Chego ao entendimento de tudo isso, esse pensamento me força a ser alguém que cria junto com o mundo, um ajustador criativo. Não sei ao certo se a imagem que me vem agora é de uma figura "arrebatada", que de repente descobriu a verdade e agora é um novo ser. Talvez o que é de fato seria um efeito-desvio. Estou assimilando um novo olhar, uma nova perspectiva. Uma nova construção de mim mesmo, não um salto radical para algo totalmente distinto.Tanto o que a GT e Reich pregavam, é essa atitude de liberdade diante do mundo, uma abertura para as vivências espontâneas do ambiente, uma percepção através das sensações, do excitamento organísmico. Contrário assim, a uma vivência controlada de mundo, tensionada, ou seja moral. Daí, então chegando ao entendimento do comportamento moral x ético.

       Não posso afirmar se esse é o pensamento definitivo e último, porém é aquele em que me relaciono agora. Percebo que existe um timing para cada coisa. Esse momento me faz descobrir coisas novas, pois, minhas necessidades são outras das de quando era estudante, agora preciso aprofundar, elaborar, complexificar, expandir meu horizonte. E, de forma irônica, deverei expandir meu horizonte a partir da limitação. Só assim será possível uma boa digestão, e assim, aprender um novo vocábulo, uma nova ideia, uma nova percepção.

     

 

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Reflexões em relação a Psicologia

               Chego agora a essa reflexão que veio até mim desde a semana passada. Comecei a ler um livro chamado  Fases da Vida, de Bernard Lievegoed. É um autor da antroposofia falando sobre aspectos psicológicos do ser humano, me chamou atenção alguns conceitos logo de cara, que deliberadamente se chocam com os conceitos da GT. Gostaria de elaborar algo em cima disso nesse post. 

              Acredito que o fundo desse conflito tem muito a ver com as leituras que venho tendo da GT. essa leitura está sendo muito prazerosa, porém muito frequentemente sinto um desconforto em sua teoria. Desconforto em não encontrar um conceito de interioridade, que consequentemente permite uma leitura espiritual disso. A GT dentre todas as teorias psicológicas é a que permite menos uma leitura espiritual de sua teoria. Apesar da tentativa de pessoas como Claudio Naranjo.

              Isso se dá através de sua base teórica, sendo ela a Fenomenologia.  Essa corrente de pensamento se dedica a entender os fenômenos, a percepção mais imediata e aproximada dos vividos. Assim, a ideia de interioridade é totalmente colocada de lado por criar uma separação entre o interior das coisas e a percepção. da coisa.

             Minha ideia aqui, sobretudo, é de trazer como a GT criou uma compreensão de homem e de mundo a partir dessa perspectiva. A partir disso se criou a teoria do self, para descrever os contatos do organismo-meio. O self não se situa em um lugar em específico, ele não se localiza dentro do sujeito, mas se dá através de uma relação mútua com o mundo. Com isso todas as funções, psicológicas e fisiológicas estão irmanadas com a esfera social. Nisso, pode-se destacar 3 importantes funções: id, ego e personalidade. A primeira função está ligado ao excitamento, algo que surge de experiências passadas para acionar uma ação, ação essa realizada pelo ego, que delibera como ação será feita, e enfim a experiência é finalizada, servindo como fundo para outras vivências futuras.

                Nesse esquema não é possível fazer uma separação concreta entre a vivência do organismo e do meio, pois os dois estão entrelaçados. Essa perspectiva me dá uma sensação que existe uma espécie de virtualidade, onde algo não pode ser entendido completamente em sua essência, as coisas são sempre um produto de acontecimentos, um produzindo o outro, um criando o outro. Dando a ideia que as coisas criam por elas mesmas, sendo geradas por constantes choques.

                Já o esquema apresentado por Lievegoed, trás um outro tipo de compreensão. Ele sim adciona um aspecto espiritual para sua análise. Por coincidência (ou não) encontrei esses conceitos de forma muito próxima ao que foi apresentado na live dessa semana sobre Papus. Somos, segundo ele, divididos por 3 estâncias, um corpo físico, onde se encontra nossos desejos,  o ego, onde se localiza o mundo espiritual, encarnada no pensar e no meio está o corpo astral, ou seja a alma humana, a psique, onde se encontra o sentir.

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                       Essa distinção entre três esferas: uma biológica, uma psicológica e outra espiritual, me causou certa confusão. Estava acostumado em entender as coisas a partir do mundo e agora temos uma compreensão de ser humano apartado do mundo, como sendo um ser distinto e além disso um ser conectado com uma função transcendente, algo que está para além do que é visível, que também age sobre ele.

                     Houve tempos que conseguiria enxergar duas teorias como essas sendo capazes de dialogarem, quando acreditava que podia abarcar uma teoria mais abrangente, mais "holística". Porém essa visão onírica foi substituída por uma perspectivas mais "pé-no-chão". Tenho dificuldade de dar a esses dois pensamentos o direito de compartilhar o mesmo espaço. Espero poder equilibrá-los.

Viagem a Gravatá

         Não escrevi nada na semana passada por estar viajando para Gravatá. Me sinto dividido, entre falar sobre a percepção da viagem e a percepção do agora. Percebo um misto das duas coisas, uma sensação de confusão, por haver duas energias mescladas. Porém, buscarei insistir na descrição do que está acontecendo.

     Talvez eu esteja um pouco atônito diante dos acontecimentos, como se faltasse lógica para algo, ou até mesmo eu estou tentando encontrar lógicas nas mais mínimas coisas. Isso tudo geram dúvidas, perguntas, etc. Acredito que essas coisas podem gerar um novo post, logo após esse. Por enquanto quero dar conta das minhas dores existenciais.

      Desde semana passada vem acontecendo situações muito salutares. A viagem foi talvez o grande mote. O que essa viagem estava significando para mim? Minha questão em relação a ela estava no fato de vivenciar de novo uma situação que não estava muito confortável, mas alguma coisa me dizia que era necessário, esse momento não seria como os outros. Bem, houve aquele acontecimento infeliz com Letícia, que me permitiu ir para Gravatá. Antes mesmo de ir, por ironia do destino, minha mãe precisou comprar alguns remédios homeopáticos, no mesmo lugar que Letícia trabalha! Não sei interpretar bem o porque desse reencontro, novamente, posso porém de forma parcial, ainda me sinto incapaz de precisar.

      Apesar desse incidente, fui para Gravatá. Foi um treino de paciência, de superação das minhas carências, também serviu como uma forma de treinar meu convívio, comigo, com as pessoas e a natureza. Serviu como uma auto-cura, muito parecido com o que aconteceu em Tamandaré no início do ano. Sentia que estava sobrecarregado de muita coisa. Consegui me observar melhor, fazer as coisas com mais naturalidade, acredito que foi algo que adquiri, foi de muita valia. Também percebo como atraio coisas negativas para mim, como se eu precisa sentir mal pelos outros, carregar o peso do outro como forma de "vingança". Percebi que não havia necessidade disso, não preciso criar uma disputa com a outra pessoa para talvez um dia vencer, enquanto isso me sinto mal, carregado, irritado, magoado. Aprendi a abrir mão disso, difícil tarefa, que teria que exercer a partir de agora. 

        Logo, quando voltei, eu sentia que estava livre de qualquer peso, podia deixar o dia se desenrolar livremente. Porém, nesse mesmo momento veio Letícia falar comigo, aproveitei para resolver esse assunto pendente. Decidimos nos ver para ter uma conversa mais satisfatória. Acreditei que foi algo justo, pois eu sentia que algum dia iríamos nos acertar. Porém o que aconteceu foi que ficamos juntos de novo. Nisso gerou uma sombra em cima desse acontecimento. E agora? Como me comporto diante dela? Qual é o papel dela em minha vida? Isso tem algum futuro? Cometo um erro em estar com ela?

           Essa questões ainda ficam grudadas em minha mente, como se eu não conseguisse superar esse estado em que estou, não consigo encontrar um lugar seguro para enxergar essa situação de maneira razoável. Tenho insights de todos os tipos, porém não me sinto na capacidade de tomar nenhuma decisão concreta. Só gostaria deixar acontecer, porém a ansiedade me acompanha, de um jeito muito estranho. Como se fosse inevitável bater com a cara na parede. Como no sonho com Larissa...




Reflexões sobre "Cuidando do Cuidador"

      Esse fim-de-semana houve um evento do meu curso chamado "Cuidando do Cuidador". Fiquei um pouco reticente sobre isso, eu ter...