quinta-feira, 28 de abril de 2022

Entre a cruz e a espada

     Dia de chuva, a dúvida assolando minha mente, entre o entregar-se e o integrar-se, entre estar e ir, entre ficar e se ausentar. Explorando meus sentimentos, meus medos, meus receios, examinando meus conceitos, o que eu quero? Por quê a dúvida?
      De onde vem isso tudo? O que está acontecendo? Devo seguir com isso tudo? Esperar? O que tenho a perder? Me sinto como se estivesse numa ilha isolada, sem comunicação com o mundo de fora. Uma sensação de estar perdido de meus próprios propósitos, daquilo que valorizo. A raiva aperta o meu coração, meus desejos estão obliterados, a vida, um eterno desconhecido. Como ter alguma certeza diante das incertezas?
      Se localizar no meio dos extremos, nesse lugar impreciso, inexplorável. Aceito não saber, não compreender. O sofrimento presente nesse momento, a presença da ansiedade, do receio constante, conjuntamente com a possibilidade de superar isso tudo, de me liberar do peso, da densidade, da opressão. O que é de fato melhor para mim? Não sei responder essa pergunta. A razão não sabe dominar esse assunto, então não sei mais o que pode dominar.
    O sentimento de injustiça, de desrespeito, da falta de consideração. O que fazer com isso tudo? Jogar no lixo? Abrir mão? Deixar passar? Há um terreno inexplorado.

Bloco de Rascunhos - 21 de abr. 9:36 AM

 

        Ontem tive algumas reflexões sobre a vida, cheguei algumas conclusões. Consegui chegar a base de algumas leituras que tenho tido nesse período. Acredito que muito da minha vivência no mundo é através de buscar controle sobre as coisas. Com isso eu sempre acredito que para me libertar desse mesmo controle tenho que me tornar uma pessoa totalmente oposta aquela que já sou hoje. Então assim cria em minha mente uma ambivalência, entre a pessoa que eu deveria ser e a pessoa que sou agora. Então apareceu para mim uma outra alternativa. Existe de certa forma um meio termo para tudo isso.  Acredito que esse meio termo não é necessariamente uma mistura dessas duas partes.
      Tinha lido em um outro texto na existência de duas vidas, a vida contemplativa e a vida ativa. Tinha percepção de que tinha que balançar entre esses dois aspectos. Porém, acredito que há um terceiro fator, algo novo. É justamente esse algo novo que não é limitado por essas duas possibilidades que gera algo, que permite ser criativo. Portanto eu sou esse processo em construção, estou para ser algo que ainda não sei, que não tenho controle, é nesse entendimento desse algo que não sei, que é desconhecido que me desenvolvo, que posso me libertar das limitações impostas pela realidade do mundo.
      Essa reflexão me faz compreender melhor as minhas leituras. Eu não posso me restringir aquilo que está posto, que já é conhecido. O meu desenvolvimento me leva a crer na possibilidade de reescrever minhas existência e o meu em torno.
      Eu vejo nas minhas relações com as pessoas um sentimento de que as coisas já estão postas no mundo, que não há a possibilidade de criar algo novo, uma forma de existir nova, uma forma de relacionar nova.  Sentia que o projeto de ver uma sociedade com novas regras, com novas organizações não poderia existir. Porém, a questão não seria essa, não é necessariamente buscar uma realidade específica que irá melhorar as coisas, tornar as coisas mais interessantes. A transformação se dá no campo presente, no cotidiano. Se eu mudo, eu mudo meu campo. Se eu tomo uma decisão para um lado, a realidade muda consequentemente. Entretanto, eu não sou o único provocador dessa mudança, eu sou mudado também, eu sou modificado.
    Eu não sou necessariamente uma vítimas da realidade, pois eu não estou fora dela, eu não posso me ausentar da realidade. Nesse aspecto, sempre tentei pular fora da realidade. Minha escolha estética muitas vezes se relacionava com o absurdo, no caso do dadaísmo e do surrealismo. Hoje, a partir da Gestalt-Terapia, vejo que a realidade é algo que faz parte dessa equação. Essa oposição entre irracional e racional nem sempre é inteligente, nem sempre o factível. A vivência humana está para além dessas dicotomias.
    Agora percebo que mudei bastante a minha percepção sobre as coisas. Busco aceitar essa mudança, ver ela como algo positivo. Permitir ser mudado pelas experiências me faz crer que há algo muito potente nesse processo, me faz ir além de meus preconceitos, das minhas visões pré-determinadas sobre as pessoas e coisas. Entender isso me faz ser mais consciente de  mim mesmo, de forma paradoxal. Existe um tempo natural para as coisas, que muitas vezes o processo civilizatório nos furtou (e nos furta). Tenho percebido esse distanciamento do mundo natural, de estar num contexto urbano, artificial, caótico. Porém, percebo agora que não preciso estar no campo para ter essa concepção de voltar a natureza, de voltar ao que é "essencial".
 Faço parte do lugar em que estou inserido, no lugar que vivencio agora. Não nego a possibilidade de um dia ter esse tipo de experiência com a natureza, mas para mim agora é fundamental abrir o campo de possibilidades.
      Estou em um momento em que me questiono sobre um série de coisas, tenho várias dúvidas. Mas nesse momento chegou esse ponto em que não estava contando. Arriscar faz parte desse processo, errar faz parte do processo. O caso de Felipe em Santiago para mim foi uma aprendizagem disso. A experiência das coisas me ensinam mais sobre a ideia sobre as coisas. Vivenciar as coisas no mundo trazem uma série de aprendizagens que não posso encontrar nos livros ou nos meus pensamentos. Há algo que vai para além dos conceitos. Esse entendimento foi de grande importância para mim.

                De novo aqui com a sensação que não tenho muito o que dizer. Na verdade eu acredito que há muito o que dizer, porém são coisas muito espalhadas. Não tenho uma sensação de ordem em minha vida e talvez seja a primeira vez que vejo isso de forma positiva.

               Venho refletindo muito sobre meu papel em minha vida e na vida dos outros. Tento encontrar algum sentido, ou insight, para entender os motivos por trás das coisas. De certa forma consigo entender. Porém, vejo nitidamente minha tendência a racionalizações, ao controle sobre as coisas. Talvez esteja criando muitos problemas onde pode não haver, mas ao mesmo tempo busco não subestimar as coisas que sinto.

                Esse conflito que percebo diante de mim nesse momento, me faz refletir o quão eu não confio no próprio processo das coisas, sentir responsável por tudo acaba tornando a vida muito pesada. Agora posso abrir mão do controle e focar naquilo que eu realmente posso ver proveito em focar, tirar o melhor daquelas coisas que fazem parte de meu íntimo, que me fazem me sentir útil, criativo e com valor, o resto a vida se compromete em se encarregar, não preciso levar o mundo nas costas.

              Penso em adicionar alguns textos que eu tinha escrito no Evernote, acredito que eles possam resumir melhor as minhas reflexões atuais. Gostaria também de voltar a escrever diário, sinto falta de registrar os acontecimentos em minha volta, porém não consigo encontrar um horário bom para isso.

               

quinta-feira, 14 de abril de 2022

                         Esse será um daqueles posts que faço quando não tem uma temática central para abordar. Mas acredito que haja sim o que escrever, porém não sinto que houve algo que pudesse me concentrar unicamente. Estou num momento um pouco sem saber onde me encontro, não é uma sensação muito boa essa, porém não sei também o que fazer em específico para desenvolver a minha vida.

                       No campo profissional ainda estou num lugar um pouco delicado, eu sei no que posso fazer para melhorar, para progredir nesse quesito. Mandei um formulário para começar a ter uma mentoria "digital", porém não recebi nenhuma resposta até agora. Talvez seja o único lugar onde posso encontrar alguma promessa para minha carreira. Me sinto angustiado por causa disso.

                         Tenho o sentimento da estagnação, em todos os aspectos de minha vida. Esse fim de semana veio o insight de buscar ter mais paciência, porém eu fico com a sensação que estou afundando de novo nesse mar de estagnação. Por mais que eu ache que esteja avançando algo parece que há a possibilidade de sempre permanecer onde estou e nunca mudar.

                             Surgiu a possibilidade de ir a Gravatá mês que vem. A primeira ideia seria ir com Dino, porém ele logo disse que não podia mais por ter sofrido um acidente. Então, a possibilidade seria de ir com Marcos. Sinto um misto de receio, esperança e indiferença. Como se eu precisasse não depender de Gravatá para obter as coisas que eu quero. Por um lado seria um lugar para me sentir mais livre, ter momentos de lazer e prazer, mas por outro lado parece ser um lugar que suscita ansiedades.

                               Na última sessão de terapia falei sobre meu medo da solidão. Porém, acredito que vem conjuntamente a esse medo, o medo do fracasso. O medo das coisas não derem certo e eu estar insistindo em algo que não promete melhora. Levei isso para minha terapia, mas a sensação que eu tenho é de falar para as paredes, falar sobre isso não parece mudar nada, não parece transformar a minha realidade. Me vejo dependente das pessoas para mudar os rumos da minha vida, como eu me sinto, etc. Talvez tenha que mudar isso, ter uma iniciativa em relação a isso tudo, ao invés de ficar esperando. 

                                De novo a palavra paciência. Não conseguirei ver as mudanças necessárias em minha vida sem ter paciência, sem ter calma. Não sei qual mudança fundamental eu tenho que fazer minha vida. Sei que falta ter mais autonomia, ter meu dinheiro, poder ter meu próprio espaço, decidir as coisas por mim. Mas sei que nada disso vai aparecer de repente, com pressa. Sei que preciso de paciência em relação aos meus relacionamentos, saber que cada coisa obedece seu tempo e só conseguirei colher os resultados sabendo apreciar o que vem até mim, tendo lucidez do que cada mudança (mesmo que pequena) represente.

                             Tirei uma carta nesse domingo junto a minha mãe. A minha carta era MATURIDADE e o dela era SOFRIMENTO. Para mim a minha carta representou uma sabedoria que vem da experiência, e essa sabedoria não está voltada para o mundo mas pelo interior. Venho percebendo que não estou tão apegado as coisas e as pessoas como eu era anteriormente, percebo que posso me importar menos com meu desempenho exterior e perceber as coisas boas em estar crescendo e se desenvolvendo. Tenho receio de muitas coisas, mas no final sempre aparece uma voz dizendo para eu ter calma e paciência, que não adianta nada perder a cabeçar.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Reflexões pós-Aldeia

                          Volto aqui com mais algumas reflexões. Estou um tempo sem postar nada e só agora terminei o relato da viagem a Aldeia. Me sinto um pouco cansado, não queria ter que sentir isso sempre que quero postar algo aqui. Tentarei ser breve, mas sei que algum momento tenho que rever minha organização em relação aos posts.

                          Voltei a minha normal, com a sensação que nada mudou. Não consigo acreditar de verdade nisso, mas ainda percebo minha tendência a neurotizar e buscar intelectualizar tudo. Culpo o contexto em que vivo, o contexto urbano. Também penso na configuração que estamos vivendo agora. Minha relação com o espaço mudou desde do início da pandemia. Não tenho a mesma rotina de sair todos os dias. Fico muito em casa, saio mais para caminhar no parque. Portanto, penso demais e movimento de menos.

                          Vivo uma sensação de conflito constante. A terapia não está ajudando muito. Não sei o que pode ajudar. Não há uma resposta precisa para nada. Não consigo confiar no processo natural das coisas sem achar que eu tenho que exercer algum tipo de controle. Percebo que o controle é necessário em algum nível. Sem ele não consigo fazer nada. Há algo em nós que pede movimento, ação. Porém, que essa tendência gera insegurança, tensão, ansiedade. Então muitos momentos preciso ser menos controlador, deixar fluir as coisas. Porém, eu sinto que essas duas forças nem sempre estão em harmonia total. 

                        A última vez que fui a terapia esse tema emergiu. Eu percebo o quanto não há uma ausência total de tensão quando digo que estou relaxado, ou ausência da necessidade de relaxar quando estou tenso. É um processo complicado conviver com esses dois aspectos. Disse a minha terapeuta que os momentos que estou sob efeito de alguma substâncias são os momentos onde eu sei que posso desligar completamente meu racional. Porém o efeito da substância em algum momento para e o racional volta de forma total depois. Além que muitas vezes sinto como sendo um efeito artificial, nem sempre sinto que estou totalmente entregue a experiência.

                       Mas não consigo comparar esse efeito a qualquer outra coisa. Meditação nunca me deu uma sensação de entrega. A massagem feita na terapia me deu uma sensação muito próxima a isso, uma ausência do controle racional, porém só durava um dia, não havia um efeito perpetuo. De qualquer forma acredito que devo aprender a conviver com isso, entendendo quais são meus limites, me escutando sempre. 

                        Na sessão anterior a sessão passada eu tive um acesso de raiva e explodi durante a sessão. Foi algo que nunca fiz na sessão com essa intensidade. Foi um sinal para mim de que eu estava rompendo com o meu racional. Só assim que veio o choro, e a terapeuta me deu esse feedback: que foi a primeira vez que eu tinha chorado na terapia. Percebi que havia um peso muito grande sobre mim, que muitas vezes não sei qual é o tamanho. Não sei como mensurar isso, não sei ao que recorrer, não sei como organizar isso tudo em algo que faça sentido e que me dê uma noção de resultado. Uma das coisas que falei na sessão passada foi que tinha medo da demora, de que só entenderia certas coisas depois de muito tempo.

                           Nesse momento recebo uma frase de um ex-professor meu de história e filosofia: Ars Longa, Vita Brevis. Deixarei o texto com essa frase.

Estádia em Aldeia - Imersão do Mutuar

        Esse fim de semana passada fiquei dois dias e meio em Aldeia, junto com o pessoal do Mutuar. Não sabia ao certo o que esperar disso, havia um misto de várias percepções, expectativas e receios. Não me sentia muito feliz nos dias que antecederam, não sentia que poderia ser algo bom. Antes disso tirei duas cartas para saber como vivenciar esse momento:

        Jogo de prós e contras:

    Encoraja a: (Ás de Copas) - Aproveitar uma oportunidade para encontrar uma felicidade enorme.

    Alerta sobre: (2 de Paus) - Valentia desconsiderada, ações destrutivas, demonstrações vazias de poder.

    Então já pensei como teria que lidar com esse momento. Chegamos lá na sexta a noite. Havia uma certa ansiedade para começar a beber e relaxar um pouco. Eu estava me programando para fumar mais tarde, porém logo pensei que aquele momento em que ninguém chegado ainda como sendo o ideal para fumar sem ter ninguém por perto para me julgar, mas segurei essa vontade. O lugar era muito espaçoso e aconhegante. Comecei a beber as minhas cervejas. Logo chegaram mais pessoas. O coordenador do curso, Felipe, tinha trazido um equipamento de som e violão, iria ter roda de violão pelo visto.

    Logo no começo senti a tensão de não conseguir me incluir nas conversas. Sentia uma tensão. Essa tensão acredito que por parte veio do fato de já ter bebido duas cervejas e sentido os efeitos do álcool e também o que as cartas me pedido fazer. Havia um grande peso em minha consciência para não entrar em conflito em relação as pessoas alí.

     O primeiro insight que tive foi o fato de estar de fato experimentando algo real ali, para além das abstrações teóricas que faço quando estou no ambiente privado. Lá sentia que a gestalt estava sendo vivenciada de forma pura. Eu expressei essa opinião na roda de conversa. Nisso outros assuntos vieram a tona, as frustrações diante das instituições de ensino foi um dos temas, que me deixou um pouco incomodado. Esse incomodo foi crescendo aos poucos, se juntando a outras impressões. Quando começaram a tocar eu não me sentia parte daquilo, sentia ansioso para tocar, mas ao mesmo tempo sabia que ninguém ia se animar com que eu tocaria.

     Houve um momento de profunda tensão em que não aguentei mais e me ausentei do grupo para fumar. Fiquei um bom tempo sentado ao lado da piscina para tentar me acalmar um pouco. Quando voltei um dos alunos me ofereceu maconha, eu aceitei. Fui pegar o cachimbo para fumar e foi a maior alegria. Dei umas quatro tragadas, aquilo conseguiu resolver bem. Voltei para o grupo, só assim para me sentir mais a vontade. Deixei fluir. As coisas iam acontecendo e permitia que acontecesse. Eu não estar participando não era mais o problema. Meu julgamento foi interrompido. Até o momento que decidi pegar o violão. Me senti totalmente entregue, sinto que minha sensibilidade fica aflorada, consigo me perceber melhor, minha voz, o que estou tocando, etc. Só o entorno que não parecia estar gostando, mas daquele jeito não parecia que me importaria tanto.

   Foi uma experiência única, poder expressar através desse estado algo que não consigo expressar comumente. Estava sendo aquilo que sou quando estou sozinho. Não era mais um ser constrangido pelas pessoas, eu quebrei várias limitações naquele momento, e ainda não me senti com vergonha em relação a isso como senti no Natal. Porém esse efeito durou muito tempo. Não conseguia dormir. estava muito agitado. Ainda saí da cama para jogar sinuca, fui terrível.

    No sábado houveram outras coisas. Não acordei na hora para a programação da manhã. Houve uma espécie de oficina coordenado por Pablo de Teatro do Oprimido. Não quis ir. Não estava com cabeça para aquilo e ainda queria aproveitar um pouco desse tempo para tocar um pouco de violão. O sentimento de censura ainda estava ali, não conseguia me concentrar em tocar sem pensar no que os outros poderiam estar pensando. Depois decidi participar do grupo. Era um segundo momento em que as pessoas tinham que achar objetos encontrados no chão para colocar no centro do grupo. Foi um momento de introversão. Estava seguindo com o fluxo de novo, algo novo estava acontecendo e não conseguia entender direito o que era.

    Quando essa parte acabou faltava uma pessoa do grupo, ela chegou com um objeto e quando colocou em cima dos outros objetos começou a chorar. Foi um choro que me fez sentir um certo conforto, como se tivesse mandando a mensagem do sentido daquele encontro, de fato não era um encontro simplesmente de celebração, mas um encontro de contato com os afetos. Tentei sustentar esse momento, não foi muito fácil, mas não tinha outra escolha. Ela contou que estava acontecendo com ela e foi muito maior do que eu imaginava. Disso que ela falou abriu um espaço para outras pessoas falarem assuntos parecidos. Aquilo foi uma catarse muito poderosa. Foi um misto de algo extremamente denso com um sensação de conforto, como se fosse realmente necessário aquele momento.

       Durante o período do almoço pude colocar minhas músicas na caixinha de som, foi um momento que me senti com mais prazer, porém muitas vezes um prazer meio culposo, de achar que estava enfadando as pessoas com minha música. Depois que as pessoas foram embora decidi entrar na piscina e ainda botar algum música para ouvir. Foi um momento um pouco estranho também, havia de novo uma sensação de estar dividido. Havia aquela ideia em minha mente do que eu queria fazer - ficar na piscina levemente chapado e ouvindo a minha música, ou estar conversando com o grupinho que estava sentado no banco um pouco mais ao lado (Fernanda, Pablo e Felipe). Acabei que escolhi ouvir música, porém não sentia que estava apreciando totalmente aquilo. 

       No final da tarde para a noite, Felipe decidi falar sobre sua experiência com o Caminho de Santiago. Era um slide com fotos da viagem. Foi uma experiência muito boa, senti que estava mais entregue e despreocupado. Talvez foi o momento que estava mais tranquilo e integrado ao grupo. Depois disso começou a chover fortemente. Um grupo decidiu ir jogar sinuca e outro ficou no terraço conversando. Fiz minha quesadilla e fui com o pessoal da sinuca.

         Foi um momento que eu comecei a beber minhas cervejas especiais (Indica e Ekaut) e fumar mais alguns cigarros. Nesse momento de novo veio o elemento julgador dizendo que eu não conseguia jogar sinuca, etc. Me sentia um pouco escanteado por ninguém ter falado praticamente comigo. Houve até um momento depois em que eu entrei no jogo. Mas logo quando acabou desisti de continuar jogando. Depois disso voltei para o meu cigarro e minha cerveja. Esse foi um momento muito crítico para mim, a sensação que não conseguia nem estar em contato com as pessoas nem fora. Meu refúgio era o cigarro, a única coisa que me dava contentamento e conforto.

       Depois disso tudo fomos dormir. Agora consegui dormir melhor. No outro dia, na manhã de domingo tivemos uma café da manhã, e um das alunas estava falando sobre um café que ela vendia. Aproveitei para experimentar e estava também bebendo uma xicara de café. Tinha a crença de que agora o café não me afetaria tanto. Pois bem, depois disso fizemos uma roda de conversa para fazer um síntese desse momento que tivemos. Falei um pouco de minhas impressão fazendo o esforço para não falar nada que fosse pesado. Quando estava finalizando, Angélica e Felipe deram um feedback sobre mim, que me alegrou bastante.

         Voltando para a casa eu tive muitos insights sobre a vida (boa parte estimulado pelo café). Cheguei em casa por voltar das 15:00, não quis almoçar, sentia que precisa deixar as coisas acontecerem naturalmente. Fiquei o dia praticamente refletindo, o pensamento estava muito acelerado. Tentei extravasar com música. Meditei. Fiz alguns exercícios de Bioenergética. Mas nada fazia com que a energia baixasse. Foi um dia em que estava muito satisfeito por chegar tantas conclusões, mas havia um momento que precisava me acalmar e voltar a vida normal, não era possível. Há noite chegaram meus pais e aproveitei para conversar com minha mãe. Ficamos mais ou menos 2 horas conversando, foi uma conversa bastante produtiva. 

            Finalizarei aqui o meu relato dessa experiência. Escrevo essa última parte quase duas semanas depois do acontecido. Agora voltei ao meu normal, de novo com várias preocupações, mas acredito que superei alguns limites que até então estavam me atrapalhando. Tentarei voltar as minhas reflexões costumeiras em outro post.

Entrevista para genograma de minha família

             Ontem, fiz uma entrevista com minha prima para fazer meu genograma. Deveria ter feito isso já um tempo, mas acredito que foi p...