quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Diário #35

                    Agora estou aqui, nesse momento agora. Essa frase me parece congruente com a reflexão que tive hoje. Estava pensando sobre algumas auto-imposições que me faço constante. Percebo que há uma ansiedade para compreender certas coisas, para definir de forma apressada certas coisas. Daí percebi que existe a possibilidade de vivenciar essas coisas de outra forma, fora de uma perspectiva ansiosa em busca soluções, em busca de conclusões rápidas. Como se as coisas da forma presente não fossem suficientes, como se o meu conhecimento sobre as coisas não fosse suficiente, como se nada que eu já sou fosse suficiente, sempre preciso buscar o que está ausente, o que falta.

                       Hoje pela manhã voltei ao estudo do Tarô Pitagórico. Na verdade eu iniciei o resumo da carta. Pensei sobre o papel da dualidade, como na unidade se inclui a dualidade. Ficou mais nítido isso em minha mente, que o atual momento tenho que aceitar isso, tenho que ver que os opostos presentes em mim formam uma totalidade. Depois de ter escrito o resumo (que não consegui terminar inclusive), continuei outro texto chamado Jornada Simbólica.  Não consegui terminar o texto também, porque precisa pelo menos dar início ao texto sobre a viagem a Fazenda Nova. 

                      De tarde fui a Jaqueira, como de costume. Percebo que preciso muito investir mais em exercícios físicos, quero muito diminuir de peso. Acabei nem lendo o livro sobre vegetarianismo que estava lendo. Tenho que buscar fazer uma mudança significativa em minha saúde. 

                      Pelo caminho refletia uma pouco sobre algumas coisas. Sobre a ideia de criar uma escola de Petros, por exemplo. Na metade do caminho comecei a pensar sobre o estresse que passei na supervisão na noite passada. Pensava sobre como não queria deixar que essa situação ficasse sem ter uma solução, sentia a raiva de ter que ter passado por aquilo. Não quero aceitar mais coisas que discordo veementemente. Pensei em até tentar entender se de fato psicologia é a profissão que deveria continuar. Mas quando estava chegando no parque tentei deixar para lá isso.

                      Durante a caminhada escutava um podcast de política. Foi nesse momento que tive esse insight do primeiro parágrafo. Fiquei pensando nisso quando voltava para casa. De fato é meio desnecessário tentar desterrar tudo que pode estar escondido dentro de um insight desse. Podia simplesmente deixar as coisas fluindo e não me prender a uma pensamento.

VI. Cupidus - Eros - Amor (7,6)

                                                           

     

              Motto: Omnia vivit Amor (Amor conquista tudo)

             Divindades: Eros, Cupidus, Apolo + Artemis/Diana, Osiris + Iris.

             Dados: 1+6 = Amor + Filhos (Água); 3+3 = Família + Filhos (Fogo)

             Astragali : 1+4+4 = Amor + Sacerdote + Filhos.

              Letra Grega = Zeta

                         Zeteo = desejo, procura, exigência, demanda, busca.

             Trigrama: 

                   II: Nome: Tui = Feliz. Imagem: Lago. O Terceiro Filho, associado com alegria e atração. Nordeste do Céu Anterior.

 

            Descrição:  Eros aparece como alter-ego do I. O Mago. É o poder da conjuração, representa o sagrado casamentos dos opostos. Aqui se apresente o Sol e a Luarepresentando o inconsciente feminino e masculino. Não nasce de uma decisão consciente, aqui todos os opostos estão unidos: masculino e feminino, consciente e inconsciente, pensamento e sentimento, intuição e sensação.

                                 É uma conjunção alquímica de irmão e irmã. Pela consumação do polo masculino, será destruído, dissolvido no mar materno subconsciente. Isso represente a dissolução que precede o rejuvenescimento de elementos masculinos. A criança divina consome a substância materna. A mãe morre na concepção, obliterando o polo feminino. A criança sobrevive, manifestando o equilíbrio de todas as oposições, reencarnando os dois pais (VIII. A Temperança).

                         O Hiero Gamos (Casamento Sagrado) deve ser incestuoso. Representa "uma combinação de coisas que são relacionadas mas com naturezas distintas" (Jung, Mys. Con. 466). São dois lados de uma mesma unidade.  Está ligada ao símbolo do Uroboros, que no crepúsculo da consciência aparece como dois indivíduos; na verdade, a noiva e o noivo estão disfarçados de Mercúrio (O Mago).

                                Representa o casamento entre IV. Alta Sacerdotisa e V. Alto Sacerdote - Casamento Alquímico entre a Rainha da Noite (Prata) e Rei do Dia (Ouro). É o Mercúrio que une o Enxofre e o Sal. Sua geração é o pneumatos, a "harmonia do espírito intermediário".

                                 O hexagrama é o símbolo da União dos Opostos.  São simultaneamente dois triangulos sobrepostos do Fogo e Água e também signos sobrepostos do Ar e da Terra. Assim todos os quatro aspectos da psique, masculino e feminino, imanente e transcendente, são unidos o consciente e o inconsciente em equilíbrio ( ver V. Alto Sacerdote). 

                                       A hexade, discutido no Minor Arcana, é o princípio da hamornia, pois é o produto da díade e da tríade. Assim reconcilia os opostos, é conhecido com Totalidade. A heptade é considerada "A Segunda Mônada", o impulso para um novo nível de manifestação, um novo começo, novo princípio de geração. Uma pessoa completa abarca três elementos físicos (mente, espírito e psique) e quatro elementos naturais (terra, água, ar e fogo), que corresponde com três virtudes espirituais e quatro virtudes práticas. Héptade é fruto do primeiro número par e ímpar. O Pai (3) e a Mãe (4) - 7 = 3+4.

                                      No culto sumério, a deusa Ishtar (ou Inanna) é a Rainha do Céu e da Terra, Deusa do Amor e da Guerra, e Dumuzi (Tammuz) seu esposo, é o Rei-Pastor, o Touro Selvagem. Depois de seu Casamento Sagrado, Inanna mata Dumuzi, quando ela estava estava presa no submundo, ela mandou demônios para substituir ele, assim ele caiu na escuridão.

                                           Para Crowley Enamorados e Temperança são gêmeos, um par complementar: Solve et Coagula. Enamorados é Solve pela tradição alquímica do Casamento Sagrado que se dá em águas espirituais. Na Alquimia, desnudar-se representa a exposição da alma, descartando a Capa da Escuridão, representando o nigredo (Jung, MC.50)

                     

                

 

             

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Diário #34

            Um dia antes da viagem para Fazenda Nova. Lembrei agora que deveria ter feito um post para a viagem de Gravatá. Também pensei em terminar o texto que comecei intitulado Jornada Simbólica, porém não tive vontade. 

              Terminei a leitura da cara VI.Love do Tarô Pitagórico. Não refleti muito sobre essa carta. Penso sobre o sentido dessas leituras, por vezes parece fazer maior sentido, outras fico me perguntando o que me faz de fato me debruçar sobre isso. Me veio alguns pensamentos durante a leitura, gostaria de me aprofundar mais sobre mitologia, por exemplo. Ao mesmo tempo que penso que essas leituras já são ricas para meu entendimento sobre as cartas. Sempre me volto para essas perguntas, uma tentativa de me refugiar em algum conceito. Consigo talvez aceitar a possibilidade de abarcar uma diversidade de leituras, me lembro do que li no livro de Figueiredo, sobre conhecimento tácito. Talvez a minha questão não seja necessariamente essa. Seria uma necessidade de ter um lugar onde posso ter a certeza de que esse lugar é o meu lugar, onde posso me sentir seguro e tranquilo. 

               A tarde fui para o supermercado com meu pai, para fazer as compras da viagem. Lá senti uma angústia, algo bem desconfortável. Foi um sentimento de algo que parecia irremediável, ou algo que me sinto diretamente responsável. Não sei ao certo de onde vem isso, ou como solucionar essa questão. Não é como se eu estivesse totalmente ignorante em relação a isso, porém não me sinto capaz de saber ao certo se é isso que intuo ser ou não. Depois de um tempo pensei que deveria focar no agora, ao invés de buscar uma solução ausente.

              Voltando para casa pensei que deveria dedicar um tempo sem fazer nada. Ou pelo menos para um descanso. Não estava com cabeça para nada do que eu queria fazer pela manhã, nem queria ir para Jaqueira. Logo quando cheguei, pensei em tentar bolar um cigarro de tabaco. Foi a primeira vez que consegui fazer um cigarro com a mão. Até que deu certo. Mas depois as outras tentativas falharam. Nesse momento senti de novo a angústia, mas mais um sentimento de melancolia. Tentei sustentar um pouco isso. Depois tentei tirar o foco com música, não deu certo. Fiquei um pouco mal por não ter conseguido nada, nem descansar me permiti. Percebi o quanto esses sentimentos ainda estão me assolando. Algo que mudou foi ter tentado sustentar isso, mesmo não ter consigo, ajudou compreender um pouco como posso lidar com esse sentimento

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Diário #32

                  Mais um dia. Continuei minha leitura do Gestalt-Terapia e Experiência de Campo, estava lendo o capítulo sobre Neurose. Me senti identificado. Acredito que estou mais receptivo a algumas coisas, percebo que há muito trabalho pela frente. Sinto uma certa confusão em saber o que devo tentar melhorar em mim, ao mesmo tempo tentando deixar que as coisas fluam.

                     De tarde fui a Terapia. Elaborei muita coisa, porém no final senti que perdi um pouco do rumo do que estava falando. Há tanta coisa para tentar dar conta que acabo perdido na minha própria fala. O começo geralmente é mais tranquilo, consigo focar no que estou comentando. Consigo fazer uma associação com minha escrita aqui. Há um padrão no que escrevo, porém sempre modifico a estrutura. Da mesma forma acontece com minha fala na terapia. Geralmente falo sobre o que aconteceu recentemente, depois vou aprofundando, daí no final me perco no caos da minha fala. Mas senti que houve uma pequena mudança, pois comecei a falando sobre acontecimentos futuros e como queria me organizar para esses acontecimentos, daí voltei para o que aconteceu antes. Penso agora que mal consegui falar sobre esse fim de semana, que era um intento meu, enfim.

                      Depois fui andando até o posto para comprar cigarro. Daí segui até a tabacaria na Boa Vista. Queria comprar seda para levar para a viagem de Gravatá. Comprei uma pequena e uma maior. Acabei não comprando mais tabaco, só mais tarde voltei para comprar. Depois segui para a Fafire, para me encontrar com Marcos. Ele não tinha chegado ainda. Havia algumas pessoas conhecidas. Cheguei já um pouco tímido, sem jeito. Aos poucos fui relaxando e ficando mais a vontade. Não me senti totalmente a vontade para ser sincero, mas consegui deixar que as coisas fluíssem. Depois Marcos chegou. Um pouco mais tarde apareceu Tiago. Nesse momento decidiram ir para o lado de trás da faculdade. Eu não estava com muita vontade, mas cedi. Conversamos um pouco, daí quando Marcos quis embora eu fui junto com ele. Nesse momento voltei para a tabacaria para comprar tabaco e depois peguei um taxi para voltar para casa.

                          Voltando ainda refleti um pouco sobre mim. Estou tentando investir menos em parecer ser alguém extrovertido, porém também não gostaria de me fechar. Esse meio termo parece ser extremamente difícil. Percebo como as pessoas tentam forçar seu comportamento diante dos outros. Não quero forçar nada em mim. Porém, não quero me fechar a influência do mundo. Lembrei então da frase que parece ser um mote em minha vida: "Estar no mundo, porém não ser do mundo". É um pouco difícil internalizar isso, permanecer no mundo, sabendo que estou nele, porém ao mesmo tempo sabendo que isso aqui é uma passagem, que devo lidar com as coisas dessa maneira, e buscar paz nesse pensamento.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Diário #31

                       Voltando a escrever por aqui. Mais um fim de semana que escreve nada no diário. Bem, no sábado fui para o Loa sozinho, não foi uma experiência muito boa, aprendi algo com isso. No domingo teve algo bom que foi o Vegnique. Porém tive outro momento complicado a noite. Penso em retrospecto, que gostaria de mudar minha atitude em relação a algumas coisas, mas essa busca por mudanças é algo muito lento, não existe nenhum tipo de atitude que eu possa fazer logo de cara que não possa ser completamente desviada depois. Acredito que a única que se mantém como verdadeira é focar mais no agora.

                           Busquei ser mais racional, mas acabou que aconteceu o oposto. As emoções voltaram a ter um papel. Hoje pensei sobre isso, como tudo se torna cada vez mais incerto e instável. Penso em aceitar mais essa instabilidade, não necessariamente como algo que seja exclusivamente positivo, eu assumo aquilo que me incomoda, porém é uma busca por balanço, entre as partes que estão constantemente em conflito. Cheguei a um entendimento que nunca conseguirei de verdade colocar tudo em ordem e seguir a vida como uma coisa una. Existem diversas partes, muitas vezes contraditórias em si, portanto deveria compreender que a realidade é essa, esse constante desamparo. Tive receio de que essa "bagunça" interna dificultasse minhas relações externas, me tornasse uma pessoa confusa diante do olhar dos outros, mas a experiência do sábado me ensinou a não me importar demasiadamente com isso, não adianta. Sinto como se precisasse surfar a onda das coisas que acontecem, em certos momentos a maré está baixa, outros momentos acontece o contrário.

                          Fui a Jaqueira junto com minha mãe hoje pela manhã. Conversamos um pouco sobre alguns assuntos. Ela me recomendou ler o livro Prazer de Lowen. Me animei a ler, apesar de não saber quando de fato farei isso. Porém pensei sobre outras questões, especificamente sobre as leituras que venho tendo. Consegui ter alguns insights sobre essas coisas todas. Percebi o quão não há uma teoria ou perspectiva para me estabelecer, consegui entender o porquê de certas ideias. Essa incerteza que tinha escrito acima pareceu ser algo de fato que engendra tudo, não uma mera teoria. Entendo agora porque focar na Função Ego, ao invés de focar na Função Personalidade, ou até mesmo a Função Id. É na ação que nos constituímos, que fazemos a nós mesmo e refazemos. Do contrário ou nos prenderíamos a uma formulação rígida de quem nós somos, sem capacidade de reinvenção, ou esperaríamos um chamado da natureza para qualquer coisa que deveríamos fazer. É na ação onde podemos experienciar o mundo, em seus acertos e equívocos, é onde nos fazemos humanos, no plano individual e coletivo.

                            Talvez essa perspectiva me deixe mais em paz comigo mesmo, podendo aceitar melhor minhas idiossincrasias, ao mesmo tempo que me possibilita inovar, experimentar algo, incluir algo. Concebendo o futuro e o passado como fundos, entre aquilo que é aberto e aquilo que já está dado, me volto ao presente, um eterno fluxo de agoras. Me sinto feliz por compreender melhor isso, assumindo a aventura que é justamente isso, avançar no mistério que continua sendo a vida.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Diário #30

                Já é fim de semana, me sinto um pouco ansioso em relação a algumas coisas. Não tive nem a reunião do artigo nem atendimento hoje, fiquei o dia todo praticamente no Horizonte. Foi bom porque continuei minha leitura do livro de Belmino sobre Goodman, estou achando uma leitura muito boa. Penso que posso chegar a algumas ideias importantes para compreender meu próprio trabalho na clínica e como isso se reflete dentro de uma perspectiva mais política. Gostaria de aceitar o processo das coisas e isso inclui diversas outras coisas. Percebo que a minha vontade de compreender como me relaciono com o aspecto espiritual e político, no meio disso há as coisas que faço no meu cotidiano, as coisas que consigo por em prática. Foi o que refleti durante a tarde. Cada vez mais que leio algo, experimento outras coisas em meu dia-a-dia, assim as coisas passam a fazer certo sentido. Deveria nesse momento buscar sustentar aquilo que parece confuso no momento presente, sabendo que cada experiência aprimora minha forma de me enxergar e enxergar o mundo.

                   Tento trazer aquilo que li sobre John Dewey mais cedo: A ideia de colocar a experiência como foco. Além disso também no final do tópico trouxe uma reflexão sobre tudo aquilo que desvia a própria experiência. Há algo em nosso contato com o mundo que foge a capacidade de controle. Isso pode ser observado na clínica por exemplo. Me sinto satisfeito em relação a esse pensamento, em pensar que há algo além da minha capacidade intelectual de dar sentido. Percebi isso recentemente, numa busca imperiosa de me estabelecer em algo, de saber qual é o antídoto para as questões que me inquietam. Logo me dei conta de havia algo que estava para além do meu julgamento, não poderia de pronto compreender o que me faz querer ter poder sobre mim mesmo e sobre o mundo.

                   Estava pensando sobre um série de coisas quando estava no Horizonte. Sentia uma sensação de vazio. Encarava a realidade de forma crua, foi assustador. Pensar que tudo que está aí simplesmente está aí, sem ter que tomar cabo disso, sem ter a capacidade de modificação, foi difícil aceitar essa realidade. As coisas parecem estranhas diante dos meus olhos, por mais que eu queira as coisas diferentes, por mais que eu tenha a esperança de um dia melhor, essa estranheza sempre me acompanha.  O futuro tem grandes promessas, mas nada será como antes. O que me resta é o presente, vivenciar o que está disponível a mim agora. A ausência nunca sabe se vai ser algo permanente ou não. Não sei se estou sozinho ou acompanhado. Não sei de nada de fato. Só sei do que está acontecendo agora, que passa, e se torna passado.

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Diário #30

             Não escrevi ontem, não tive muita vontade de escrever. Hoje eu fiz a postagem do Alto Sacerdote. Tinha muito o que escrever sobre essa carta. Refleti um pouco sobre algumas coisas, especificamente sobre esses estudos que venho fazendo. Talvez fora uma reflexão que está muito presente em minha vida agora. Mas foi fundamental refletir um pouco mais. Percebo que há coisas que acontecem que tenho pouca noção do que realmente significam. Com isso busco obstinadamente o sentido dessas coisas, mas muitas vezes me perco mais ainda, fico mais confuso do que antes. Cheguei a conclusão que muitas coisas precisam permanecer encobertas, pois não temos as ferramentas necessárias para desvenda-las. Busco então focar naquilo que posso compreender agora e aos poucos entender cada vez mais o que preciso compreender. 

                    Muitas vezes me pego sentindo que estou falhando, que não estou realmente alcançando tudo aquilo que preciso alcançar. Daí se deflagrou uma necessidade ansiosa por respostas. Percebo agora que posso me alinhar com tudo aquilo está disponível para mim, descubro que posso vivenciar mais o presente, que é assim que posso ser mais leve com a vida. Daí posso abraçar minhas contradições, coisa que vem me incomodando muito. O estudo do tarô agora não precisa ser tão conflitante com outros estudos em minha vida, só preciso ter paciência. Outra questão era a necessidade de encontrar respostas no campo da espiritualidade, tentando ir além de meu estudo do Tarô. Hoje pensei que algo nesse processo de estudos cheguei ao tarô, e sei que a minha meta com isso é terminar o estudo de todas as cartas dos Arcanos Maiores. Sei que quando chegar ao fim terei um compreensão do que valeu para mim esse estudo e que depois aparecerá outras coisas que serão condizentes com esse momento.

                        A tarde fui a Jaqueira, já que não fui ontem. Penso em focar um pouco mais em exercícios, tanto por um melhoria no aspecto físico quanto no aspecto mental. Decidi ouvir um podcast sobre justamente viver o tempo presente. Porém, achei um pouco chato e logo decidi ouvir uma entrevista com Casseta e Planeta. Não ouvi toda a entrevista, deu para dar duas voltar escutando. Depois voltando para casa pensei sobre a ideia de dedicar algum tempo durante a semana para pintar e desenhar. Pensei que seria perfeito, pois logo terminarei Breaking Bad e poderei mudar um pouco meu cronograma. Acho que preciso de algo que seja uma alternativa para a vida que venho levando, gostaria de fazer algo que me faça me sentir produtivo e que me dê prazer ao mesmo tempo. Acho que a pintura seria uma prática interessante por ser terapêutica, e também imagino que criar um espaço dedicado a arte me daria mais inspiração a vida. Pensarei mais sobre isso.

                                 Esse fim de semana terei algumas coisas, tenho receio se será algo bom de fato. No sábado vai ter uma Churrascada vegana no Fruttetto e no domingo um vegnique. Não sei ao certo se terei algo durante a noite ou se vou ficar em casa como de costume. Até um momento voltando para casa pensei que seria muito bom que Thamiris me chamasse para ir no prédio dela de novo. Gostaria de ter amizades que tivessem essa disponibilidade.

V. Pontifez Maximus - Archierus - Alto Sacerdote (5)

                                                                                                                    

Motto: Obscure Ardens

Divindades: Apollo, Helios, Sol, Shamach

Dados: 1+5= Amor + Pai (Água); 3+2 = Família + Pai (Fogo)

Astragali: 1+4+3= Amor + Sagrado + Masculino

Letra grega = Wau (Digamma)

Wruomai = Redenção, cura, salvação, entregar,

Trigrama: :I: Nome: Li = O apegar-se. Imagem: Fogo, Relampâgo, Sol. O Segundo Filho.

 

Descrição: Representa a parte masculina do inconsciente. Simboliza o sol quando está se pondo, que viaja pelo mar do inconsciente para o novo amanhecer da consciência. O Alto Sacerdote encorpora a aspiração espiritual, julgamento moral irrefletido e busca pela perfeição. É intolerante aos erros da carne. Precisa da co-regência da Imperatriz, Imperador e Alta Sacerdotisa para amolecer sua severidade. 

                   Pontifex é "aquele que prepara o caminho". Aquele que prepara a ponte entre o céu e a terra, o manancial da religião (religio, advém de religare). Ele é a voz interna, o guia interno (in-tuição). Segura um vaso que contém vinho (Espírito de Fogo), enquanto a Alta Sacerdotisa segura um vaso que contém água (Amor curador).

                     Quando o homem reconhece sua anima, uma tríade é criada: ele é o aspecto masculino consciente (Imperador) que se relaciona com o aspecto imanente feminino consciente (Imperatriz) e a anima feminina transcendente (Alta Sacerdotisa).  Esta estrutura se torna um quartenário completo quando surge o transcendente masculino o Velho Sábio (Alto Sacerdote). Dessa forma, quando a mulher reconhece seu animus, uma tríade é criada: ela é o aspecto feminino consciente (Imperatriz), que se relaciona com o aspecto imanente masculino consciente (Imperador), e o animus masculino transcendente (Alto Sacerdote). Essa estrutura se torna um quaternário completo quando surge do transcendente feminino  a Mãe Ctônica (Alta Sacerdotisa). Nos dois caos resulta em um "casamento quartenio", que é meio masculino e meio feminino.

                         Anima e animus são irracionais por serem inconscientes; animus seria fonte de opiniões irracionais, já a anima  é fonte de humores irracionais. Animus também tende a obter opiniões convencionais, e é propenso a opiniões opinativas, interpretação, insinuação, desconstrução, e é tem sede de poder; Animus está voltado ao espírito e tende a se tornar um psicopompo, um mediador entre consciente e inconsciente. O Alto Sacerdote está ligado a pneuma e nous (espírito e mente), enquanto que a Alta Sacerdotisa se corresponde com a psique e soma (alma e corpo).

                A relação das cartas II-V podem ser entendidas a partir dos elementos: A Imperatriz é a Mãe Terra (Terra), O Imperador é o Pai do Céu (Ar), a Alta Sacerdotisa é a Lua Abismal (Água), e o Alto sacerdote é o Fogo Celestial (Fogo). As cartas masculinas estão ligadas ao calor (separação e descriminação, Logos), enquanto que as cartas femininas estão ligadas ao frio (mistura e junção, Eros). As autoridades terrenas, A Imperatriz e O Imperador, correspondem com elementos mais pesados e menos sutis (Terra e Ar). Enquanto que as autoridades espirituais, Alto Sacerdote e Alta Sacerdotisa, corresponde com elementos mais leves e sutis (Fogo e Água). Então A Imperatriz e pesada e fria (Terra), O Imperador é pesado e quente (Ar), A Alta Sacerdotisa é leve e fria (Água), e Alto sacerdote é leve e quente (Fogo). Os dois opostos podem se casar, alcançando o coniunctio oppositorum.

                 Animus é Sol Negro (Sol Niger), corresponde a Saturno. Rei da era dourada antes de Júpiter. Sol Negro veio antes da aurora da consciência. Era onde a vida era instintiva e a morte não era temida e que o homem não tinha conhecimento do bem e do mal. O Alto Sacerdote é o Pai Espiritual, qual a funcionalidade é erguer, exaltar, aperfeiçoar, ele é o perfectus moribus (Perfeição ética). Está preocupado com as verdades fixas e o ponto fixo onde tudo gira, enquanto a Alta Sacerdotisa está ligada aos fenômenos crescentes e minguantes. Animus é a sombra da consciência solar. É o enxofre vermelho, essência do sol, enquanto que o enxofre branco é a essência da Lua: eles são o Leão Vermelho e Verde.

                    Do grego Theion significa tanto "divindade" ou "enxofre", enxofre é usado par purificação, principal função de Apollo, Alto Sacerdote. Está ligado à Hexade, O Dez no Minor Arcana. As plantas sagradas ligadas a ele são o Louro, palmeira, olícia e tamargueira.

 



Jogo A Cruz

 



Pergunta: Qual atitude eu deveria ter diante dos meus relacionamentos?

  1. O caminho pede que aja predileção para o pensamento racional para além das emoções (XI – A Justiça), nesse momento deve-se pensar de forma clara e cultivas uma mente equilibrada. Com isso se dá um conflito onde se paralisa e se é incapaz de se mover, porém esse conflito deve ser encarado, para que aja crescimento (2 de Espadas).
  2. Não é recomendado volta-se para o aspecto obscuro da personalidade (XV - O Diabo) também como tentar buscar sucesso no mundo material (Ás de Ouros).
  3. Aqui há a sinergia paterna onde se demonstra nas ações no mundo. Se dá através da capacidade da consciência de construir no mundo seu ideal, para além das paixões, impõe seu desejo e faz realidade (IV – O Imperador). Assim há algo que impulsiona para conquistas futuras, que não sabemos ao certo alcançá-los, sem termos certeza do que são em realidade, só temos a consciência da necessidade da conquista de algo novo (2 de Paus).
  4. Aqui, nos voltamos para o mundo material, ligado a ciclos, é a sabedoria natural do respeito ao processo das coisas, do livre fluxo da realidade ((III) A Imperatriz). Então um início de uma chama criativa, uma procura de algo muito significativo porém deve ser protegido e guiada da melhor maneira, para que então possa florescer (Pagem de Paus).  

      

 Quintessência: 12/3 - Enforcado/Imperatriz: A questão está emperrada e, somente depois de uma   fundamental inversão e reavaliação (O Enforcado), florescerá e crescerá intensamente (A Imperatriz).

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Diário #29

                    Hoje foi um dia em que consegui chegar a alguns insights importantes. Tive grupo de estudos hoje, depois de um tempo. Tive terapia e fui a Jaqueira. Talvez esses três momentos foram importantes para descrever que dia foi hoje.

                     Primeiro pela manhã fui participar novamente do Comunitas. Algumas reflexões feitas ali foram de extrema importância para ter algumas compreensões sobre uma série de coisas. Desde a viagem de Gravatá venho pensando sobre tentar encontrar uma identidade só minha. Hoje pela manhã através da leitura do livro de Belmino veio a necessidade de ir além disso, de aceitar o livre processo das coisas como mais importante para mim do que um identidade pré-fabricada. Depois do encontro fiquei refletindo sobre isso, como estava me aprisionando num caráter previsível, ao invés de abraçar o imprevisível, que algo que gera para mim uma certa angústia. Com isso decidi escrever um pouco sobre isso tudo, postei aqui inclusive.

                       De tarde fui para Terapia. Descrevi praticamente tudo que aconteceu essa semana passada. Não sei como consegui fazer caber tanta informação. No final conversei com a terapeuta sobre gostos. Ela me ajudou muito a compreender como eu posso me acercar diante do que gosto e não gosto, coisa que tenho dificuldade de fazer ás vezes. Ela disse que não haveria problema nenhum em deixar de fazer algo que não gostasse. Tentei justificar falando sobre a necessidade de colocar em prática vontades minhas, mas que muitas vezes acabam dando errado. Ela tratou esse tema com muita simplicidade, que me ajudou a buscar também simplificar mais as coisas, logo depois tive a sensação como se tivesse tirado um peso das minhas costas. 

                            Depois fui a Jaqueira, e continuei com essa sensação. Como se eu tivesse enxergado tudo de uma maneira renovada. Posso agora abrir mão de uma série de coisas que eu achava até então de suma necessidade. Hoje talvez possa ser menos exigente comigo mesmo. Lembrei de um aforismo de Nietzsche, dizendo que um das maiores dores do ser humano é não saber o que se gosta.

                               Voltei para casa pensando nas futuras viagens que gostaria de fazer. Mais especificamente na viagem do fim do mês para Gravatá. Gostaria que fosse parecida com a última vez que fui com Marcos, mas que eu tenha mais tranquilidade e que possa relaxar mais. Porém, logo penso se isso seria possível, se de fato seria dessa maneira que idealizo. Também pensei sobre ir a Maracaípe se a viagem para Gravatá não der muito certo ou que deixe a desejar. Outra possibilidade seria fazer alguma trilha ou algo assim.

                  

           Pensei em escrever esse texto no Tumblr, mas decidi que talvez seria melhor escrever por aqui. Inicialmente tive a ideia de escrever o resumo do Introdução ao Filosofar, porém está vindo uma série de reflexões que não estão necessariamente ligadas ao livro, então gostaria de escrever um texto com o intuito de liberar um pouco o fluxo de pensamento para poder abarcar minhas reflexões em relação a diversos tipos de assuntos.

             Hoje pela manhã teve o encontro com o Communitas. Venho pensando se de fato esse grupo está sendo necessário em minha vida, tenho a sensação constante das coisas estarem se repetindo e que estou buscando outro tipo de leitura do campo clínico. Desde o final de semana venho refletindo sobre a necessidade de adotar um caminho específico, de definir quem eu sou e qual é o meu propósito. É uma reflexão que tenho já um tempo, mas que em alguns momentos fica mais acentuado. Penso que algumas ideias surgiram a partir da viagem a Maracaípe e tiveram outro colorido quando estive em Gravatá.

          Essa reflexão gira em torno das partes que considero contraditórias em mim mesmo. Isso ficou notório a partir da pandemia. A partir do começo da pandemia houve uma volta a mim mesmo, uma volta a forma como eu enxergo a realidade, uma volta a minha história, a coisas que eram naturais para mim e com o tempo deixaram de ser. Surgiu um sentimento de nostalgia do como eu conseguia enxergar a realidade anteriormente e o conflito do como eu enxergo agora. A transformação no modo como eu encaro a realidade muitas vezes me deixa frustrado comigo mesmo.

          De repente, nesse processo de dois anos percebi que coexistiram duas personalidades opostas em mim mesmo, uma extrovertida e outra introvertida. Faço diversas analogias a partir das coisas que me deparo no mundo, como cada personalidade se comporta, quais são suas preferências, etc. E em mim fica mais óbvio o conflito entre uma perspectiva política e uma perspectiva espiritual. A primeira prioriza a ação no mundo e outra prioriza uma busca interna de conhecimento.

            Nesse processo de dois anos se conflagrou uma constante briga interna por esses dois aspectos. Sempre há uma necessidade de um lado ou de outro de ser a prioridade, de ser a parte dominante. Porém, cada vez mais fica claro quando uma parte busca estabelecer a visão total de todas coisas, assim ocorrendo um empobrecimento da experiência. Percebo isso quando uma parte específica quer tentar chegar a uma síntese prematura de um problema. Busco exemplificar isso quando, por exemplo, tento buscar entender os problemas sociais a partir de um único ponto de vista político, como se essa perspectiva conseguisse dar conta de todo o problema, de outro lado a parte espiritual  almeja uma auto-identificação por alguma linha de pensamento.

             Daí me lembro da ideia de abertura para o real discutida no Introdução ao Filosofar. Agora consigo entender aquilo que se apresentou como um problema durante a viagem de Gravatá. Essa abertura para o real preconizada pela filosofia é justamente essa aceitação do mistério, aceitar que a existência pode sim ser uma constante interrogação, e que não precisa ser solucionada de forma precoce. O conhecer não é uma simples tentativa de preencher um vazio, mas aceitação desse vazio como uma potencialidade, como justamente uma abertura para o novo. Isso me compreender como a contradição é necessária para o conhecer, ela nos faz caminhar, nos motiva a busca pelo novo.

                Isso implica uma diversidade de percepções sobre mim mesmo e outros. Percebo minha necessidade de ter previsibilidade diante das coisas, de saber antecipadamente como as coisas serão ao invés de me lançar a experiência. Isso tudo acontece de maneira irrefletida, sem saber ao certo como faço enquanto faço. Até mesmo no momento em que julgo entender sobre o papel do controle sobre as coisas, continuo com a necessidade imperiosa de controlar tudo, de prever o resultado de tudo, ao invés de estar presente no contato com o mundo.

                 Foi fundamental entender isso, e entender que não preciso me constranger com minhas contradições, com tudo aquilo que sinto que falta em minha experiência. A surpresa em entender minhas limitações, minhas falhas e minha ignorância me faz acender uma chama para tudo que virá, para tudo que posso vir a conceber, e que essa coisa não previsível, que essa coisa ainda não está desvelada.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Diário #27

              Voltei de viagem ontem, voltei a rotina de sempre. Estava um pouco preocupado em ter que acordar cedo e sentir a insegurança da cliente faltar novamente. Porém essa sessão aconteceu. Sinto que estou confiante com esse processo. Depois da sessão anotei algumas coisas no diário de bordo e também escrevi um pouco sobre a viagem desse último final de semana para Gravatá

                  Esqueci de mencionar que voltei a praticar o Manual do Ano. Não me senti desestimulado a fazer, pensei que não haveria problema em voltar para essa prática. Porém tive algumas impressões durante o dia que sempre vêm a tona quando eu volto a praticar. Sinto uma certa tensão no corpo, coisa que não sinto nessa intensidade normalmente. Não sei ao certo se fiquei muito parado esses últimos dias, ou se deixei acumular muita coisa. Mas sinto especialmente tenso. É esse paradoxo que para mim é difícil de lidar. Por um lado quando não tenho uma prática fixa, ou que não exige tanto de minha atenção, me sinto muito solto, sem haver uma prática que centralize tudo que preciso treinar em minha vida. Fazendo essa prática eu consigo trabalhar minha disciplina, minha capacidade de concentração, minha percepção corporal, entre outras tantas coisas. Mas não posso deixar de sentir que entro numa disciplina que me faz me sentir preso, não me passa uma sensação de fluidez e espontaneidade.

                    Voltando para o momento em que estava no Horizonte, voltei a ler o artigo de John Opsopaus, chamado Using Ancient Greek Music of Care of the Soul. O texto fala da relação entre os modos gregos e os temperamentos. Achei um assunto bastante fascinante, fiquei muito animado com as relação presentes. Porém, quando voltei a casa tentei ler o final do artigo ao invés de arrumar o quarto. No final do artigo ele explicou algo que não conseguia entender de nenhuma forma. Parecia que acabou inviabilizando por em prática o que tava sendo dito.

                         Depois disso só fiz alguns exercícios, tomei um banho e fiz um refogado de abobrinha, tomate e berinjela, que ficou muito bom por sinal. Fiquei refletindo sobre a possibilidade de ter uma prática gourmet dentro do veganismo e também pensei sobre influencia psicológica em relação a alimentação e outras práticas como a música.

Entrevista para genograma de minha família

             Ontem, fiz uma entrevista com minha prima para fazer meu genograma. Deveria ter feito isso já um tempo, mas acredito que foi p...