terça-feira, 29 de novembro de 2022

Diário #59

                  Hoje foi um dia muito interessante. Pela manhã teve o Communitas. Pensei que poderia não haver. Poucas foram inclusive. Foi uma manhã bastante produtiva. A leitura do livro me trouxe muitos insights. Acredito que tudo que foi lido ressoava muito intimamente com a minha vida atual e as reflexões que venho tendo. 

                   A leitura foi um reforço da ideia de que o futuro não é algo previsível. Essa concepção não estava completamente clara. Talvez no fundo tenho muita dificuldade de aceitar o fato de que eu não sou capaz de prever como o futuro será, de me desapegar da ideia de resultados. Isso me remete a leitura de Alan Watts. Nossa condição está ligada a ideia de buscar resultados. Sempre, de alguma forma de outra, espero algo do futuro. Porém, agora tenho mais consciência disso do que antes.

                     Pensei um pouco sobre essas coisas. Há sempre uma tendência em mim de achar que tudo está fora de mim, que eu não consigo compreender certas ideias e aplicá-las no mundo real. Como se eu tivesse sempre aquém do ideal. Porém, sempre tento chamar minha atenção ao fato de que não há nada a ser alcançado no mundo exterior. No sentido que, tudo que eu apreendi nessa manhã é uma experiência cotidiana. Talvez esse que seja o ponto. Talvez a neurose está tão orientada em buscar resultados que mal consegue vivenciar esse momento presente. Não consegue se satisfazer com o fluxo natural da vida.

                   Essa ideia me faz compreender a incompletude da natureza humana. Somos seres de falta. Nunca estamos completamente satisfeitos. E isso não é necessariamente algo ruim. Isso faz com que nos movamos, isso faz com que nos sintamos impelidos a nos mover, a agir no mundo. Outro ponto que percebi foi o fato do como eu tendo a intelectualizar as coisas. É como se só poderia acessar a realidade do mundo através de teorias e não do sentir. Sempre há uma necessidade de produzir algo, algum sentido, alguma ideia, que seja útil para alguma coisa. Simplesmente ser o que se é não é suficiente, temos que sempre buscar mais. Mais informações, mais ideias, mais resiliência, etc, etc, etc.

                   Daí percebo que a insatisfação e a satisfação fazem parte do mesmo todo. Se sentir insatisfeito nos faz ir em busca da satisfação, que por outro lado compreender que estamos sempre insatisfeitos faz com que compreendamos a situação atual e aprendemos a conviver com ela. Daí entendo a necessidade de buscar sempre mais. Porque o mais é sempre melhor na nossa compreensão. Saber mais na nossa sociedade é sempre bom. Buscamos sempre algo que está alheio a nós, para nos aperfeiçoarmos. Porém daí se dá o perfeccionismo em que Perls sempre critica. O ideal da perfeição sempre é frustrado. Sempre somos instados a lidar com o limite.

                         De tarde fiz terapia remota. Me fez compreender melhor certas coisas. Depois dei uma volta no meu bairro. Pensei que deveria espairecer um pouco. Sair dessa situação de ficar apenas em casa. Precisava arejar um pouco. Depois disso voltei para casa. Tomei meu banho. Fiz algumas coisas na cozinha enquanto escutava o podcast com Gregório Duvivier.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Diário #57

                 Hoje é um desses dias onde estou muito agitado mentalmente. Não tive o grupo de estudos nem pela manhã, nem de noite. Aproveitei para avançar na minha leitura do Gestalt-Terapia e Experiência de Campo. Estou quase no final. Depois disso ficou um tempo vazio então aproveitei para ler o artigo do Herbert Read: Existencialismo, marxismo e anarquismo. Ler esse artigo me fez compreender uma série de coisas. Fiz inúmeras conexões com o Zen-Budismo. 

                 De tarde fui para Terapia. Lá consegui botar para fora tudo que estava povoando minha mente. Me sinto a vontade para explorar meus pensamentos e sentimentos. A sensação que tenho é como se eu tivesse ocupando todo espaço da sala. Percebo que existe uma necessidade compulsiva de falar. Quando deixo a terapeuta falar, era como se eu precisasse restabelecer meu controle. Percebi isso de forma muito clara. Consegui perceber outras coisas também. Muita coisa emergiu naquele momento.

               Eu saí da sala com todas essas reflexões ainda borbulhando. Lá fora estava chovendo. Me senti um pouco mal por não ter a oportunidade de ir a Jaqueira. Não queria de jeito nenhum pegar chuva. Então pensei em ir direto para minha casa. Quando estava no meio do caminho decidi mudar a rota do carro para a Jaqueira pois eu via que o céu estava abrindo. Porém, naturalmente lá choveu. Não foi uma chuva forte. Mas era suficiente para me molhar. Eu também fiquei um pouco preocupado em piorar o incomodo que estava sentindo na garganta.

                 Decidi então comprar um guarda-chuva. Foi um alívio comprá-lo. A maioria estava bastante caro. Fui no mais barato. Depois decidi voltar para casa, não tinha mais paciência de andar no parque. Pensei que valeria como exercício mesmo assim.

                 Enquanto andava para casa vinha muitos pensamentos erráticos. Eu decidi simplesmente aceitar isso, abraçar o momento atual. Porém, é sempre muito doloros. Estou abrindo mão totalmente de uma confortável certeza, para abraçar o incerto. Até fiquei pensando em relação a transcendência espiritual. Eu percebo que isso tudo gera uma ansiedade muito grande. Percebo que eu tendo a me desconectar do mundo muito facilmente e ir pro mundo da fantasia. Sempre fui assim. Eu sei que tentar reprimir esses pensamentos não dá certo. A única coisa que faço agora é deixar passar.

                    Outro ponto que compreendi melhor nessa caminhada foi o fato de que eu não preciso me impor uma prática meditativa ou até mesmo me impor a ausência dela. A única coisa que preciso é fazer aquilo que está dando certo para mim, o que natural para mim e não aceitar opinião de terceiros. Também senti medo em relação a algumas coisas. Medo dessa dor na garganta piorar e não me deixar viajar no próximo mês. Mas, quando eu olhava para chuva eu percebi que não adianta nada querer algo, simplesmente há coisas mais fortes que se impõem. Não podia controlar a chuva. Também pensei sobre a minha necessidade emagrecer. Entendi que estou me esforçando para emagrecer, eu estou tomando atitude em relação a isso, mas eu não preciso tornar uma obsessão. Simplesmente posso ir outro dia quando não estiver chovendo ou ir numa academia.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Diário #56

                  Hoje um dia em que continuei com minha organização. Continuei a leitura do ebook do GTD. Consegui fazer grandes progressos. Estava almejando acabar a leitura do ebook hoje, porém faltam ainda 54% do ebook. Criei a lista de Projetos, escolhi uma Próxima ação para cada item da lista. Depois disso cansei um pouco de olhar para isso e fui fazer outra coisa. 

              Ás 11:30 fui com minha mãe para a academia, ela foi para fazer uma avaliação e eu aproveitei para pegar carona com ela. Provavelmente nas segundas isso vai se repetir, vai ser bom para poupar um pouco do meu dinheiro. Decidi só ficar na esteira mesmo e finalizar com a bicicleta, até deu para dar uma soada, talvez eu precise intensificar um pouco mais o treino, vou deixar isso para a quarta. Quando terminei trombei com o professor do último treino, fiquei um pouco nervoso com isso. Gostaria que não fosse tão constrangedor esses nervosismos. Enquanto estava na esteira escutava um podcast. Ás vezes era difícil de ouvir o que estavam falando, mas deixei rolar, pensei que iria captar aquilo que conseguisse de fato captar naquele momento. Busquei não controlar a experiência.

              Porém, enquanto escutava o podcast sentia um receio de que os valores que estou buscando construir sejam facilmente desmantelados. Esse fim de semana cheguei a importantes conclusões e gostaria de me aprofundar mais nelas. Estou lendo um ebook do Alan Watts, chamado Tornar-se o que se é. Para mim foi uma importante descoberta no atual momento. Estou conseguindo entrar em contato coma as filosofias orientais sem precisar de entrar em um sistema rígido. E acredito que o último ensaio que li reforça essa ideia.

                   Ele trás a reflexão de que tudo que existe está no momento presente e mesmo que busquemos fugir dele, sempre estaremos nele. Então não existe esforço para estar no presente, pois sempre estamos no presente. Isso de alguma forma gera um pouco de ansiedade. Pois, passo a ter mais consciência do meu agora, e percebo o livre fluir das coisas. Isso gera uma sensação de desconforto, pois o mundo não me ensinou a isso. Sempre busquei algo que estava ausente, sempre tive essa sensação de falta, de buscar algo que está para além da minha realidade atual. De repente entender que tudo que preciso está no aqui-e-agora ao mesmo tempo gera um sentimento de alívio e de ansiedade.

                         Eu busco fazer correlações com o pensamento político anarquista. Porém hoje pensei um pouco mais sobre isso. Fiz uma associação com a frase em que Watts cita no livro: "O sábio aponta para lua e o tolo olha para o dedo". Sempre foi uma frase meio hermética para mim, porém agora consigo entender, através de Watts, que isso significa que ao invés olharmos para o que aponta o dedo, olhamos para o dedo, ou seja, não buscamos que devemos buscar, mas nos apegamos ao método dessa busca. Daí faço uma analogia com outros pensamentos e se de fato acabamos nos apegamos às ideias ao invés dos resultados dessas ideias. Vou um pouco além, penso que o pensamento utópico se caracteriza por uma promessa de um futuro, o oposto a isso seria uma experiência presente daquilo que almeja, ao invés de se projetar um futuro que talvez nunca chegue.

                           No sábado também fui a um aniversário, de uma amiga de Arthur. Lá encontrei Júlia e um pouco depois apareceu Dino. Eu acabei me reconciliando com ele ali. Pensei que aquele encontro era pra ter acontecido. Eu estava postergando demais a conversa com ele e não sabia se teria estômago para voltar as mesmas histórias de sempre. Depois do aniversário fomos para um bar. Foi uma experiência muito recompensadora. Depois dali fomos para o apartamento de Júlia.

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Diário #55

                    Fim de semana. Podia de repente ter saído para algum lugar. Eu quase nunca saio em dia de sexta. Amanhã irei para um aniversário na zona sul.  Hoje pela manhã fui a uma palestra do Rec´n´Play. Decidi pegar um ônibus para economizar. 

                        Chegando tive uma certa dificuldade para entrar por causa do ingresso, mas acabei entrando mesmo assim. Depois eu consegui encontrar o ingresso no celular. A temática era em relação a mídias e educação. Achei o assunto muito interessante. É um área que vem ocupando a minha mente quase que sempre, pelo menos algo que possa ser ligado ao que estou estudando no momento. Senti certo alívio por estar fora de casa, num evento com muita gente e vendo ao vivo alguém falando sobre uma temática interessante. Só que como sempre fiquei bem ansioso durante o evento. Eu simplesmente não conseguia para de me mover, ás vezes tinha dificuldade de me concentrar. 

                               Acho que esse evento me ajudou a enxergar melhor o que está sendo feito em termos de práticas comunitárias, algo que não precisasse ser ligado a partidos políticos, mas livres iniciativas das pessoas em relação a isso. Tentei controlar um pouco minha ansiedade. Não adiantou muita coisa. Mas consegui levar até o final do evento. Depois dali, quando estava saindo do prédio vi um cartaz de uma exposição do João Cabral de Melo Neto. Fiquei na dúvida se ia ou ia direto pro consultório. Decidi ir ver. A exposição não tinha muita coisa. Eu pulei a parte da biografia e terminei numa sala interativa, onde haviam diversas imagens ao som de seus poemas. Fique bastante emocionado, principalmente porque estava lá sozinho.

                                   Tive uma sensação de reencontro com a arte, foi bastante inspirador. Saindo de lá havia uma sala com coisas para comprar. Escolhi um livro de poemas dele, me senti muito bem com essa aquisição. Depois peguei outro ônibus para o Horizonte. Cheguei bem em cima da hora. Atendi duas pessoas online e a terceira que seria presencial não veio. Voltei de 99.

                                   Fiz quase nada quando cheguei em casa. Pensei em talvez ouvir música, mas acabei lendo o livro que comprei mais cedo. Parece que finalmente consigo ler direito poemas. Sinto pena por ter tido essa capacidade tão tarde. Gostaria de ler mais outros poemas de outros autores. Tive também ideias para escrever alguns, não sei ao certo se irei. Também tive ideias para quadros.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

VII. Temperantia - Sophrosune - Temperança (6,14)

                                                         Pythagorean Tarot Reviews | Aeclectic Tarot    

 Motto: Ne quid nimis (Nada em Excesso)

Divindades: Iris, Hebe, Juventas, Ganymeda.

Dados: 2+2 = Virtude + 2.Feminino/I.Fonte (Água); 4+1 = Virtude + 1. Fonte (Fogo)

Astragali: 1+6+1 = Pers. Tr. + Virtude + I.Fonte

Letra Grega = Eta: Eos = Aurora, Crepúsculo; Hebe = Juventude.

Trigrama: ::I Nome. Ken = Se manter firme. Imagem: Montanha. A terceira Filha, associada com parada, quietude e se manter firme.

Verso

     A Criança Divina é nascida da Lua e do Sol. 
  Ela tempera vinho com água, nunca acaba
  de misturar, e seu arco-íris junta os pólos
  Por ela ser a mensageira e guia das almas.
  Aceite sua copa, e deixe os dois serem um.
 
Descrição
      
        No 6.Amor, o Pai e a Mãe são unidos. O Pai é consumido pela concepção e a Mãe foi consumida pela criança em seu ventre. Eles se encontram na sua dissolução, implementando o Solve alquímico. Na 7. Temperança o Pai-Fogo e Mãe-Água se encontram encorporados na Criança Divina, sendo o elemento alquímico complementar do Coagula.
          É o alter-ego do Mercúrio do Mago. Trás a fixação para o volátil e volatização do fixo, que engendra a Criança. A criança reúne todos as oposições dos Pais. Consciente e inconsciente, pensamento e sentimento, intuição e sensação. É o self integrado. Conclui o grupo das 7 primeiras cartas, sintetiza os opostos da psique simbolizados por: Mago, Imperatriz, Imperador, Alta Sacerdotisa, 
Alto Sacerdote e Amor. 
           No 6.Amor o Mercúrio - Mago, disfarçado de Eros, trouxe o Pai e a Mãe juntos. Eles misturam suas sementes, o sêmen paterno dissolvido na Água materna e o Fogo paterno coagulando os fluídos sexuais maternos. O pai morre na consumação do amor, dissolvido nas águas corrosivas ou é picado por seu veneno. A criança no ventre materno consome sua substância pelo seu crescimento, ela dá sua vida para sua criança. A criança é nascida da morte (carta 7) mas, antes de alcançar o destino apoteótico (carta 21), deve amadurecer (cartas 8-11) e como um adulto deve sofrer outra morte (cartas 12-15) e renascimento (cartas 16-20). (Portanto, a criança amadurece pela Fortitude, Vitória e Experiência, ele ou ela são tentados pelo Sacrifício, Morte, Tentação e Destruição; e é renascido pela Esperança, Instinto, Iluminação, Julgamento e Equilíbrio para obter Unidade).
         Temperança mistura o vinho com água, de um ano a outro. A sublimação das energias parentais para produzir uma criança (cartas 1-6) é reverso, com a consequência do re-surgimento da libido na criança. Essa energia se manifesta de diversas formas (cartas 8-11), onde deve aprender a controlar e direcionar (cartas 12-20).
           As 4 virtudes cardinais na Grécia e Roma são Temperança, Fortitude, Justiça e Prudência. Temperança significa moderação e auto-controle. Para Jung representa a integração do Self. 
            O conceito da carta está na junção dos opostos para alcançar um estado de harmonia, a mistura adequada, a solução, que nos liberta para enxergar o caminho certo. Na ação é encontrar o caminho do meio, escolhendo a ação certa (que pode ser a inação). É mistura dos quatro humores (Fogo colérico, água melancólica, Ar sanguíneo e Terra biliosa).
               A criança inicia um processo de purificação espiritual, a partir da decantação do vinho e água. Temperança é a regulação e ajustamento. A criança mistura o vinho e a água. A criança se torna o alquimista que sabe como misturar fogo e água para criar a quintessência. A criança é Sophia, Sabedoria Divina (Sophrosune). Combina sentimento com razão. 
               Ar é necessário para reconciliar os dois opostos, fogo e água. Pois combinam dois atributos dos dois elementos, quente e molhado. Temperança também uma combinação de fluídos masculinos e femininos. Correspondendo a fisiologia ayurveda, sendo os elementos vermelhos (sangue, carne, etc.) da mãe e elementos brancos (osso, cérebro, etc.) do pai. Quando o néctar resultante dessa mistura é reabsorvido, une o vento espiritual no canal central para gerar o Vento Sábio, que nos livra do pensamento dualístico.
             Temperança também une os opostos em pé com seu pé direito no rio e seu pé esquerdo na terra. Sua mente consciente está ocupada com o mundo arquetípico (pé direito no Rio Styx), sua mente inconsciente está aterrada na realidade física. O rio também aparece na carta 17.Lua. Tal carta está intimamente relacionada com 7. Temperança. O rio está relacionado a esfera de Yesod, onde representa a alma vital.  
            A Temperança mescla a natureza dos sete metais e as características dos 7 planetas. O Hexagrama com a joia central e o triangulo dentro do quadrado representa o sete (Número da Temperança.
                 Os vasos de ouro e prata representam várias polaridades: Sol e a Lua, consciente e inconsciente, espírito e alma, mente e corpo, masculino e feminino. O vaso de baixo, de prata é a Patera, ritualístico raso e plano, representa o útero alquímico, representa o Caldeirão da Regeneração. Enquanto que o vaso do alto, de ouro é o Oinokhoe, jarro estreito e grande de vinho, é um símbolo fálico e fertiliza o útero. O vaso dourado (masculino, solar) na mão direita (consciente) derrama (feminino lunar) água, portanto abaixo, o vaso prateado (feminino, lunar) na mão esquerda (inconsciente) segura o (Masculino solar) vinho.
                       Então o útero de prata do inconsciente transborda com sentimento e com conteúdo espiritual fogoso enquanto que o jarro courado da mente consciente derrama no vaso inferior o fluxo claro da razão e sabedoria. A mistura se dá no vaso inferior, no inconsciente, está além da compreensão. Temperança é geralmente visto como andrógino, especificamente feminino.
                             Temperança se refere a arte de misturar e balancear os opostos, que é uma operação alquímica. Os opostos são simbolizados pelo leão e a águia. A águia branca é um símbolo da água. Porém ela decora o jarro dourado, segurado pela mão direita. A águia branca se torna vermelha (vista na carta 3.Imperador). O leão vermelho é símbolo do fogo, decora o prato de prata segurado na mão esquerda. O leão vermelho se torna branco. Seu estado anterior é refletido no vinho vermelho (visto na carta 2.Imperatriz).
                  A mistura alcançada pela Temperança cria o leão verde que acompanha 2. Imperatriz e a águia vermelha que acompanha 3. Imperador. Portanto, o glúten da águia é o enxofre branco, associado a 4.Alta Sacerdotisa, e o sangue é o enxofre vermelho, associado a 5.Alto Sacerdote. Temperança mistura os dois enxofres no Ovo Filosófico cinza, que mescla o negro e branco, e é por sua vez a criança nascida do Ovo órfico prateado, o pneumatos, a "harmonia do espírito intermediário", a quintessência (vide 6.Amor).
                    Hudor Theion em grego, significa tanto enxofre-água como água sagrada. Quando incubado no Ovo Filosofal essa mistura engendra a Pedra Filosofal, a perfeita unificação do mercúrio, enxofre e sal alquímico (espírito, alma e corpo). O mercúrio é princípio fluídico (associado com a água) o enxofre é o princípio fogoso (associado com o vinho), e o sal é o princípio material. Tais três princípios estão ligados também com os planetas: 1. Saturno = sal = corpo, 3 = Marte = enxofre = anima (alma), 6 = mercúrio = Spiritus (Espírito).  
                            Temperança é a Senhora das Copas, correspondendo com o Senhor das Copas do 6. Amor. Está ligada com portadoras de copas, como Hebe e Iris. Hebe é filha de Zeus e Hera (2.Imperatriz e 3.Imperador), a criança divina de pais cósmicos, seu nome significa juventude e o vigor juvenil. Ela é a portadora das copas dos Deuses. Íris é o contraponto feminino de Hermes. Está relacionada a Hera, como Zeus é a Hermes (2.Imperatriz e 3.Imperador). Guia para o Submundo, ela vai até lá para preencher sua taça dourada nas águas do rio Styx. Tambpem serve aos deuses néctar e ambrósia.
                           Temperança, como mensageira dos deuses, é a mediadora entre o céu e a terra, trás consciência para o conteúdo subconsciente (simbolizado pelos vasos e seus conteúdos). Sua decantação é o dialogo interno, a mediação que harmoniza a psique.
                              O Arco-Íris é a manifestação visível que Íris trás uma mensagem para a Terra. Símbolo universal da Ponte Celestial. Suas 7 cores simbolizam os 7 Céus. É o símbolo da criança renascida. Representa a paz depois da tempestade que destrói estruturas e padrões antigos. É o Coagula alquímico seguido do Solve. Representa também a mistura dos opostos representado pela Temperança.
                                 Na carta 6.Amor aparece um dardo prateado de forma descendente. É o Solve alquímico, trás a dissolução dos pais, reduzindo-os na prima materia. (O fluxo descendente da Água). Na carta 7. Temperança o dardo dourado aparece de forma ascendente. É o Coagula alquímico, que trás a nova fixação do espírito (O salto ascendente do Fogo). O dardo descendente (Eros) representa o desejo de unificar as polaridades. O dardo ascendente representa a vontade direcionada e o ardente zelo que alcança o desejo de integração.
 
 
 
Comentário:
      Essa carta teve um importante marco no processo do estudo das cartas. Quando entrei em contato com ela, revelou um mundo de novas possibilidades. Ao meu ver ela simboliza a possibilidade do novo, abre portas para um novo horizonte no futuro. E isso só é possível através da integração. 
       As cartas anteriores revelam as polaridades. Cada carta foca num pólo específico, sendo ele masculino ou feminino. A partir do 6.Amor esses polos se unem, para dar resultado então a 7. Temperança. Porém, essa carta não seria uma síntese apenas, a muito o que aprender com as outras cartas. Essa carta seria o princípio de uma nova caminhada.
          Acredito que o momento fazia muito sentido essa carta. Sentia um constante conflito interno. Nela vi que havia a possibilidade de intregar as partes conflitantes, podia me sentir mais inteiro. Isso coincidiu com um video do Alan Watts, onde ele fala do Yin e Yang. Tendemos sempre a olhar a realidade dentro de um único prisma, deixando o outro aspecto de lado. Porém, esse outro aspecto sempre está presente. Quando nos damos conta desse aspecto escondido podemos então ver a realidade com ela é, como um única coisa integrada. Isso gerou uma felicidade muito grande. Pois, podia entender que tudo que eu ignorava teria que ser assimilado por mim para que eu pudesse ser uma totalidade de verdade. Sei ao mesmo tempo das minhas limitações, que esse resultado almejado nunca é totalmente alcançado. 
             Lembro que Ego e Inconsciente sempre estão em conflito e nunca dialogam totalmente. O ego por um lado busca ter controle sobre a realidade, busca se individualizar, enquanto o inconsciente puxa o ser para o todo. O ego é a clareza das ideias, enquanto o inconsciente é o mundo obscuro da subjetividade. Portanto, há sempre uma justaposição dessas forças, onde em tempos em tempos integramos novas realidades da psique para nossa experiência de mundo. 

               

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Diário #54

                         Acabei de escrever um texto com inspiração na escrita gestáltica de Perls, pensei que talvez poderia usar ele como se fosse um diário, acho que não vou ter paciência de escrever outra coisa:

                Sinto uma sensação de intensidade. Nesse mês como um todo. Me percebo numa postura implosiva. Muitos pensamentos, muitos insights. A todo momento vem algo na minha cabeça, alguma percepção sobre alguma coisa. Gostaria de estar mais em paz. Em oposição a isso existe a ansiedade, o medo, a raiva. Tudo junto e misturado.

                   Não sei para onde vai a minha mente agora. Não sei para onde vou seguir. Sinto um certo calor nesse momento. Escuto o som do ventilador. Coço a perna. Talvez agora não me sinta tão tenso. Respiro. Penso como continuar esse texto. Gostaria de escrever mais coisas sobre esses sentimentos. Sobre essa explosão de percepções. Mas agora parece que não vem nada.

              Talvez exista uma necessidade de controle por minha parte, como se eu quisesse que algo acontecesse. Quero ser produtivo. Quero gerar algo. Mas não sei ao certo o que. Tenho a ideia de que posso me abrir para o que vier. Mas ao mesmo tempo existe esse controle, esse desejo de alcançar algo.

                 Paro mais uma vez. Não sei de novo o que fazer com esse momento. Sinto calor novamente. Escuto novamente o som do ventilador. Não há nada. Um vazio. De sentido… Deveria continuar com o texto? Deveria parar e fazer outra coisa? Não sei, não sei qual a utilidade disso tudo, ao mesmo tempo que sei.

                 Quero persistir. Há mais algo a ser elaborado. Mexo a cabeça para os lados. Vazio outra vez. Não gosto de sentir esse calor. Gostaria de estar em um clima mais agradável. Tudo se tornou uma sensação claustrofóbica. Eu sei que não consigo fugir disso, talvez consiga, porém por um breve momento. Agora talvez encontre outra estratégia para lidar com essa realidade. Outra maneira de responder às questões da vida.

                  Tenho ansiedade de algo. Não sei ainda de que. Existe algo no futuro? Ou no passado? Existe algo que eu almejo? Que eu desejo tanto? Agora sobrou nada, não existe nada, não existe nenhuma trilha para a felicidade, tudo está escuro. Gostaria iluminar esse caminho, porém não, aceito o caminho como se está se dando. Deixo as coisas como estão, não desejo mais. Simplesmente vivo.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Diário #53

                         Feriado. Terça. Em teoria um feriado, para mim não mudou muita coisa. Apesar de não ter tido terapia a tarde e não ter os grupos de estudos que estavam programados para hoje. E também pelo fato das ruas estarem praticamente desertas. 

                         Comecei o dia como usual, estudando. Percebo que as coisas tem uma sincronicidade tremenda. Parece que esse tópico de hoje foi complementar as reflexões que fiz ontem. Em relação a clínica. Ainda me sinto hiper-estimulado. Com muita energia no corpo. Uma energia que não consigo apaziguar, nem botar para fora. Ela sempre está circulando, de forma intensa.

                             Percebo que consegui chegar a uma compreensão muito nítida de quais são as minhas ideias e o que eu defendo. Não é que eu esteja completamente certo de tudo, sabendo de tudo, compreendo tudo. Mas a sensação é quase como fosse isso. Quase como se eu tivesse o entendimento de toda a verdade. Porém, eu sempre tenho momentos assim. Eu percebo que existem ciclos e esse é um deles.

                           Ao caminho para Jaqueira e acredito que também na volta, refleti sobre esse momento ser um encerramento de um ciclo, e por ser um encerramento tem uma relação com a morte. Morte aqui sendo um símbolo de algo denso e pesado. A sensação é como se toda energia carregada do ano se acumulasse nesse período. Eu acredito que não há muito o que se fazer diante disso, só aceitar. Essa aceitação foi outra temática que ocupou minha mente na volta para casa.

                             Pensei que deveria aceitar a vida como ela é agora. Mesmo com uma aparência carregada, tensa. Eu espero poder ser receptivo para o que vem, sem julgamentos. Não buscar forçar nada, só aceitar. Aceitar as possibilidades e impossibilidades. Deixar que as coisas fluem, sem controle ou prejuízo.

domingo, 13 de novembro de 2022

Diário #52 - Resumo de Sábado e Domingo

                 * Sábado (12/11):

                  O dia começou com o Webnário sobre Famílias. Consegui chegar a tempo. Tinha uma certa expectativa com esse Webnário, pois seria uma chance de dar um passo a frente em minha profissão, ampliar os horizontes, etc. Pensei que trabalhar com famílias seria também uma possibilidade de trabalhar com grupos, tendo uma visão mais ampla onde a clínica individual não consegue chegar. Porém, não consegui me concentrar durante o dia inteiro. 

                    Pela manhã acredito que me concentrei melhor, porém estava bastante agitado. Minha cabeça não parava, fazendo inúmeras associações com outras coisas. Não conseguia relaxar para focar no que estava sendo dito. Na tarde foi pior ainda, não conseguia me concentrar nem um pouco. Foi torturador. O tempo todo pensava sobre a viagem para Gravatá, não conseguia tirar isso da cabeça. Com o passar do tempo fiquei ansioso por outra coisa também: iria sair com Letícia a noite. A mensagem dela dizendo que iria sair do trabalho às 21:00 me tranquilizou um pouco. 

                    Não consegui ficar até o final do Webnário. Me questionei até se eu iria fazer o curso de Família. Não foi algo agradável pensar nisso. Porém tentei deixar para lá e depois pensar melhor sobre isso. Depois usei o tempo que eu tinha até sair de casa para ouvir música. Pensei primeiro em escutar Jazz. pensava sobre talvez ouvir aquele album que tinha escutado do Gary Mulligan. Mas no caminho acabei escolhendo ouvir The Birth of Cool do Miles Davis. Bem, em conclusão eu não fiquei tão entusiasmado quanto gostaria. Mas aí decidi ouvir o album do Fred Frith, Gravity. Acredito que essa vez foi mais interessante. 

                      Demorou para eu sair de casa. Acredito que saí por volta das 21:30. Nos encontramos no Loa, nas Graças. Quando ela apareceu foi bastante diferente do que eu pensava que seria. Ela não parecia que tinha se importado muito em me ver, então não se "ajeitou" bastante. Começamos a conversar. Ela realmente tem uma energia cativante. A conversa foi bastante tranquila. Na hora pensava que aquilo fazia muito sentido, que as nossas personalidades se combinavam de alguma forma, pela energia da conversa. Mais tarde aconteceu algo um pouco pesado. Um pedinte entrou no bar. O segurança levou ele para fora e começaram a discutir. Isso escalou para uma briga física. Não foi uma cena muito bonita. Com isso ela me deu a ideia de ir a outro lugar. Fomos então para o La Ursa.

                          Quando chegamos no lugar estava praticamente vazio. Havia apenas uma mesa grande cheio de pessoas que parecia ser um aniversário de alguém. Demoramos para escolher um lugar para sentar. Depois de um tempo escolhemos sentar num lugar ao lado a mesa grande, só que num espaço mais alto. O lugar estava quente, com uma música muito ruim. Pedi um drink e um taco vegetariano. Continuamos a conversa. Até decidir sair de lá porque estava incomodada pelo ambiente. Foi uma cena um pouco constrangedora, mas eu não me importei tanto quanto me importaria. Quando terminei de beber fui até ela. Ela deu a ideia de ir outro lugar, porém não havia outro lugar para ir, então ela decidiu ir embora, sem ter me falado inclusive. Fiquei mal com isso, porém não queria deixar isso me consumir.

             *  Domingo (13/11)

              Acordei um pouco mais tarde, não muito. Logo pela manhã pensei o que eu iria fazer durante o dia. Estava na dúvida assistia algo. No final decidi ir para a lage fazer algumas colagens. Pensei que poderia fazer algo sem muita pretensão. Reuni algumas caixas com coisas que tenho coletado e levei lá para cima. Acho que foi um bom exercício de criatividade. Também refleti muito sobre algumas coisas. Sobre posturas políticas e como isso tem a ver com a arte e com outros assuntos. Pensei sobre como a experiência deveria ser a base da política, a experiência de cada indivíduo diante do ambiente coletivo em que vive.

               Depois do almoço terminei de ler o livro de Chomsky, O Governo do Futuro. Isso me inspirou mais ainda. Penso que esses autores, tanto Price quanto Chomsky buscam ler de tudo. Todo pensador político, independente de que lugar ocupa nas ideologias políticas, tem valor de ser lido. Ou seja, informação nunca é desnecessário. Depois fui assistir um filme de Agnès Varda, Catadores e eu. O tema do filme parecia fazer muito sentido em relação ao que eu estava refletindo mais cedo. Ainda vi uma ligação com as colagens que estava fazendo pela manhã. No fundo, buscar coisas que foram jogadas fora pela rua, é ser um catador. 

                Depois do filme decidi meditar um pouco. Parei 5 minutos para meditar. Depois disso parei para refletir um pouco mais. Pensava como a vida ás vezes parece vazia. O sentido parece que se esvai. Busquei entrar em contato com isso. Entrar em contato com a vida em sua forma mais nua. Não foi algo fácil. Aceitei a minha condição. Sou um ser faltoso, eu sofro, eu desejo, eu me apego. Percebo a minha finitude. Não sei se da maneira mais nítida possível. Mas acredito que quando entendemos que realmente somos estamos nos confrontando com a nossa própria finitude. 

                  Eu não sei se fico alegre ou triste por esse pensamento. Não sei ao certo se aceito essa perspectiva em partes, não no todo. Só sei que não quero fugir de mim mesmo e de meu sofrimento. Não quero mascarar a realidade. Não quero me refugiar na superficialidade do mundo. Eu quero aceitar, me aceitar.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Diário #51

                         Hoje foi um dia de muitos insights. Minha cabeça não parou. Parecia uma montanha russa. Pela manhã tentava terminar de escrever o post sobre a carta da Temperança. Ocupei a manhã e a tarde para escrever isso e ainda não consegui dar conta de tudo. Tentarei nesse fim de semana que vem. Algumas coisas na carta ressoam no que estou vivenciando agora e mal consigo compreender a totalidade disso. A carta tem uma relação direta com o que tinha pensado ontem. A relação entre Yin e Yang tem uma relação direta com essa carta.

                               Um pouco depois vi um video do Joe Rogan. Esse video me fez refletir mais. Fiz algumas relações com o que pensei ontem. Também pensei que esse video tem uma relação muito íntima com a Jornada do Herói. Pensei também um pouco sobre o que tinha lido ontem em um conto sobre a Santa Cecília. Refleti que eu não precisava me limitar ao pensamento budista. Na verdade não preciso me limitar a nada em especial. Acho que esse pensamento me levou a outros, gerando um redemoinho de percepções e reflexões.

                               Fui de novo para a Jaqueira pela tarde. Busquei não focar tanto nos pensamentos, mas nas percepções do agora. Me sentia tenso, mas buscava entrar em contato com isso. De certa forma consegui me concentrar no que estava acontecendo naquele momento, mas não passava a sensação de estar tenso e também uma sensação que havia uma borbulha internamente. Quando cheguei no parque decidi, como sempre, ouvir um podcast. Acredito que ouvir o podcast desviou um pouco a atenção. Quando estava voltando para casa ainda sentia essa confusão interna, porém não tentei alterar nada, busquei deixar isso acontecer. Porém sempre quando estou voltando para casa me sinto mais tranquilo. Como se algo estivesse sido integrado e eu ficasse menos tenso.

                               Refletia sobre algumas coisas em minha vida. Sobre produção artística, sobre minha ideia de criar uma página no instagram, etc. Pensei também sobre a cultura do DIY e como isso poderia ter alguma relação com a Gestalt-Terapia. Não é uma ideia exatamente nova, já pensei nisso antes. Porém, agora eu vejo isso com mais naturalidade. Hoje penso que forma e conteúdo são interdependentes. Querer inovar na forma não quer dizer que isso é algo totalmente revolucionário. Talvez o conteúdo tenha o mesmo valor que a forma. Eles andam casados.

                                  Exemplo esse "blog". Não tenho uma direção específica para ele. Ele não faz parte de um formato tradicional e ainda nem é um formato bastante popular. Mas escrevo nele também sem um intento de ser algo revolucionário, modificando as estruturas de como escrever um blog ou algo assim. Acho interessante ele simplesmente ser o que é e servir para o que eu acho que ele deve servir.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Diário #50

                  Hoje voltei a ler o livro do GTD. Acredito que fiz alguns avanços. Consegui fazer o procedimento de esvaziar a caixa de entrada. Apesar que eu não consegui fazer toda. Mas senti que consegui fazer um importante progresso.

                          Hoje não atendi ninguém, nem tive nenhum compromisso em especial. Me senti aliviado por ter a noite livre. Mal saberia que teria supervisão. Eu inventei alguma desculpa para não ir, mesmo sabendo que eu preciso muito de uma supervisão (talvez não dessa).

                           Pela manhã refleti um pouco sobre questões políticas. Talvez inspirado por uma conversa que tive com Leandro. Consegui de certa forma encontrar um síntese das coisas que venho refletindo e estudando. Percebi uma ponte entre pensamentos aparentemente contraditórios. Pela tarde fui a Jaqueira. Antes de ir para o parque, tinha visto um video do Allan Watts que foi extremamente esclarecedor. Ele falou sobre o Yin e o Yang. Duas pólos que são interdependentes. Não tinha pensado como se tudo que nos relacionamos no mundo tem uma natureza dualista. Isso para mim foi de grande importância, pois de repente toda as contradições, toda busca que eu venho tendo, no final é infrutífera.

                            Tento deixar isso mais claro. Lembro de uma conversa com Guilherme. Ele falou para mim que o estado de Samadhi  e o da Nirvana, coexistem. Na realidade vivenciamos sempre eles continuamente. Não é que nesse momento estou vivenciando o Samadhi e depois Nirvana. O fato é que na presente existência pertencemos aos dois estados. Fazendo analogia disso com o que Allan Watts falou me fez compreender as minhas lutas, meus questionamentos, etc.

                            Fui para a Jaqueira e voltei da Jaqueira pensando nisso. Não conseguia me afastar dessa ideia. Consegui compreender também um pouco melhor minha ansiedade. Minhas inseguranças, etc. Sempre sinto que estou numa sensação de desconforto, de não estar a vontade com a vida como é. Como se existisse sempre uma urgência de algo. E acredito que sempre busco o prazer para não estar nesse estado de desconforto. Tento o tempo todo rememorar os momentos que me sentia bem, os momentos que sentia prazer de verdade. O problema é quando não sinto esse prazer, quando me sinto ansioso, tenso, etc. Agora penso se esse conflito todo é minha incapacidade de estar nesses dois estados, como se eu não podusse enxergar caos e ordem como fazendo parte da mesma coisa. Ainda me vejo diferente do outro, como se o outro fosse diferente de mim (isso foi uma das coisas que Guilherme falou).

                              Daí a partir disso tudo, fiz uma relação com o pensamento da Gestalt-Terapia. Como seria um pensamento gestáltico. Daí compreendi que as coisas que geralmente reflito sobre a abordagem engendram um campo muito mais amplo do que eu anteriormente estava conseguindo prever. E vejo que não conseguiria resumir muito bem todo esse pensamento. Porque além de ser um pensamento acredito que está ligado a uma maneira de ser e existir. De alguma forma ou de outra encontro nessa filosofia uma perspectiva de vida, de como vivenciar as coisas no mundo. Da mesma forma que o Budismo e as Filosofias Orientais.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Diário #49

                      Podia ter escrito sobre o dia de ontem. Não sei se vai acontecer de escrever em outro momento. Bem, irei fazer um breve resumo de ontem. Pela manhã fui ao CEBB, acho que foi um momento muito bom de tranquilização. De tarde comecei a assistir um filme antigo com minha mãe. Porém, não demorou 30 minutos e Leandro chegou em casa. Ficamos a tarde toda aprendendo um jogo de tabuleiro que tinha ganhado de Guilherme, o Isle of Skye. Demorou um pouco para entender como o jogo funciona. Mas com o tempo entendemos o jogo. Eu acabei gostando mais do jogo do que eu  estava esperando.

                             Voltando para o dia de hoje. Comecei a ler o ebook do GTD que tinha comprado recentemente. Decidi usar 3 cadernos, substituindo o aplicativo do Trello. Talvez eu consiga me concentrar mais com letra escrita a mão do que no virtual. Vou deixar a lista dos Projetos no Notion. A parte do livro que li pede para fazer uma Varredura Mental, ou seja, colocar tudo que vier a mente no papel. Quis fazer isso de novo, sentia que precisava descarregar muita coisa e começar do zero. 

                                 Me fez bem fazer isso. Eu acredito que será a forma de tirar minhas angústias e me tornar mais seguro em relação a minha vida e meu futuro. Refleti um pouco mais cedo também sobre como está minha situação emocional agora. Parece que a ansiedade que estava sentindo virou preocupação. Não estou tanto ansiando pelo amanhã, mas preocupado com minha imagem, em relação a quem eu sou e o que estou fazendo com minha vida.

                                 No final da tarde me arrumei para ir na academia, porém demorou muito para encontrar um motorista e teve dois cancelamentos. Então desisti e deixei para ir outro dia. Agora mesmo estava numa conversa com minha mãe sobre a possibilidade de sublocar uma sala para atendimento. Estávamos pensando sobre os valores todos. Me senti um pouco preocupado em relação a isso também.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Diário #48

                            Fim de semana, finalmente. Não fui para Horizonte hoje. Uma cliente desmarcou e o outro só seria atendimento remoto. Achei que seria melhor para polpar minha energia e meu bolso. Tentei focar no artigo pela manhã, mas não saiu muita coisa. Deixei para ver mais pela tarde, mas preferi deixar para quinta. 

                            A tarde atendi o cliente das 15:00. O começo da sessão estava extremamente desconcentrado. Depois da sessão não quis fazer mais nada, fiquei na rede olhando para o celular. Por volta das 17:00 escutei um pouco de música. Fiquei um pouco na dúvida do que escutar, acabei escutando Frank Zappa. 

                                     Percebi que não estava ansioso como das outras vezes. Conseguia me entregar para a experiência. Não questionava sobre nada, só me permitia fluir com a música. Apenas fiquei receptivo. Algo que não conseguiria fazer naturalmente. Aparentemente preciso de um remédio para fazer isso para mim. Depois refleti um pouco sobre tudo isso. Acredito que só fiz abrir um porão de coisas escondidas, que só fez com eu me sentisse mal por seu aspecto. O vazio da vida, a solidão, etc. São coisas que vivencio nesse momento, mas não parecem ser coisas que eu deveria me importar. Pelo menos com esse remédio que estou tomando está tirando esse sentimento de desespero diante do vácuo da vida. É como se eu pudesse aceitar as coisas como elas são. 

                                     Essa impressão me dá um certo temor. Gostaria de perceber isso através do meu próprio merito. Entendo que só ter uma ideia não adianta de nada, importa é como você se sente em relação a algo. Os meus sentimentos podem ter me dado coisas muito boas, porém me trouxe muito sofrimento, e um sofrimento que não sabia como apagar, e ainda me sentia culpado por não ter como lidar com essas questões.

Diário #47

                    Dia de Finados. Feriado. Não fez muita diferença para mim de verdade. Pela manhã li um pouco do ebook que baixei do GTD. Espero que agora consiga deslanchar a minha organização. Depois disso li um texto num site sobre Medievalismo. Isso me acendeu algo, pensei que naquele momento o mais interessante que tinha era ler esse texto. Podia ter lido algo mais útil, mas aquele texto parecia mais interessante que qualquer texto de política. Escutei um pouco de música antes do almoço.

                   Naquele momento refleti um pouco sobre o como ás vezes tenho vontade de ler coisas que não tem a ver com a situação do país ou algo assim, gostaria de me relacionar com coisas que parecem fazer mais sentido para mim, que atiçam minha imaginação. Penso um pouco sobre esse momento até quando eu vou andar na Jaqueira. Pensei sobre como eu me sentia estranhamente leve. Tudo parecia muito simples. Como se eu conseguisse enfrentar a minha solidão de frente e encontrar as coisas que me trazem prazer. Sem peso, sem tensão.

                  Fiquei me questionando sobre isso. Será que foi o novo remédio que estou tomando? Me questionei sobre isso. Por que eu não consigo proporcionar isso a mim mesmo? Será que agora de fato conseguirei me sentir tranquilo?

                      Fui a Jaqueira, e voltei com mais questões. Me perguntava o tempo todo se de fato estou certo de quem eu sou e dos meus valores. Como se todo mundo a minha volta soubesse a verdade sobre o mundo e eu não. Como se eu estivesse muito aquém do mundo. É difícil lutar contra esses pensamentos. A coisa que me gera algum tipo de suporte é vivenciar o agora, ao invés de me preocupar com questões que não se fazem presentes.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Diário #46

                 Volto aqui para registrar mais alguns pensamentos. Domingo foi de festa. Finalmente vencemos o fascismo. Pelo menos parte dele. Mas foi suficiente para me sentir aliviado. Não sinto agora exatamente como se não precise mais preocupar com nada, na realidade deveria me preocupar ainda mais. Percebo que o fascismo só tenderá a crescer, independentemente do que se faça. Temo muito pelo futuro.

                    Hoje não fui ao Communitas novamente. O computador estava bastante lento, demorou quase uma hora para poder entrar no grupo. Daí já não achava oportuno chegar 1 hora atrasado. Aproveitei para ler o artigo do grupo de estudos da noite, também li um pouco do livro sobre Paul Goodman. 

                    Pela tarde não tive terapia, então fui mais cedo para a Jaqueira. Até lá fiquei pensando sobre as coisas que estão rondando a minha vida. Eu sinto como se tivesse num lodo de lama que não consigo sair. Certos pensamentos não saem da minha cabeça, talvez porque eles se correspondem com a realidade. Me vieram dois pensamentos em relação a isso: ou aceito essas coisas como são ou tento buscar me ancorar mais no presente, talvez a solução seja os dois.

                    Comecei a escutar um podcast quando estava na Jaqueira. Escutava Boulos e Férrez. A todo momento sinto uma certa tensão, como se algo perigoso pairasse no ar. Mesmo Lula vencendo, há sempre um perigo de algo muito sério acontecer. Não sei ao certo que resposta darei a esses problemas, mas busco estar sempre atento e me informar o máximo possível. 

                      Há muitas coisas em minha cabeça nesse fim de ano. Acredito que devo ter paciência, percebo que há uma tensão quando se termina o ano, talvez uma ansiedade para saber o que vai vim depois. Sei que esses dois meses terão algum significado, mesmo que subjetivo

Reflexões sobre "Cuidando do Cuidador"

      Esse fim-de-semana houve um evento do meu curso chamado "Cuidando do Cuidador". Fiquei um pouco reticente sobre isso, eu ter...